“Vamos emitir bonds nos EUA para alongar as dívidas e não descartamos follow on”, diz CEO da PetroRio

Petroleira está em um setor altamente prejudicado pelo coronavírus, mas tem conseguido reduzir custos e melhorar a eficiência para combater a crise

Anderson Figo

SÃO PAULO — A crise do coronavírus derrubou os preços do petróleo no exterior e afetou negativamente as companhias de commodities do mundo inteiro. Apesar disso, a PetroRio (PRIO3) conseguiu entregar um resultado sólido no primeiro trimestre deste ano, refletindo a forte redução de custos operacionais feita pela companhia.

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A avaliação é de Roberto Monteiro, CEO da PetroRio, que participou nesta terça-feira (26) de uma live no YouTube do InfoMoney. Segundo o executivo, o custo de produção do barril de petróleo passou de cerca de US$ 30 para US$ 17 de uma ano para o outro.

“O custo de produção do nosso barril petróleo no passado chegou a US$ 80, ou seja, mesmo se o preço do barril no mercado internacional estivesse alto, nós teríamos prejuízo. Fomos otimizando. Nosso opex (despesas operacionais) naquela época era de US$ 240 milhões ao ano. Hoje, baixamos para algo em torno de US$ 90 milhões a US$ 100 milhões”, afirmou.

Monteiro também justifica a melhora operacional pela aquisição do campo de Frade e “revitalização” do campo de Polvo. “Capturamos a sinergia entre os dois campos. Hoje, Frade, por exemplo, tem custo de menos de US$ 10 por barril”, disse. “Isso porque ainda estamos operando apenas 70% de Frade. Quando entrar os outros 30%, esse valor de custo operacional por barril de US$ 17 da companhia vai cair mais.”

A PetroRio teve lucro líquido de R$ 45 milhões no primeiro trimestre deste ano, revertendo prejuízo de R$ 54 milhões obtido um ano antes. No trimestre anterior, porém, o ganho havia sido de R$ 598 milhões.

A receita líquida subiu 60,1% na comparação anual, mas caiu 60% na comparação trimestral, ficando em R$ 223 milhões nos três primeiros meses de 2020.

Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) teve crescimento de 177,2% de um ano para o outro, para R$ 69 milhões. Na comparação com o trimestre anterior, porém, houve queda de 80%.

Com isso, a margem Ebitda (relação percentual entre a receita líquida e a geração operacional de caixa, o Ebitda) ficou em 30,7% — um ano antes era de 17,7% e, no último trimestre de 2019, era de 61,3%.

Monteiro afirmou que, além da melhora na eficiência e da redução de custos, o que permitiu que a companhia registrasse um primeiro trimestre sólido foi o fato de parte de seu estoque estar “hedgeada” (protegida com opções que a permitiram vender os barris a um preço superior ao praticado no mercado).

“No trimestre, enquanto o preço do Brent estava lá embaixo, nosso hedge permitiu que a gente vendesse os nossos barris a US$ 65 cada um. Para o segundo trimestre, a metade da nossa produção continua com esse hedge. O restante será vendido a preço de mercado, por isso é importante que a gente reduza ainda mais nosso custo de produção”, disse.

Sobre endividamento, o executivo afirmou que boa parte do endividamento de curto prazo da companhia é representado pelo financiamento junto à Prisma Capital, de cerca de R$ 500 milhões. “Ainda assim, ter endividamento de 2,3x dívida líquida/Ebitda é um patamar confortável em comparação a outros players do mercado”, afirmou.

Monteiro disse que a empresa vai alongar a dívida de curto prazo através de uma operação já acordada com a Prisma e também pela emissão de um bond (título de dívida) nos EUA. “No ano passado, a gente tentou fazer uma emissão que não funcionou. (…) Os bonds dos EUA todas as empresas têm, como Petrobras e Vale. Vamos pegar essa dívida restante de curto prazo e trocá-la por esses bonds de longo prazo, como cinco anos.”

O CEO da PetroRio também não descartou que a empresa faça um follow on (emissão secundária de ações). “Como a gente mantém nosso ritmo de crescimento, que é muito calcado em fusão e aquisição, sem a gente se estrangular com financiamentos? O que sobra é follow on. A gente tem hoje 6,5% da companhia em tesouraria, então a gente pode vir a colocar isso no mercado de volta em algum momento. Não existe uma cabeça fechada”, disse.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.