Casas Bahia: Citi corta preço-alvo para ações BHIA3 para R$ 10 e vê “breakeven” só em 2026

Analistas do banco americano seguem com visão bastante cautelosa para ações da varejista

Lara Rizério

(Shutterstock)

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O Citi manteve recomendação neutra para as ações do grupo Casas Bahia (BHIA3), mas reduziu o preço-alvo de R$ 17,50 para R$ 10 para as ações, ainda um potencial de alta de 15% frente o fechamento da véspera.

Os analistas do banco atualizaram seu modelo de projeções dos resultados do quarto trimestre de 2023 (4T23), incorporando as premissas operacionais mais recentes e as estimativas macro do Citi.

“Na nossa opinião, BHIA3 continua a ser um caso de investimento desafiador. Após seu recente aumento de capital de R$ 622 milhões, BHIA3 ainda não está fora de perigo, com despesas financeiras líquidas de R$ 2,0 bilhões (excluindo leasing) ainda excedendo o Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês] pré-IFRS de R$ 1,3 bilhão projetado para 2024”, aponta o banco americano.

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Para os analistas do Citi, o plano de reestruturação em andamento liderado pelo CEO Renato Franklin será fundamental para melhorar a estrutura de capital, uma vez que a procura por produtos eletrônicos/linha branca permanece fraca.

Priorizar o balanço versus o crescimento enquanto procura alternativas de financiamento para o seu negócio de crédito parece ser a melhor estratégia nesta fase, aponta o Citi, que estima uma melhora gradual na rentabilidade. Os consideráveis ​​créditos fiscais (R$ 6,3 bilhões) também deverão proporcionar alguma reserva de caixa, pelo menos suficiente para compensar suas contingências trabalhistas.

Olhando para o quarto trimestre de 2023, o banco espera que ainda seja desafiador para Casas Bahia, marcado mais uma vez por eventos pontuais relacionados a esforços promocionais para liquidação de estoques e fechamento de lojas.

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“Estimamos que o GMV [volume bruto de mercadorias] online diminua 16% em relação ao ano anterior, com 3P [marketplace] caindo 8%, refletindo menor investimento na plataforma, e 1P [estoque próprio] caindo 19% devido: 1) menor demanda por itens discricionários; 2) migração das categorias 1P para 3P; e 3) base de comparação difícil (com a Copa do Mundo tendo ocorrido em 2022)”, avalia o Citi.

O banco estima que as vendas nas lojas físicas tenham caído 5% no comparativo anual e também foram impactadas pelo fechamento de cerca de 50 lojas em 2023. A projeção é de que a margem bruta tenha caído em 475 pontos-base, para 26,5%, dada a maior atividade promocional, o que deve mais do que compensar os cortes nas despesas gerais e administrativas. Como resultado, estima que o Ebitda ajustado tenha registrado baixa de 86% no comparativo anual, para R$ 88 milhões (margem Ebitda de 1,1%) e que a companhia tenha um prejuízo líquido de R$ 616 milhões.

Para 2024 e 2025, as projeções de receita foram cortadas em 4%, principalmente explicadas por: 1) uma visão mais conservadora sobre o 1P (+3,6% versus +6% anteriormente); 2) menores receitas de lojas físicas devido ao maior fechamento delas em 2023.

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“Nossas premissas de margem Ebitda para 2024 e 2025 diminuíram em 110 pontos-base e 25 pontos-base respectivamente, refletindo menor alavancagem operacional. “Também consideramos maiores descontos em recebíveis de cartão de crédito, o que se traduz em maiores despesas financeiras. No geral, esperamos uma perda maior em 2024/2025, com a BHIA3 atingindo o breakeven [ponto de equilíbrio entre despesas e receitas] apenas em 2026″, avalia.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.