Carta de Conjuntura do Ipea indica retomada do crescimento econômico

"Não foi uma coisa excepcional, poderia ter sido melhor, mas já indica uma recuperação", disse o coordenador do Grupo de Análise e Previsões do Ipea

Equipe InfoMoney

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RIO DE JANEIRO – A economia brasileira já está em processo de recuperação, de acordo com as análises publicadas na Carta de Conjuntura de dezembro, divulgada hoje (19), no Rio de Janeiro, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

Segundo informou à Agência Brasil o coordenador do Grupo de Análise e Previsões do Ipea, Fernando Ribeiro, a economia passou quatro trimestres sem crescimento, com variação próxima de zero no Produto Interno Bruto (PIB) e, no terceiro trimestre, cresceu 0,6%. “Não foi uma coisa excepcional, poderia ter sido melhor, mas já indica uma recuperação”, disse.

Outros indicadores de outubro e novembro evidenciam que, no quarto trimestre, a taxa de crescimento do PIB deverá se manter moderada. Os pesquisadores do Ipea esperam, entretanto, que essa recuperação se mantenha ao longo de 2013, “tendo em vista os estímulos de política econômica que estão sendo dados [pelo governo] e as condições gerais da economia e do setor industrial”.

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A grande questão em destaque na Carta de Conjuntura de dezembro, segundo Ribeiro, é que a recuperação imediata da economia, bem como a sustentação do crescimento por um período mais longo, estão atrelados diretamente ao comportamento do investimento. Essa variável mostrou pior desempenho nos últimos trimestres. “Há indicações de que o investimento vai voltar a crescer, mas isso não está ainda totalmente claro”, observou Ribeiro.

Entre os fatores que sinalizam a retomada dos investimentos no país está o Índice de Confiança dos Empresários, disse o pesquisador. O indicador já mostra um crescimento em relação aos períodos anteriores. “Normalmente, ele é considerado um bom indicador antecedente do que vai acontecer”. Outra variável importante é que os estoques da indústria, que estavam acima do desejado durante muito tempo, já se normalizaram, “o que significa que as empresas vão voltar a expandir a produção e isso vai exigir novos investimentos”.

Outro elemento que reforça a perspectiva de retorno do investimento está ligado à experiência histórica do Brasil. Os incentivos dados pelo governo, entre os quais redução de juros, desoneração, investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e créditos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), indicam que o investimento deve se recuperar.

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Fernando Ribeiro deixou claro, porém, que os pesquisadores do Ipea “não têm como dizer com certeza que a recuperação do investimento vai acontecer”. Destacou que existe uma série de fatores que estão prejudicando o investimento. Eles podem estar ligados à oferta, incluindo o custo do aumento dos salários e do aumento da produção, como a restrições de demanda e ao próprio fato de o setor industrial ainda não estar mostrando uma recuperação firme. “Porque, para que haja investimentos, é preciso que a produção esteja crescendo, para que isso estimule as empresas a aumentar a sua capacidade”.

Como a indústria está em recuperação, se espera que o investimento volte a crescer. A crise econômica internacional tende a piorar as expectativas das agências e a desestimular investimentos. O Brasil enfrenta restrições para exportar porque o mercado exterior está fraco, o que acaba limitando a produção industrial “e, por tabela, o próprio investimento”, argumentou.

O documento do Ipea indica também que o mercado de trabalho continua em ascensão. Ribeiro avaliou que, embora o volume de empregos gerados seja menor em relação ao ano passado, ele se mantém expressivo. A taxa de desemprego está em queda, o que significa que o país está gerando empregos suficientes para absorver a mão de obra que está entrando no mercado. “E isso está basicamente ligado ao comércio e aos serviços, que são setores que ainda estão sustentando o nível de atividade, diferentemente da indústria”.

Para o pesquisador, essa tendência deverá se manter no próximo ano. Não há nada que indique que esses setores vão perder o ritmo em 2013, enfatizou. “O cenário mais provável é que você continue com o mercado de trabalho gerando empregos e, provavelmente, a taxa de desemprego vai se manter em um nível baixo, como está hoje”. Somente se ocorrer um fato sério no meio do caminho, essa taxa poderá aumentar. “Esse é um lado em que não há grandes incertezas para o ano que vem”, concluiu Ribeiro.

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