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SÃO PAULO – As mudanças regulatórios reverteram o cenário para as companhias integrantes do setor de energia elétrica no Brasil.
Durante a Santander EuroLatam Transportes & Energia e Saneamento em Nova York, realizada nos dias 2 e 3 de outubro, o Santander comparou até que ponto tais medidas impactariam ou não o desempenho da Cemig (CMIG4) e Taesa (TAEE11). O foco em crescimento e enxergando oportunidades em termos de fusões e aquisições, contribuem para que o banco mantenha a recomendação de compra para ambos os papéis, estimando um preço-alvo de R$ 35,90 para Cemig e R$ 77,79 para Taesa – valores que representam um potencial de valorização de 43,31% e 10,34%, respectivamente, se comparado ao fechamento da última terça-feira (9).
Cemig: fortes efeitos da intervenção do governo
A Cemig foi reconhecida pelos analistas Marcio Prado e Pedro Reis, como a mais afetada, com mais 55% de suas concessões vencendo entre o período de 2015 e 2017. Além disso, as ações CMIG4 sofrem com efeitos indiretos, como a oferta do mercado livre, preços, entre outros fatores.
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Os analistas do Santander afirmam que como a Cemig não esperava que essas concessões com primeira renovação – particularmente a unidade de São Simão – fossem incluídas nos termos da Medida provisória 579 e, em especial, que isso acontecesse em 2013.
Desta forma, como a MP 579 direciona a energia dessas concessões para o mercado regulado, se a Cemig aceitar os termos da MP como estão, a empresa teria que adquirir 1.800 megawatt/hora em 2013 para atender seus PPAs (contrato de compra e venda de energia) no mercado livre. “Isso é extremamente difícil, a nosso ver, pois ela teria que adquirir esse volume – o equivalente a 15% do mercado livre no Brasil -, dentro dos próximos três meses para serem disponibilizados no próximo ano, em um momento em que a oferta de volume do mercado livre foi enxugada em virtude da MP 579”, explicam os analistas.
Por outro lado, caso a Cemig não aceite os termos implícitos na MP 579, ela irá operar suas unidades até o final dos atuais contratos de concessão previstos para finalizarem entre 2015 e 2017, devolvendo ao governo essas concessões após esse período. Nesse cenário, a empresa disse que teria mais tempo para adquirir energia no mercado livre. Além disso, caso tenha permissão, ela pode participar do leilão para operar as unidades pelas condições da MP 579.
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Apesar da cautela diante deste novo cenário, a Cemig continua otimista a respeito do setor, enxergando oportunidade de fusões e aquisições em distribuição, haja vista o seu interesse nas subsidiárias do Grupo Rede. Em relação à MP 579, a Cemig acredita que fará com que o capital se torne mais escasso no setor e isso pode trazer oportunidades para investimentos com taxas de retorno atrativas.
Taesa: promessas de IPO e dividendos atrativos
Em contrapartida, a Taesa não sofreu qualquer impacto, nem direto nem indireto da MP 579. Seus contratos de concessão são de longo prazo, com as concessões começando a vencer em 2030. “Em nossa opinião, as empresas de energia elétrica com contratos de longo prazo (como a Taesa) enfrentam menos incertezas”, explicam Prado e Reis.
Para os analistas, a Taesa abordou dois importantes acontecimentos, que devem continuar a impulsionar o crescimento dos lucros para sua base de acionistas: o refinanciamento da dívida e a contínua otimização da estrutura corporativa, conforme promessas feitas antes do IPO (Oferta Inicial de Ações).
Quanto ao refinanciamento, a Taesa está no meio de uma emissão de dívida de R$ 1,6 bilhão a R$ 2,2 bilhões, a qual pode permitir que ela prolongue sua programação “ao mesmo tempo em que garante custos de financiamento interessantes (pois as taxas no Brasil estão próximas a pisos recordes)”, explicam os analistas.
No campo da reestruturação corporativa, a empresa continua a trabalhar na possibilidade de incorporar subsidiárias operacionais adicionais, como a Unisa, garantindo um balanço mais forte e mais otimizado, o qual deve ajudá-la a obter baixos custos de financiamento em aquisições e investimentos em projetos novos.
Além disso, a Taesa continua focada em fusões e aquisições no mercado de transmissão, mas acredita que, no curto prazo, até que a MP 579 seja convertida em lei, não acontecerá nenhuma operação relevante. Por outro lado, vê oportunidades de crescimento, considerando um novo leilão de transmissão a ser realizado em novembro.
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“A empresa foi clara quanto ao fato de que as oportunidades de crescimento não devem alterar sua política de dividendos, com índice de distribuição de aproximadamente 100% do lucro distribuível”, concluem os analistas.