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SÃO PAULO – Em relatório divulgado recentemente, o banco de investimentos Merrill Lynch analisa a valorização da moeda brasileira perante o dólar no último mês e analisa as possibilidades de atuação do Banco Central diante desse cenário.
Após ter revisado para baixo suas expectativas para o dólar em 2005 e 2006, o banco norte-americano acredita que a tendência de curto prazo é negativa para a moeda dos EUA, que pode seguir perdendo valor em relação ao real. Isso, por sua vez, pode justificar uma atuação mais efetiva do BC no sentido de evitar efeitos negativos sobre a balança comercial.
Desempenho da balança comercial causou valorização
De acordo com o banco, a valorização do real é conseqüência do sólido desempenho da balança comercial brasileira e, no médio prazo, não há sinais de ameaça abrupta a essa valorização, uma vez que são grandes as possibilidades de manutenção do ritmo de crescimento brasileiro.
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No entanto, uma fonte de preocupação em relação à valorização da moeda brasileira é a redução da competitividade das exportações brasileiras. Para o banco, embora isso não seja um problema no curto prazo, pode tornar-se uma questão a ser corrigida em algum ponto do futuro. O mercado vê o patamar de R$ 2,80 por dólar como um limite de valorização do real.
Um dilema na política monetária do BC
De acordo com o relatório, apesar da aparência propícia do cenário macroeconômico para a continuação do processo de aumento das reservas de moeda estrangeira iniciado em janeiro, quando o dólar também girava em torno dos R$ 2,80, a situação do Bacen (Banco Central Brasileiro) é bem diferente da do início do ano.
Desde a última reunião do Banco Central, quando a taxa Selic foi elevada em 25 pontos base para 16,25%, foi dada uma nova direção a política monetária brasileira, ou seja, foi iniciado um período de rigidez na política do BC.
Nesse sentido, seria contraditória a compra de moeda estrangeira, como efetivado no passado, porque a aquisição através de emissão de reais aumentaria a liquidez da economia e pressionaria a inflação, que ainda preocupa em razão da volatilidade no mercado de petróleo e de outras commodities.
Merrill Lynch prevê volatilidade do mercado
A Merrill Lynch conclui que o Banco Central perdeu munição para intervir no mercado de câmbio, e no caso de a cotação ultrapassar o patamar de R$ 2,80, o BC pode não ter condições de controlar imediatamente a mudança de perspectivas do mercado.
Isso levou o banco de investimentos a alertar para uma época de alta volatilidade da moeda norte-americana, caso o real mantenha a tendência de valorização. Vale lembrar que as projeções do dólar foram revisadas para baixo, passando de R$ 3,29 para R$ 3,09 no final de 2005 e de R$ 3,48 para R$ 3,29 em dezembro do ano seguinte.