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Chicago sofre ameaça de saída de indústria trilionária de derivativos

Indústria financeira da cidade se articula para impedir imposto sobre transações; se for aprovado, pode estimular a mudança de empresas para outros estados

Bloomberg

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Bloomberg — As letras estão estampadas em fachadas de gigantes arranha-céus e edifícios de escritórios de Chicago: DRW, IMC, CME, Cboe.

Essas são algumas das empresas de derivativos que, juntas, lidam com trilhões de dólares em negociações a cada ano, movimentando as engrenagens dos mercados globais com tudo, desde opções de ações até futuros de milho.

A maioria delas chama Chicago de lar há décadas, proporcionando milhares de empregos dentro da indústria financeira de US$ 75 bilhões da cidade.

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Agora, o compromisso das empresas com a Windy City, a Cidade dos Ventos, está sendo testado por cerca de US$ 800 milhões em impostos propostos por um novo prefeito que enfrenta um déficit orçamentário que cresceu para meio bilhão de dólares.

Uma ideia é um imposto sobre transações financeiras, o que tem preocupado as empresas que já estão apreensivas com o aumento da criminalidade na cidade – que mostra poucos sinais de diminuir.

Nos bastidores, market makers e bolsas de valores trabalham juntos para pressionar os formuladores de políticas públicas: são empresas que normalmente competem entre si compartilhando dados para ajudar a explicar seus benefícios econômicos para Chicago.

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Embora os executivos não tenham ameaçado explicitamente sair, em conversas privadas está claro que eles considerarão deixar a cidade se a criminalidade continuar sendo um problema e se o imposto sobre transações financeiras for aprovado.

“Não queremos sair”, disse Ed Tilly, CEO da Cboe Global Markets, a empresa por trás do “índice de medo” de Wall Street, o VIX. “Mas não podemos estar em uma posição em que estejamos em desvantagem nos mercados mais competitivos do mundo, em que nossos concorrentes não enfrentam as mesmas questões econômicas que enfrentaríamos.”

A cidade está em uma situação difícil. As autoridades projetam um déficit orçamentário de US$ 538 milhões no próximo ano, com os gastos pressionados pela inflação e por um aumento de solicitantes de moradia que chegaram a Chicago sem dinheiro ou meios de subsistência.

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A indústria de derivativos, lar de alguns dos negócios mais lucrativos da cidade, é um alvo tentador para cobrir essa lacuna. Apenas a CME Group e a Cboe, as duas empresas que são negociadas publicamente, tiveram lucro combinado de mais de US$ 3,6 bilhões no ano passado.

O escritório do prefeito Brandon Johnson informou que ainda não foi tomada nenhuma decisão sobre um imposto sobre transações financeiras e que a administração está aberta ao diálogo com as empresas.

Jason Lee, um assessor sênior, observou que Chicago tem uma economia diversificada e “somos sortudos por não dependermos de uma única indústria” “Sabemos que o imposto sobre transações financeiras tem sido amplamente debatido e pode haver mérito nisso, mas esperamos por esse debate”, disse ele.

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Qualquer empresa que esteja considerando uma mudança provavelmente receberia uma recepção amigável de autoridades de desenvolvimento econômico no Texas, na Flórida ou em outros estados do “Sun Belt” que viram uma onda de realocações desde o início da pandemia. Nova York e Califórnia perderam empresas que gerenciavam cerca de US$ 1 trilhão em ativos cada uma.

A saída de Chicago não foi tão severa, mas a cidade sofreu um golpe em sua reputação no ano passado quando o bilionário das finanças Ken Griffin mudou seus negócios da Citadel para Miami, citando a violência descontrolada e problemas orçamentários crônicos que afligem o estado.

Meses depois, Johnson, um democrata progressista, surpreendeu os analistas ao vencer a incumbente Lori Lightfoot na corrida para prefeito. A criminalidade foi um dos principais problemas, com incidentes relatados à polícia aumentando 54% desde 2019, e ele concorreu com a promessa de investir US$ 1 bilhão para tornar a cidade “mais segura e mais forte”.

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Mas, no meio da campanha, Johnson prometeu não aumentar os impostos sobre propriedades, uma promessa que ele manteve em sua proposta de orçamento para 2024, divulgada em 13 de setembro. Isso o deixou com opções muito limitadas para encontrar o dinheiro.

Chicago e derivativos

A indústria de derivativos de Chicago começou no final do século XIX, quando a Chicago Board of Trade começou a negociar futuros e o que hoje é conhecido como CME foi fundado como o Chicago Butter and Egg Board – uma bolsa de commodities agrícolas.

A localização da cidade no coração do Meio-Oeste dos Estados Unidos foi fundamental. Afinal, Illinois ainda é o único estado onde todas as principais ferrovias de carga se encontram.

Ao longo dos anos, ex-funcionários da bolsa saíram para fundar suas próprias empresas. A indústria de derivativos agora emprega cerca de 58.800 pessoas em Illinois, um aumento de 19% na última década. Isso supera o crescimento geral do emprego no estado, que foi de 5,9% nesse período.

Real Estate

O setor também tem contribuído para o mercado imobiliário comercial. Embora a redução de pessoal corporativo desde a pandemia tenha deixado partes do centro da cidade vazias, 60% das empresas de trading que assinaram contratos de locação desde 2020 expandiram sua presença na cidade, de acordo com a Jones Lang LaSalle (JLL).

As empresas de Chicago que compartilham informações em um grupo informal incluem Cboe, as empresas de criação de mercado Optiver Holding e IMC Trading, bem como a DRW Holdings, mais conhecida pela negociação de alta frequência.

Elas querem que o prefeito Johnson saiba que os benefícios econômicos podem estar em risco se a criminalidade desenfreada dificultar o recrutamento de talentos ou se um imposto sobre transações colocar o setor em desvantagem em relação a concorrentes como a Intercontinental Exchange, em Atlanta, e a Nasdaq, em Nova York.

© 2023 Bloomberg L.P.