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A Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), da Petrobras (PETR4), localizada em Canoas, na Grande Porto Alegre (RS), é responsável por 11% da capacidade total de refino da companhia no país. Canoas está entre as cidades mais atingidas pelas chuvas que assolam o Rio Grande do Sul, desde o começo de maio.
De acordo com o Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul (Sindipetro-RS), a unidade está operando com a capacidade mínima, que é de cerca de 60% da carga nominal.
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Atendimento a outros estados
“Menos do que isso tem que parar a unidade”, afirma Miriam Ribeiro Cabreira, presidente do Sindipetro-RS. Ela explica que a produção da refinaria atende todo o Rio Grande do Sul, além do oeste de Santa Catarina e o oeste do Paraná.
“Ela está com a capacidade diminuída, mas em função da demanda. Nos primeiros dias estava tendo dificuldade do escoamento de produtos, do gás de cozinha e dos combustíveis líquidos – diesel, gasolina, óleo combustível. Com essa dificuldade de escoar os produtos, a empresa teve que reduzir a carga para não ter problemas”, diz Cabreira.
Em nota ao InfoMoney, a Petrobras afirmou que não procede a informação que a Refap esteja operando com capacidade mínima de 60% de sua carga nominal.
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“A Refap está operando com cargas um pouco abaixo do planejado, com fator de utilização (FUT) equivalente a 82% de sua capacidade e carga nominal de 26.000 m³/d. As saídas de GLP estão estáveis nos últimos dias, em torno de 1.700 toneladas por dia. A Refap segue operando e atendendo a todas as demandas de saída de produtos”, informou.
De acordo com relatório da BTG sobre impactos da tragédia climática no RS, estima-se que o complexo está atualmente refinando 20 mil m³/dia da capacidade nominal de 28 mil m³/dia – o que representaria um pouco acima do cálculo da entidade dos petroleiros.
Distribuidoras de combustíveis seguem operação
Da Refap, combustíveis são transferidos por dutos às distribuidoras Vibra (VBBR3), Ipiranga (UGPA3) e Raízen (RAIZ4). A Vibra, que faz distribuição de combustível produzido na Refap para SC e PR, o seu terminal de armazenamento de combustível em Canoas, de acordo com o Sindipetro, chegou a sofrer alagamento, assim como o da Ipiranga, mas não teve interrupção de fornecimento da Petrobras às distribuidoras.
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Segundo ainda o relatório da BTG Pactual, a Ultrapar, dona da Ipiranga, tem a maior exposição ao RS, com cerca de 8% dos volumes provenientes do Estado, em comparação com 6% para Vibra e Raízen.
“Como o rodoviário está muito comprometido no Rio Grande do Sul, a gente vê dificuldade de abastecer o resto do Estado, mas as distribuidoras também foram afetadas pela redução de trabalhadores atingidos pelas chuvas”, afirma Cabreira.

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Postos inoperantes
Já o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do estado do RS (Sulpetro) informou que a revenda de combustível na região foi bastante atingida. Em um levantamento preliminar, se constatou que há mais de 80 postos embandeirados inoperantes no Estado.
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O Sulpetro calcula que um total aproximado de 150 revendas, incluindo as independentes, devem estar com as operações paralisadas. A entidade acrescenta que este número deverá ser revisto, já que, em muitas localidades, as águas ainda não cederam. No total, há mais de 2 mil revendas no RS.
“A Refap está operando em regime de contingência, fazendo o mínimo para manter a continuidade operacional”, ressalta Miriam Ribeiro Cabreira, que complementa que muitos trabalhadores do setor tiveram casas alagadas e só agora estão conseguindo retornar ao trabalho.
Dependente da demanda
O único problema de escoamento de produção da Refap ocorreu com o GLP (gás de cozinha) porque o terminal da principal distribuidora de botijão, a Copagaz, ficou alagado e não conseguiu manter a operação – hoje, já está retomada.
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“A gente está muito em função da demanda. A carga depende mais da demanda”, avalia a presidente do Sindipetro sobre a retomada a níveis normais da produção do refino de petróleo.
“O que não se está fazendo na Refap é a manutenção de rotina. Isso depois vai ser um gargalo que pode afetar no futuro. Algumas manutenções que estavam previstas no nosso roteiro de manutenções, elas estão contingenciadas e estão sendo feitas somente as manutenções para a continuidade operacional”, alerta Cabreira.
Sem projeções
O Sidipetro evita fazer projeções de normalização da distribuição de combustíveis e da demanda devido aos extensivos problemas na região, mas coloca pelo menos um mês para certa normalização dos acessos logísticos.
A usina termelétrica da Petrobras em Canoas continua operando para abastecer a Refap por conta do corte de energia da rede. A entrega do petróleo para refino na Refap segue também sendo feita normalmente.
O petróleo chega por Tramandaí e navios petroleiros utilizam estruturas flutuantes próximas da costa para descarregamento do produto, que segue por dutos até a área de tancagem da Petrobras em Osório, para depois seguir, também por dutos, à Refap.