Cemig entre negócio principal e dividendos: a visão do mercado após Dia do Investidor

Companhia realizou Dia do Investidor na véspera

Felipe Moreira

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A companhia elétrica Cemig (CMIG4) realizou o seu Dia do Investidor (ou Investor Day) na última terça-feira (20), com foco no seu Plano Estratégico até 2028. O evento contou com a presença da alta administração, membros do conselho e um representante do governo de Minas Gerais.

Para o JPMorgan, a mensagem geral continuou positiva, com aumento dos investimentos em distribuição, desinvestimentos de ativos não essenciais, estrutura de capital saudável e remuneração adequada dos acionistas.

A empresa tem como objetivo investir mais de R$ 23 bilhões em distribuição de energia, R$ 4 bilhões em transmissão, R$ 6 bilhões em geração e R$ 1,3 bilhão em distribuição de gás até o final de 2028. O ritmo atual dos investimentos é mais de 5 vezes maior que o de 2018.

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No lado dos desinvestimentos, o JPMorgan destaca que a Cemig ainda planeja vender sua participação na Taesa (TAEE11), mas não há nenhum processo formal em andamento.

Apesar dos dividendos adicionais declarados nos resultados do segundo trimestre, “a administração não espera distribuir acima da política de pagamento de 50%, o que pode frustrar investidores otimistas que esperam maiores rendimentos de dividendos”, diz JPMorgan, em relatório.

Com relação ao cronograma de federalização/privatização, o Secretário de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais, Fernando Passalio, sinalizou que o Regime Fiscal de Recuperação (RRF) é a única opção para o governo estadual.

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No entanto, analistas do banco americano ressaltam que a legislação proposta atualmente pode sofrer alterações no processo e os direitos de acompanhamento podem reduzir o apetite do governo federal pelos ativos.

Segundo o JPMorgan, uma saída é a privatização da Cemig, transformando-a em uma corporação, antes do processo de federalização, aumentando seu valor e, portanto, reduzindo ainda mais a dívida do estado. O banco salienta que o timing e a probabilidade de tais eventos são difíceis de prever neste momento.

O JPMorgan reiterou classificação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 12.

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A XP Investimentos ressalta que o processo de federalização ainda está em discussão e não há visibilidade sobre o resultado.

Em termos de investimentos, a estratégia atual é focar em Minas Gerais, onde a Cemig está implementando um ambicioso plano de capex (investimento em capital) de aproximadamente R$ 49 bilhões no período 2019 a 2028, principalmente na expansão da rede da Distribuidora.

A XP observa que o Investor Day não trouxe mudanças significativas na estratégia da Cemig, o que considera um desenvolvimento positivo, pois é uma continuação de uma trajetória operacional bem-sucedida da companhia desde 2019. A corretora reitera visão positiva e recomendação de compra para a Cemig.

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Sobre suas participações, a empresa comentou sua intenção de vender participação na Taesa, mas não há qualquer indicação de como isso pode ocorrer. Já sobre a Gasmig, há perspectivas positivas para o negócio no estado, especialmente com a construção de um gasoduto para Divinópolis e maior penetração nos segmentos residencial e comercial, que apresenta melhores margens.

A Genial, por sua vez, disse continuar com a esperança do assunto da privatização da empresa voltar a mesa após a realização das eleições municipais por achar que o processo de federalização não deva acontecer nos melhores termos nem para a empresa e nem para o próprio governo federal.

Com relação aos riscos, a Genial cita: “I) empresa segue com concessões curtas no segmento de geração, II) caso o governador Romeu Zema não eleja seu sucessor, a a gestão da Cemig pode ser radicalmente alterada a depender da plataforma política que vá assumir, III) Federalização do ativo é pouco provável, mas não pode ser totalmente descartada”.

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A casa de análise mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 12,50.

Já o Morgan Stanley disse dar boas-vindas às iniciativas de melhoria operacional contínua e à perspectiva de crescimento da Cemig, que têm produzido resultados positivos nos últimos anos.

Ainda assim, segundo Morgan Stanley, a companhia possui um perfil de risco-recompensa relativamente menos atraente quando comparado a outros pares do segmento.

Além disso, o processo de aprovação da privatização da empresa continua improvável e ainda mais desafiador após a indicação de federalização, o que pode limitar a visibilidade da estratégia de negócios de longo prazo e da estrutura corporativa da empresa. O Morgan Stanley mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 11.

Já o Itaú BBA pontua que, em detrimento dos investimentos de participações minoritárias, a Cemig embarcou no maior plano de capex de sua história, altamente focado em investimentos no estado de origem. A Cemig já investiu R$ 13,6 bilhões de 2019 até 2023 e planeja investir mais R$ 35,6 bilhões até 2028.

Segundo o relatório, a maior parte desses investimentos (80%) será implantada em segmentos regulados, a saber, distribuição (energia e gás natural) e transmissão, com cerca de dois terços do investimento restante já contratado.

O BBA acredita que a estratégia da empresa, que agora prioriza segmentos regulados, investimentos em Minas Gerais e evita investimentos não essenciais de risco, reflete uma abordagem prudente à criação de valor para os acionistas. Apesar disso, o BBA mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 11,35.

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