Casa Verde e Amarela: analistas esperam impacto positivo em Direcional, MRV e Tenda

Mercado enxerga maior demanda por unidades habitacionais diante da redução nos juros do financiamento imobiliário

Ricardo Bomfim

Casas do programa Minha Casa, Minha Vida

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SÃO PAULO – Anunciado ontem, o programa Casa Verde e Amarela, que substituirá o Minha Casa, Minha Vida, terá consequências para as ações de construtoras focadas no segmento de baixa renda. As principais delas são Direcional (DIRR3), MRV (MRVE3) e Tenda (TEND3).

De acordo com Renan Manda, analista da XP Investimentos, a redução na taxa de juros do financiamento imobiliário promovida pelo novo programa beneficiará as duas companhias, pois ampliará o acesso das famílias aos imóveis e, consequentemente, elevará a demanda pelas unidades habitacionais oferecidas.

Os analistas Daniel Gasparete, Eduardo Costa e Vanessa Quiroga, do Credit Suisse, escrevem em relatório que além disso, as empresas ainda terão com o programa menos necessidade de contratarem empréstimos sem recurso.

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Eles ressaltam, todavia, que a curva de subsídios do programa e o preço máximo por unidade seguem um mistério. “Assumimos que não haverá mudanças substanciais nesses parâmetros. Neste caso, a redução nos juros cobrados de compradores poderia se traduzir em maior poder de precificação principalmente para as faixas de menor renda”, comenta a equipe de análise do banco suíço.

Em relação às novidades anunciadas, como o financiamento para regularização e reformas, o Credit Suisse lembra que a regularização possa atingir 2 milhões de casas até 2024, enquanto as reformas tenham potencial de chegar a 400 mil imóveis.

“Juntos, esses números representam as aproximadamente 20% de habitações consideradas inadequadas por conta de problemas nas edificações, segundo dados da fundação João Pinheiro”, ressalta o CS.

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A Direcional e a MRV foram citadas pelo Credit Suisse como grandes beneficiadas pelo programa, por terem ao menos 20% dos seus terrenos localizados nas regiões Norte e Nordeste, que terão condições especiais para o financiamento imobiliário.

Casa Verde e Amarela

Conforme informado ontem, a Medida Provisória 996/2020, que instituiu o Casa Verde e Amarela, tem como objetivo atingir 1,6 milhão de famílias até 2024. Além do financiamento, serão garantidas a regularização habitacional e pequenas reformas.

O corte nos juros será de 0,75 ponto percentual para famílias das regiões Norte e Nordeste do País e de 0,5 ponto percentual para as famílias das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Outra novidade é que a remuneração da Caixa Econômica Federal pelo Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) não será mais à vista, e sim parcelada em quatro anos.

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Fora os juros mais baixos, Norte e Nordeste também receberão maior alocação de recursos, de modo a suprir o déficit habitacional, que é mais grave nos estados dessas regiões.

A divisão das condições do programa segue dividida em faixas, assim como ocorria no MCMV, mas em vez de quatro são três, definidas como renda familiar abaixo de R$ 2 mil, de R$ 2 mil a R$ 4 mil e de R$ 4 mil a R$ 7 mil por mês. A faixa de R$ 7 mil a R$ 9 mil, portanto, foi excluída do Casa Verde e Amarela, e a faixa de até R$ 1,8 mil não terá mais juro zero e 90% do imóvel subsidiado pelo governo.

Quem tem renda mensal menor que R$ 2 mil, terá como juros na compra dos imóveis a Taxa Referencial (TR) mais de 4,25% a 4,5% ao ano no Norte e no Nordeste, ou TR+4,75% a 5% ao ano nas demais regiões do País. Para quem ganhava de R$ 1.800 a R$ 2.600, as condições no MCMV eram de juros de TR+5%.

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Já quem ganha de R$ 4 mil a R$ 7 mil mensais, por exemplo, terá juros de TR+7,66% ao ano contra TR+8,16% como era cobrado no MCMV.

Vale lembrar que as MPs têm caráter de lei e, portanto, entram em vigor assim que assinadas, mas podem perder a eficácia se não forem aprovadas pelo Congresso.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.