Na última sexta-feira (9), a CCR (CCRO3) realizou seu dia dos investidores, no qual executivos da companhia encontraram analistas e investidores para falar sobre a atual situação e sobre as perspectivas para a empresa. As falas, em geral, foram bem recebidas pelos especialistas.
“Destacamos três pontos principais do encontro: a CCR agora possui uma cultura corporativa mais forte e um planejamento estratégico orientado para o cliente; perspectivas operacionais positivas, com recuperação de volumes e capex sob controle; e gestão financeira orientada para o retorno total ao acionista, sendo os dividendos uma parte dessa estratégia”, abrem Pedro Bruno e Lucas Laghi, analistas da XP Investimentos.
Os dois apontam, em relatório, que a CCR reforçou seu compromisso em ser uma empresa de mobilidade ampla (com foco em aeroportos, rodovias e mobilidade urbana), o que já vem fazendo há alguns anos, e também passou uma mensagem positiva sobre a demanda – ainda impactada pela pandemia.
A administração, segundo os especialistas da XP, espera que o tráfego total do portfólio de rodovias atinja os níveis de 2019 até o final de 2022 – sendo que, até agora, apenas o tráfego de veículos pesados ultrapassou os níveis pré-pandemia, enquanto os veículos leves ainda apresentam impacto de mudanças mais estruturais nos hábitos de mobilidade
Em mobilidade urbana, a CCR deve manter seu caminho de recuperação, hoje aproximadamente 20% abaixo dos níveis pré-pandemia. No tráfego aeroportuário, a companhia deve intensificar a recuperação no curto prazo, uma vez que as taxas de ocupação das companhias aéreas estão melhorando junto com fortes sinais de reserva de passagens à frente.
Quanto aos investimentos, Bruno e Laghi definem que a companhia tem um plano com certos riscos, mas com estes sob controle.
“A administração da CCR está altamente consciente do desafio de execução imposto pelo forte perfil de capex dos próximos anos, após ter conquistado vários novos projetos, com o capex anual passando de R$ 2 bilhões para R$ 5 bilhões”, destacam os analistas.
O Bradesco BBI, em relatório assinado pelos analistas Victor Mizusaki, André Ferreira e Pedro Fontana, tem opinião parecida.
“A CCR está diversificando fornecedores, estudando compras combinadas com outros players para ganhar escala e internalizando alguns processos, como construir sua própria usina de asfalto para minimizar pressões de custos”, comentaram.
O banco ainda pontua que a CCR apresentou interesse em buscar novos parceiros para além das compras combinadas – com a criação da CCR Aeroportos, CCR Mobilidade Urbana e CCR Rodoviárias. Além disso, após as recentes concessões, a companhia, para eles, pode ser muito mais seletiva ao tentar novos projetos.
Segundo as duas instituições financeiras, o principal desafio da CCR é a concessão da ViaSul, realizada em 2018, com projeções da época.
“A Concessão Rodoviária ViaSul será reequilibrada até março de 2023. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) já havia desenvolvido sua metodologia para o reequilíbrio econômico relacionado às perdas causadas pela COVID-19 nas concessões rodoviárias federais e, assim, a CCR espera que a reequilíbrio da ViaSul a ser anunciado em março de 2023 por meio de reajuste tarifário”, pontuam os especialistas do BBI.
O JPMorgan, por fim, aponta que a companhia terá mais de R$ 30 bilhões em capex a serem executados.
“A CCR tem mais de R$ 30 bilhões em Capex a serem executados, com a Dutra sendo responsável por R$ 15 bilhões e outros R$ 11 bilhões em contratos relevantes (por exemplo, pavimentação das pistas adicionais na BR-116 e BR-101) – mas com preços estabelecidos de acordo com os planos de concessão”, comentam.
Entre os projetos de concessão que podem contar com a participação da CCR, estão o Lote Noroeste Paulista, ainda nesta semana, e o bloco de rodovias paranaense, em 2023. A administração disse ainda que estudará a oitava rodada de leilões de concessões aeroportuárias, bem como leilões dos aeroportos de Viracopos e São Gonçalo.
O banco americano, em relação aos custos, destaca que a alavancagem da companhia, medida pela relação entre o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) e a dívida líquida, encerrou junho em um múltiplo de 3,2 – sendo que o máximo imposto pela companhia é um múltiplo de 3,5.
“A administração destacou que a maior parte de sua dívida vence somente após 2031, e os picos de vencimento da dívida em 2023 e em 2024 (R$ 3,6 bilhões e R$ 5 bilhões, respectivamente). Considerando o vencimento da dívida da CCR Holding, R$ 1,5 bilhão vence no próximo ano, mas a empresa deve negociá-la parcialmente”, afirma o JP.
Tanto os gastos com investimentos como os com a dívida, lembra o banco, serão cruciais para que a companhia consiga maximizar seu retorno aos acionistas – distribuindo dividendos sem comprometer o balanço ou as oportunidades de crescimento.
A XP Investimentos tem recomendação de compra para as ações ordinárias da CCR (CCRO3), com preço-alvo em R$ 15 (upside de 3,9% frente ao preço de abertura de hoje. O BBI tem a mesma recomendação, com preço-alvo em R$ 16 (upside de 10,8%). O JP Morgan, contudo, está neutro, com alvo em R$ 14,40 (dowside de 2,9%).
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