China tem condições para gerenciar “pouso suave” do PIB, avalia Barclays

Para economista, decisões políticas e diminuição de restrições do governo são essenciais para manter o crescimento chinês

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – Após crescimento de dois dígitos por décadas, a China vêm passando por um período de desaceleração do PIB. Em 2011, a China cresceu “apenas” 9,2%, o que foi considerado um pouso suave pelo mercado, gerando preocupação se a economia do país poderia se desacelerar ainda mais.

Entretanto, para o Barclays, o cenário de uma queda ainda mais forte da atividade do gigante asiático é pequena, e o país é capaz de gerenciar suas taxas de crescimento sem forte volatilidade. Para isso, a tomada de políticas por parte do governo é importante, de modo a estimular a economia em um cenário de atividade mais fraca. 

Queda mais forte?
O economista do Barclays, Yiping Huang, avalia que um cenário mais difícil para a China implicaria em colapso para o investimentos, principalmente em infraestrutura e no mercado de construção civil, queda do consumo, queda da inflação e desaceleração do crescimento do PIB. 

Continua depois da publicidade

Huang avalia que os setores de ativos que enfrentam potencialmente os maiores riscos de queda são os de construção e o de commodities, em meio ao cenário mais difícil para a economia. Enquanto isso, o crédito no país, apesar de crescente, ainda enfrenta alguns riscos. Entretanto, o economista avalia que a China pode gerenciar um crescimento mais suave da economia.

De acordo com ele, a tendência é de uma estabilização ou até de crescimento das taxas do PIB, que podem superar a estimativa de alta de 8,1% do banco inglês. “Riscos para queda, entretanto, existem e não podem ser descartados facilmente”, pondera Huang, destacando que os maiores riscos para o crescimento vêm da tomada de políticas. Dentre elas, está a interrupção do pacote de estímulos do governo e a continuidade de restrições rígidas para compra de casas. 

“Mesmo que o cenário atual seja de queda no crescimento, nós esperamos que esse momento de desaceleração seja temporário. De fato, uma queda profunda poderia ser um catalisador para o governo agir mais fortemente e poderia resultar em um dramático cenário para os investimentos nos trimestres seguintes”, afirma o economista. 

Continua depois da publicidade

Cenário global mais difícil
O cenário mais difícil para o país também pode afetar o crédito, tanto em termos de sentimento do mercado quanto de fundamentos. Dentre as companhias que podem ser mais afetadas estão as grandes mineradoras que atuam no país, como a BHP e a Rio Tinto.

Huang avalia ainda que se o crescimento da China for mais fraco do que o esperado, o sentimento de aversão ao risco do mercado irá aumentar. Porém, os países mais afetados serão Taiwan, Malásia e Coreia do Sul, que possuem economias fortemente conectadas com a China. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.