China promete medidas de estímulo à economia e anima, mas alívio será duradouro?

Em meio a menor ímpeto da economia agravado por lockdowns, anúncios dão fôlego a alguns setores, mas alguns pontos são acompanhados de perto

Lara Rizério

(Shutterstock)

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Após um começo de semana de forte queda para os mercados em meio às expectativas de aperto do lockdown na China, nos últimos dias o governo do gigante asiático buscou tranquilizar os investidores, impulsionando também as ações de commodities por aqui.

O Politburo, principal órgão decisório da China, disse em reunião nesta sexta-feira que o governo deverá implementar políticas adicionais com o objetivo de sustentar a economia, além de intensificar esforços para expandir o consumo e fazer investimentos efetivos de forma a impulsionar o crescimento. Na sequência da conclusão da reunião, o minério de ferro negociado em Dalian avançou 4%, assim como o índice chinês Hang Seng.

A liderança chinesa orientou agências governamentais a implementarem políticas direcionadas a indústrias e pequenas empresas afetadas pela pandemia de Covid-19, assim como para estabilizar os preços ao consumidor e garantir o plantio de lavouras cruciais para a segurança alimentar da China.

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Em março, o governo chinês estipulou a meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) chinês deste ano em cerca de 5,5%, mas economistas dizem que o objetivo parece cada vez mais improvável após os lockdowns adotados em grandes cidades como Xangai para conter o avanço da covid-19. No primeiro trimestre, a economia chinesa teve expansão anual de 4,8%, bem abaixo da meta oficial, e o crescimento desacelerou rapidamente no trimestre seguinte em meio aos lockdowns.

O Morgan Stanley destacou uma visão positiva para o desfecho da reunião, pois acredita que ela serve como uma evidência importante de que o crescimento econômico e a estabilidade continuam sendo um foco político fundamental para o governo.

Os economistas do banco americano mencionam dois pontos específicos em relação ao mercado imobiliário e à redefinição regulatória de tecnologia.

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O primeiro, uma menção clara, pela primeira vez, de fundos de garantia de pré-venda de imóveis. Com o relaxamento do acesso a fundos de garantia, os riscos de inadimplência enfrentados podem diminuir gradualmente e também pode haver uma melhora da avaliação de risco do mercado de crédito.

O segundo, a conclusão de uma regulamentação específica para a economia de plataforma – também chamada de “economia compartilhada” e “economia GIG” – e lançamento de medidas detalhadas para apoiar o desenvolvimento adequado e saudável do segmento.

“Essas duas áreas abordam diretamente dois riscos principais que persistem no mercado de ações chinês – incerteza regulatória e o efeito de transbordamento de preocupações sistêmicas do crédito ao mercado de ações”, avaliam.

O Morgan, por sua vez, faz algumas pontuações sobre os próximos passos para um rali sustentável. “Acreditamos que o impacto de curto prazo do anúncio de hoje está mais em relação ao sentimento [do mercado sobre a atuação do governo]. Para que a recuperação do mercado seja sustentada, precisaríamos de uma recuperação sustentada do ambiente macroeconômico e da cadeia de suprimentos, uma inflexão real no crescimento dos lucros e/ou melhoria da liquidez do mercado de ações”, avaliam.

Por isso, os analistas monitoram de perto a velocidade de recuperação e sustentabilidade da cadeia de suprimentos com a continuidade da política de zero Covid, principalmente quaisquer medidas concretas para evitar que a interrupção vista desde março volte a acontecer, além da reação no mercado de títulos, que poderia servir de parâmetro para a liquidez.

Além disso, estão de olho na intensificação das medidas de flexibilização monetária e de políticas fiscais, sendo que o momento e a magnitude podem depender da situação da Covid-19. Outros fatores, como as tensões geopolíticas maiores em meio ao conflito na Ucrânia e o aperto monetário nos EUA são acompanhados de perto.

Para o Goldman Sachs, o investimento em infraestrutura continua a ser a principal alavanca política da China para apoiar o crescimento este ano, uma vez que os decisores políticos poderiam mais facilmente estabelecer financiamento e políticas para facilitar o investimento em infraestrutura.

Enquanto isso, as medidas de promoção do consumo, em contraste, tendem a ser pequenas e talvez não tão significativas em termos nacionais, pois a política de zero Covid provavelmente permanecerá em vigor até o final do ano, apontam os analistas do Goldman.

(com Dow Jones Newswire)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.