Câmbio: mesmo depois de várias quedas, será que o dólar ainda pode cair mais?

Com forte ingresso de recursos, dólar pode testar os R$ 2 nos próximos dias, mas a atuação do BC ainda inibe grandes recuos

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Na última terça-feira, o dólar comercial fechou abaixo dos R$ 2,04 e, com isso, atingiu sua menor cotação em seis anos. Pressionado pelo ingresso de recursos externos, o valor da moeda norte-americana frente ao real tem se aproximado, cada vez mais, do patamar dos R$ 2,00.

Sendo assim, a pergunta que paira no ar é: mesmo depois de acumular uma desvalorização de quase 5% desde o início do ano, passando do patamar dos R$ 2,13 para R$2,03, pode o dólar comercial cair ainda mais nos próximos dias e perder a marca dos R$ 2,00?

R$ 2,00 nos próximos dias

Na opinião de Rossano Oltramari, da XP Investimentos, a despeitos das diárias e expressivas atuações do Banco Central no mercado de câmbio, se o ingresso de recursos externos mantiver o ritmo forte, a cotação da moeda estrangeira pode testar os R$ 2,00 nos próximos dias.

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O analista esclarece que o objetivo do Banco Central não é mudar a tendência da taxa de câmbio, mas suavizar a intensa desvalorização do dólar. Para tanto, o BC está enxugando a excessiva oferta de dólares no mercado através de compras diárias que, muito embora limitem o movimento de valorização do real, não encerram a queda traçada pelo dólar.

Ocorre que a oferta de dólares no mercado é muito grande. Ao longo das últimas semanas, o ingresso de capital externo foi muito forte e, para se ter uma idéia, apenas na Bolsa de Valores de São Paulo, ingressou, na semana passada, mais de R$ 1 bilhão.

Dentro deste contexto, e mantido o clima mais ameno do cenário internacional, ao longo do mês de abril, o fluxo de capital internacional em direção ao Brasil deverá colocar o dólar no teste dos R$ 2,00: “a possibilidade de buscar os R$ 2,00 é grande”, concluiu o Rossano.

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Sem grande espaço para novas quedas

Por sua vez, o administrador de carteira da Alpes Corretora, Fausto Gouveia, lembra que fatores como o saldo comercial, a queda contínua do risco-país e o tão esperado investment grade cada vez mais perto de se tornar realidade, que diminuem o custo de capitação no exterior e fortalecem o ingresso de recursos externos, “devem inibir durante um bom tempo uma alta do dólar mais vigorosa”.

Em todo caso, embora o analista acredite na possibilidade de a cotação da moeda estrangeira cair ainda mais, não vê um espaço muito expressivo para novas quedas, mesmo porque o Banco Central deverá seguir com suas intervenções no mercado de câmbio, reduzindo a possibilidade de a moeda norte-americana se manter abaixo dos R$ 2,00.