Carrefour cria ações para administrar crise após morte de cachorro

A equipe será composta por funcionários das áreas de operações, marketing, comunicação e segurança

Mariangela Castro

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SÃO PAULO – Na última quarta-feira de novembro, começou a circular nas redes sociais o vídeo de um segurança de uma loja do Carrefour em Osasco agredindo um cachorro que estava em frente ao estabelecimento com uma barra de metal. O cão foi levado pela equipe do Centro de Zoonoses de Osasco, mas não resistiu e foi cremado.

Este acontecimento gerou grande comoção e uma série de manifestações de clientes do supermercado via internet, alguns, inclusive, pedindo boicote ao grupo. O Ministério Público de São Paulo abriu um inquérito civil para apurar o acontecimento.

Na última quinta-feira (6), em depoimento, o segurança confirmou a agressão e disse estar arrependido. O acontecimento pode ser julgado como crime de maus-tratos aos animais. Neste caso, a pena prevista é de três meses a um ano de detenção.

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Em nota de esclarecimento, o Grupo Carrefour “reconhece que um grave problema ocorreu em sua loja de Osasco e não vai eximir de sua responsabilidade.” Eles dizem ainda que “são os maiores interessados para que todos os fatos sejam esclarecidos” e que “desde o início da apuração, o funcionário de empresa terceirizada foi afastado.”

No último final de semana, o grupo também informou que se reuniu com ONGs e entidades envolvidas com a causa animal para estudar quais iniciativas o grupo poderia construir. Entre as ações anunciadas estão rever os procedimentos internos sobre como lidar com animais abandonados nas proximidades das lojas e como treinar colaboradores, parceiros e prestadores de serviço sobre a maneira de agir em situações similares. 

Também é uma vontade da empresa ampliar as feiras de adoção de animais, reaparelhar o Centro de Controle de Zoonoses de Osasco (SP) e criar o “Carrefour Pet Day”, no dia 28 de novembro, data da morte do cachorro, data em que apoiará, com recursos financeiros, entidades de acolhimento e defesa animal. 

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O Carrefour não teria fornecido instruções impedindo que os funcionários opinassem publicamente. Apesar disso, alguns gerentes e diretores têm defendido o grupo em suas redes sociais.

Nos últimos dias, a companhia enfrentou constante críticas na internet e um protesto aconteceu neste fim de semana, em frente a loja em Osasco. Foi criado, inclusive, um abaixo-assinado que pede “justiça e cadeia para quem matou o cão”, mais de 1.900.000 pessoas já assinaram a petição.

Vai funcionar?

Ainda não se sabe se estes atos influenciarão as vendas da rede. No entanto, desde o dia 27, anterior ao acontecimento, as ações do grupo (CRFB3) viram alta de 6,6%. No período, o papel fechou 5 pregões em máxima histórica. Na última sexta, a empresa fechou em queda de -1,04, valendo R$ 17,12, ante queda de 0,82% do Ibovespa. 

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Patrícia Teixeira, diretora da consultoria We Plan Before, de Gestão de Riscos e Gerenciamento de Crise, diz que além de afastar o funcionário e pedir desculpas publicamente, o Carrefour precisa se atentar para que esta situação não conte a acontecer. “Todo estabelecimento que trabalha com comida, desde pequenos mercados até grandes redes, lidam com animais no entorno. É preciso prever este risco e oferecer um treinamento a todos os funcionários, terceirizados ou não, sobre como agir neste tipo de situação.”

A especialista também comentou que não conhece nenhum caso no Brasil em que o boicote a uma determinada marca foi efetivo. “Esse tipo de manifestação costuma trazer grandes efeitos, no entanto necessita de uma mobilização muito grande e bem articulada.”

Segundo o Google Trends, ferramenta que mede tendências de busca na internet, desde o dia 4 de dezembro o volume de buscas pela palavra “Carrefour” triplicou em relação aos dias anteriores, com exceção da Black Friday. O mesmo aconteceu com a palavra “cachorro”.

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