Dólar tem espaço para cair mais – mas chegar aos R$ 3,50 demandará mais do que a Previdência

Analistas veem moeda podendo chegar até R$ 3,75 no curto prazo, mas para cair mais será preciso retomar efetivamente o crescimento do País

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após engatar uma forte alta na primeira quinzena de maio, o dólar passou a corrigir os exageros no fim do mês passado e começa junho seguindo o movimento de queda em meio ao cenário político mais otimista no mercado.

Nesta terça-feira (4), a moeda americana caminha para sua quinta queda em seis pregões, voltando para os preços de 11 de abril, na casa dos R$ 3,85. E mesmo diante da forte correção dos últimos dias, analistas apontam que o dólar ainda tem espaço para cair mais ante o real, podendo chegar a R$ 3,75 em breve.

Há cerca de um mês, Fernanda Consorte, economista-chefe e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, já havia alertado que se o noticiário político continuasse positivo como começava a se desenhar com a melhor articulação do governo, o dólar poderia cair para R$ 3,80.

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Desde então, houve uma positiva melhora do cenário, com maior otimismo para a votação da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara e, mais recentemente, com a expectativa de queda de juros nos Estados Unidos.

Nesta terça, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, sinalizou abertura para reduzir as taxas, se necessário, e ainda prometeu manter vigilância atenta às consequências da guerra comercial que, segundo ele, “não sabemos como ou quando essas questões serão resolvidas”. O corte dos juros nos EUA favorece países emergentes como o Brasil por conta do diferencial das taxas, tornando mercados como o nosso mais atrativos para investimento.

José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, explica que mesmo com a expectativa de que o Banco Central corte a Selic em breve, este aumento nas apostas de redução de juros nos EUA ajuda a manter o diferencial das taxas, mitigando qualquer prejuízo do movimento da autoridade brasileira e favorecendo o real.

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“Assim, com o melhor humor interno devido a retomada das apostas de aprovação da Previdência e eventual corte de juros pelo Fed, podemos ter um cenário benigno para o câmbio, juros e bolsa”, afirma o estrategista, apontando que a moeda pode começar a operar dentro de uma faixa entre R$ 3,75 e R$ 3,95 a partir de agora.

Já Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO, destaca em relatório o forte movimento especulativo ocorrido nas últimas semanas. Segundo ele, sem fundamentos, a disparada do dólar para a casa dos R$ 4,10 foi sustentada por estrangeiros.

“O dólar, que foi fonte inspiradora para os estrangeiros desenvolverem uma inconsequente especulação na formação do seu preço no mercado de câmbio futuro, consubstanciado num cenário prospectivo imaginário de caos, vai ‘devolver’ toda a margem inconsequente agregada ao seu preço reconduzindo o seu preço ao patamar de R$ 3,75 a R$ 3,80”, explica.

Nehme explica que, se de um lado os estrangeiros mantêm posição comprada em dólar, os bancos estão, desde o início do ano, operando na posição inversa, ou seja, vendidos. Isso tem sido demonstrado também pelo relatório Focus do Banco Central, que semanalmente tem mantido a projeção da moeda para o fim do ano próximo dos R$ 3,80.

Um pouco menos otimista, Damont Carvalho, gestor de fundos da Claritas, afirmou em entrevista para a Bloomberg que ainda há espaço para o dólar cair, mas que a volta para o nível dos R$ 3,50 não depende apenas da aprovação da reforma da Previdência.

Segundo ele, que prevê o câmbio no fim do ano a R$ 3,90, a reforma da Previdência é o ponto mais importante no curto prazo para dar sustentabilidade para a dívida, mas não é determinante para retomar o crescimento do País. Com o dólar de volta aos R$ 3,85, a correção pode estar chegando ao fim, e mesmo que o mercado comemore a Previdência, ver a moeda em níveis ainda menores dependerá de muito mais esforço do governo.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.