Dólar a R$ 4,20 é incoerente, mas atuação do BC tem efeito de “enxugar gelo”, diz analista

"A emoção está prevalecendo sobre a razão" neste momento, avalia o diretor da NGO

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O dólar voltou a ser o grande assunto no mercado. Mais do que o Ibovespa, que segue em altos e baixos diários, a moeda norte-americana iniciou uma arrancada contra o real e nesta quinta-feira (30) se aproximou de sua máxima histórica de R$ 4,25, chegando a superar a marca de R$ 4,20.

Logo após este “susto” no mercado, o Banco Central decidiu aparecer e realizar um leilão de US$ 1,5 bilhão em swaps cambiais. Segundo a autoridade monetária as intervenções visam “prover liquidez e garantir o bom funcionamento do mercado cambial e, portanto, do regime de câmbio flutuante”. A intervenção aliviou o mercado e a moeda voltou para R$ 4,14, ficando abaixo de sua máxima histórica de fechamento, em R$ 4,1631, de janeiro de 2016.

Para o diretor da NGO, Sidnei Moura Nehme, “a emoção está prevalecendo sobre a razão” neste momento, e esta disparada do dólar “é um equívoco sem fundamentos e absolutamente incoerente”. Ele diz que é provável que a pressão continue no mercado, já que isso decorre das incertezas eleitorais, mas que não há capacidade para o mercado sustentar estes valores. Vale lembrar que nesta quinta, parte do mau humor também veio das crises na Argentina e Turquia, que também têm visto suas moedas sofrerem bastante.

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“Continuamos com a firme percepção de que o movimento especulativo vai acabar se esvaziando por si só no momento em que os fomentadores do movimento especulativo tomarem consciência que, desta vez, não há como fazer do preço do dólar no mercado brasileiro o sensor mais efetivo do elevado grau de insegurança advinda das dúvidas e incertezas”, explica Nehme.

Mas se mesmo com os fundamentos mostrando que não era para o dólar estar a R$ 4,20, ele chegou neste patamar, o que ligou o alerta no Banco Central, que decidiu atuar, mesmo que sem um impacto tão grande no preço da moeda. E este é outro alerta do diretor da NGO, que diz que esta intervenção neste momento não é tão eficaz quanto se imagina.

“Quando os fatores forem imponderáveis, como ocorre no momento presente, não tem capacidade mínima de interferência, pode até causar por momentos esta impressão, mas logo ficará evidente que a ação tem tanta eficácia quanto ‘enxugar gelo'”, avalia Nehme. Segundo ele, o Brasil tem uma “situação cambial absolutamente tranquila”, e a impressão que o BC passa é que o país possa estar em um ambiente desfavorável, o que não é o caso.

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Por fim, o economista explica que o mercado não está buscando por proteção neste momento – algo que era visto, por exemplo, no rali do primeiro semestre -, e ao que tudo indica, a oferta de swaps cambiais neste ambiente “pode ser um erro da autoridade monetária, que até aqui vinha agindo com rigoroso equilíbrio”.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.