Câmbio e alta das commodities impulsionam lucros das companhias brasileiras no 3º trimestre

Desvalorização do Real e alta dos preços das commodities beneficiam exportadoras mas prejudicam companhias voltadas ao mercado interno

Vitor Azevedo

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SÃO PAULO – O lucro das empresas listadas na bolsa de valores brasileira disparou na comparação com o mesmo intervalo de 2020 e também ao se levar em consideração 2019, período pré-pandemia.

De acordo com um levantamento da Economatica, que acompanhou os resultados de 291 companhias, no terceiro trimestre deste ano, no total, entre julho e setembro de 2021 esse número foi R$ 128,2 bilhões, alta de 124,7% na base anual e de 139,0% na bienal.

Entre as companhias acompanhadas estão as dos mais variados setores, incluindo gigantes como a Vale (VALE3), a Petrobras (PETR3;PETR4) e o setor financeiro brasileiro. Essas, porém, foram excluídas em determinado momento do estudo por distorcerem a amostra geral, puxando a variação para cima.

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Apenas Petrobras e Vale foram responsáveis por um ganho de R$ 51,3 bilhões entre julho e setembro deste ano, 40% do lucro total. A petroleira reverteu prejuízo na base anual e a mineradora teve alta de quase 30%.

Já o setor financeiro – que inclui bancos, seguradoras e bolsas – viu se lucro voltar a crescer em 2021, superando o de 2019. Em 2020, os ganhos foram prejudicados principalmente pela queda da Selic. Com lucro de R$ 24,1 bilhões, o setor perde em lucratividade apenas para a Petrobras e a Vale.

Sem o setor de mineração, o financeiro e o petroleiro, as companhias brasileiras lucraram R$ 101,3 bilhões, alta de 77,30% na comparação com o mesmo intervalo de 2020 e de 117,25% com o de 2019.

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Câmbio e alta das commodities impulsionam lucros de companhias de insumos

Entre essas, alguns setores viram sua lucratividade operacional disparar nos últimos dois anos. São destaques, nesses casos, as companhias de siderurgia e de metalurgia, com as 18 companhias listadas registrando um lucro em 2021 de R$ 14 bilhões, 821,76% maior do que no consolidado de 2019. O setor de químicos, com nove empresas, veio  em segundo lugar, com o lucro crescendo 833,05% na base bienal, chegando a R$ 7,9 bilhões.

Na comparação com 2020, as maiores variações são para o setor de veículos e autopeças, que registraram alta de 536,93% no lucro, e para o setor de agro e pesca, com alta de 459,6%.

De maneira geral, a desvalorização do real frente ao dólar e também o fato de as commodities e insumos terem ficado mais caros pesou na lucratividade dos setores mencionados. Boa parte das companhias viram seus produtos se valorizarem no mercado internacional e ainda estão gastando menos por produzirem no Brasil, com o Real menos valorizado.

A margem bruta no terceiro trimestre de 2021 foi de 26,67%, valor 0,56 ponto percentual superior ao de 2020 e 1,51 ponto percentual superior a 2019.

A receita líquida operacional dessas empresas foi de R$ 657,1 bilhões, valor 33,2% maior ao do mesmo período de 2020 e 51,6% com relação ao de 2019 – também, então, registrando alta, mas não tão acentuada.

Cenário também atrapalhou empresas

No lado oposto, no da queda da lucratividade, estão os setores mais voltados ao mercado interno. O comércio teve o maior recuo entre as baixas de lucro operacional, com queda de 58,28%, seguido pelo setor de construção, com 49,66%, e pelo imobiliário, com 37,36%.

“O aumento dos custos de mercadorias vendidas, principalmente pelas varejistas, foi uma tendência muito clara. Isso tem uma relação muito grande com as questões inflacionárias e há como resultado reduções das margens”, explicou Henrique Esteter, especialista de mercado do Infomoney.

Também com foco no mercado interno estão os três setores que fecharam setembro de 2021 com prejuízos. O setor de transportes e serviços registra o maior prejuízo deles, com déficit de R$ 3,81 bilhões, seguido pelo setor de telecomunicações, R$ 2,55 bilhões, e o de educação, R$ 292 milhões.

Houve ainda, apesar da maior lucratividade, um aumento da dívida líquida geral, que chegou a R$ 737,3 bilhões, alta de 6,1% frente a 2020 e de 18,6% na comparação com 2019.

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