China toma medidas para proteger Evergrande, mas não salvá-la

Não é um bom sinal para credores de títulos, que estão à espera de algum tipo de resgate do governo chinês

Bloomberg

(Shutterstock)

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(Bloomberg) – Com a China Evergrande Group cada vez mais perto de uma reestruturação, o governo de Pequim intensifica esforços para limitar o impacto, sinalizando que está disposto a apoiar incorporadoras com as contas em ordem, proprietários de imóveis e o mercado imobiliário às custas de credores de títulos globais.

Na semana passada, reguladores financeiros pediram que grandes bancos do país flexibilizem o crédito para compradores de imóveis e apoiem o setor imobiliário. Autoridades chinesas também compraram parte da participação da Evergrande em um banco em dificuldades para limitar o contágio.

Enquanto isso, o banco central injetou 790 bilhões de yuans (US$ 123 bilhões) no sistema financeiro em 10 dias para aumentar a liquidez.

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As medidas destacam que a China fará tudo o que puder para proteger e isolar a Evergrande, mas mostra pouco interesse em um resgate direto da incorporadora que há semanas agita os mercados globais. Não é um bom sinal para credores de títulos – tanto na China continental quanto no exterior – à espera de algum tipo de resgate do governo chinês.

“A primeira obrigação é garantir que os proprietários que compraram esses imóveis os recebam e que sejam compensados”, disse Bruce Richards, CEO da Marathon Asset Management, que começou a comprar dívida da Evergrande na semana passada. “No final da hierarquia estão os detentores de títulos offshore.”

Para a China, o risco de contágio supera em muito qualquer possível dano de um colapso isolado da Evergrande que, embora seja uma das maiores incorporadoras da China, responde por apenas 4% das vendas no país.

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Uma corrida às empresas imobiliárias na sequência de um colapso da Evergrande ameaça desestabilizar um setor que responde por 29% da economia da China, segundo nova pesquisa de Ken Rogoff, economista da Universidade Harvard.

Ações de incorporadoras como Sunac China e Guangzhou R&F Properties despencaram, enquanto os rendimentos de seus títulos dispararam. Cerca de 12 empresas imobiliárias divulgaram o não pagamento de títulos no primeiro semestre, totalizando 19 bilhões de yuans, segundo a Moody’s Investors Service.

As negociações com as ações da Evergrande e de sua unidade de serviços imobiliários foram suspensas na Bolsa de Valores de Hong Kong, à espera do anúncio de uma “grande transação”, segundo comunicado regulatório da incorporadora na segunda-feira.

A Hopson Development planeja adquirir uma participação de 51% na unidade de serviços imobiliários da Evergrande, de acordo com a plataforma chinesa de notícias financeiras Cailian, que citou pessoas não identificadas.

A China também pode enfrentar uma reação dos 1,6 milhão de compradores de imóveis que depositaram entradas para apartamentos ainda não construídos pela Evergrande.

Concluir esses projetos ajudaria a evitar o tipo de tumulto provocado no mês passado por investidores de varejo que exigiam o pagamento de cerca de 40 bilhões de yuans em produtos de investimento de alto rendimento da Evergrande.

“Um default desordenado da Evergrande é improvável devido ao amplo risco que isso representa para uma grande parte da população chinesa”, disse Alejandra Grindal, economista-chefe da Ned Davis Research. “O governo provavelmente está menos preocupado com a reestruturação da dívida offshore.”

Enquanto isso, credores se preparam para um grande corte nos preços dos títulos no caso de qualquer reestruturação. A S&P disse na semana passada que espera uma “chance muito alta de default” da Evergrande, devido à situação de liquidez e US$ 300 bilhões em passivos totais.

A empresa provavelmente não efetuou dois pagamentos de cupons de títulos em dólar nas últimas duas semanas e enfrenta US$ 260 milhões de um título que vence na segunda-feira do qual é garantidora, vendido por uma empresa relacionada conhecida como Jumbo Fortune Enterprises.

Com o principal título offshore da Evergrande negociado a cerca de 27 centavos de dólar, investidores como a Marathon têm poucas perspectivas de serem ressarcidos. Por isso, apostam em ganhos com a reestruturação.

“Não sabemos qual é esse valor de recuperação, mas estamos chegando perto do ponto em que agora faz sentido” comprar, disse Richards em entrevista à Bloomberg Television.

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