CCR (CCRO3) vê acirramento do cenário competitivo em novas concessões; ações caem após balanço

Operadora de infraestrutura afirmou ainda que o reequilíbrio de contrato da concessionária MSVia deve sair somente no 1º trimestre de 2024

Augusto Diniz

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Com a melhoria contínua de tráfego nos três modais de atuação (rodovias, aeroportos e mobilidade urbana) da CCR (CCRO3), outros temas – além dos operacionais – ganharam relevância na teleconferência de resultados do 3T23 da operadora de infraestrutura, realizada nesta quarta-feira (1).

Um deles refere-se à pendência da MSVia, concessionária com 845 km de rodovias no Mato Grosso do Sul, à qual CCR ajuizou em 2018 ação de reequilíbrio de contrato depois de quatro anos de operação. O grupo já demostrou interesse em manter a concessão, desde que com reequilíbrio econômico-financeiro no contrato.

“Chegamos a elaborar junto com o poder concedente todos os detalhes de uma proposta de repactuação da MSVia que contempla uma aceleração de investimento importante, uma nova tarifa; e é isso agora que está no TCU (Tribunal de Contas da União)”, disse Waldo Perez, CFO da CCR.

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“Foi colocado lá para discussão e análise e estamos no momento de espera para ter um retorno em relação a isso. Inicialmente, imaginávamos que teríamos esse assunto finalizado ainda esse ano, mas é mais provável dizer que será algo em torno do primeiro trimestre do ano que vem”, complementou.

CCR vê cenário acirrado de concessões

Sobre futuras concessões no país, Miguel Setas, CEO da CCR, vê um mercado cada vez mais acirrado. “Nós vemos inevitavelmente o cenário competitivo no Brasil se tornar mais intenso. Os últimos leilões já mostraram participação de novos players, além daqueles normais ou estratégicos, como a CCR”, disse a analistas.

Ele vê a chegada no Brasil de players para participar de leilões de concessão de matriz financeira e de grandes conglomerados internacionais ligados ao ramo de construção.

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“No segmento de rodovias, esse cenário de competição está mais agravado, intenso. No segmento de mobilidade urbana no qual o grupo tem 70% do mercado privado, e onde nós temos uma posição relevante, esperamos também que tenha – e nos últimos (leilões) começaram a acontecer – a chegada de novos players”, destacou.

O executivo afirmou ainda que há outros operadores se preparando para participar dos certames: “Algumas companhias de matriz internacional, players asiáticos que estão se consorciando para entrar nesses leilões. Isso significa que teremos mais competições. Estamos nos preparando para um cenário desses”.

Setas voltou a afirmar que no segmento de aeroportos, o grupo não pretende, no momento, buscar novas oportunidades.

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CCR (CCRO3): Atraso de cronograma

O executivo ainda comentou dos desembolsos de capex ainda a serem feitos esse ano, e disse que especificamente dois acontecimentos fora de controle têm atrasado o cronograma do grupo.

Ele comentou que devido às chuvas torrenciais no Sul do país, a concessionária ViaSul (no Rio Grande do Sul) teve um mês em que as obras conseguiram prosseguir por apenas dois dias.

Na concessão das Linhas 8 e 9, em São Paulo, Perez cita atrasos de fornecedores na entrega de trens devido ainda a problemas na cadeia global.

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“Por esses motivos nós estamos ainda aquém, mas nada que nos preocupe. Estamos atentos e focados em entregar o que é possível dentro do nosso plano de negócios”, disse, acrescentando que possíveis atrasos de projetos poderão ser recuperados em 2024.

Por volta das 14h20, as ações da CCR (CCRO3) caem 0,25%, cotadas a R$ 11,95. No ano, os papéis caem 12,21%.