Alta exagerada? Recuperação do real não deve ter vida longa, diz LCA Consultores

Para consultoria, movimento de apreciação cambial, como sugere o modelo, parece ter sido mais que proporcional aos fundamentos

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Os últimos dias foram de valorização da moeda brasileira, após forte queda no ano, tanto em relação ao dólar como em relação a moedas de outras economias emergentes. 

Conforme destaca a LCA Consultores, contudo, a recuperação do real “não deve ter vida longa”. “Sem dúvida a diminuição nos prêmios de risco no exterior ajudou na recuperação do real, mas subsistem vários riscos no exterior e no front doméstico que poderão reverter a recuperação do real frente ao dólar”, afirmou a consultoria. 

A consultoria afirma que, no mercado doméstico, não houve notícias particulamente negativas no front político, em especial no que diz respeito ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Porém, a incerteza continua sobre a votação dos importantes projetos fiscais que podem ajudar na recuperação das contas pública. “Destacamos os projetos da DRU, da CPMF, da regularização dos recursos depositados no exterior, as mudanças no sistema S e no cálculo dos Juros sobre o Capital Próprio”.

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Já no exterior, houve um movimento de menor aversão ao risco que ajudou na recuperação dos preços das commodities e das moedas dos emergentes, ainda mais das que mais haviam se depreciado, caso do real. “Entretanto, não descartamos novas rodadas de depreciação destas moedas por conta do Federal Reserve, que após sua reunião de outubro sinalizou de forma inédita que vai considerar a elevação do juro básico de dezembro. Como esta decisão dependerá do comportamento da economia e do seu impacto no cenário do Fed, os dados econômicos que sairão na próxima semana ganharam especial importância”.

Vale destacar que, ontem, o dólar comercial subiu 0,69% e encostou nos R$ 3,80, após dados fortes sobre o setor de serviços dos Estados Unidos e declarações da chair do Federal Reserve, Janet Yellen, alimentarem apostas de que o banco central norte-americano deve elevar os juros ainda neste ano. A LCA avalia que sem dúvida a diminuição nos prêmios ajudou na recuperação do real; contudo, “subsistem vários riscos no exterior e no front doméstico que poderão reverter a recuperação do real frente ao dólar”.

Em modelo de projeção da taxa de câmbio, comparando o valor corrente com o valor que estaria de acordo com os fudamentos, a LCA destaca que a distância entre o valor efetivo da taxa de câmbio (R$ 3,80) e da projeção do modelo (R$ 3,87) é pequena. “E o que é mais revelador: enfim a taxa de câmbio efetiva está abaixo da projeção do modelo”. Confira o gráfico abaixo:

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ModeloLCA

“Os fundamentos do Brasil não melhoraram, tampouco as perspectivas de ajuste fiscal estão muito melhores agora do que há uma ou duas semanas atrás. Este movimento de apreciação cambial, como sugere o modelo, parece ter sido mais que proporcional aos fundamentos e, à medida que o aperto monetário nos EUA ficar mais próximo e o mercado ficar mais seletivo, o desempenho do real, especialmente em relação às demais moedas emergentes, deve tornar a piorar”, afirma a consultoria. 

Desempenho das moedas:

QuadroLCA

Vale destacar que, em relatório de ontem, o Bank of America Merrill Lynch afirmou que o dólar a nível de R$ 3,87 parece justo, ainda que investidores estejam apreensivos com o risco de overshooting diante da expectativa de alta do juro pelo fed e do ruído político, segundo relatório assinado por David Beker, economista-chefe para o Brasil do banco. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.