Câmara vai apurar paralisações em ferrovia baiana

"As informações demonstram que a obra está sofrendo um calote generalizado e que o governo faz isso sem nenhuma preocupação com as consequências desse problema", disse o líder do Solidariedade

Estadão Conteúdo

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Os desmandos nas obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) serão alvo de apuração pelo Congresso. A partir das denúncias publicadas na semana passada em reportagem pelo jornal O Estado de S.Paulo, o deputado Arthur Maia (BA), líder do Solidariedade, decidiu apresentar requerimento para realização de audiência pública sobre a Fiol. O objetivo é esclarecer as causas das paralisações na ferrovia, as demissões em massa de trabalhadores e o prejuízo bilionário que o empreendimento poderá gerar aos cofres públicos.

No requerimento apresentado à Comissão do Trabalho, da Administração e Serviço Público da Câmara, Arthur Maia pede a presença dos ministros do Planejamento, Nelson Barbosa, e dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, além de um representante do Ministério Público do Trabalho na Bahia.

“As informações demonstram que a obra está sofrendo um calote generalizado e que o governo faz isso sem nenhuma preocupação com as consequências desse problema”, disse Maia. “Em outubro, começa o período chuvoso. Todas as obras de terraplenagem que não estão concluídas poderão se perder nesse período. É uma situação de urgência para evitar ainda mais prejuízos.” A expectativa do parlamentar é de que a audiência seja aprovada na próxima semana pela comissão.

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Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo demonstrou que as obras da Fiol, projeto de 1.527 km de extensão que já consumiu R$ 3 bilhões, é hoje um empreendimento sem data de conclusão. Os primeiros 500 km da ferrovia baiana, que começariam em Figueirópolis (TO), ponto de ligação com a Ferrovia Norte-Sul, e avançariam até Barreiras (BA), não tem um metro sequer de execução até hoje, por causa de indefinições sobre seu o traçado. O trecho central da Fiol – os 500 km que ligam Barreiras a Caetité – estão com 42% de execução física, mas ainda há lotes que praticamente não foram iniciados.

A terceira parte de 500 km, que avança até Ilhéus, está com 67% de execução geral. O fim dessa linha, porém, está apontado para um porto que ainda não existe. As obras da ferrovia baiana começaram em 2010 e a previsão era concluí-la em junho de 2013. De R$ 4,2 bilhões, a obra já chega a R$ 5 bilhões e não se sabe mais onde é que seu custo vai parar.

A estatal Valec, responsável pela obra, acumula R$ 600 milhões em dívidas com dezenas de fornecedores e prestadores de serviço. Um ano atrás, os lotes da Fiol eram ocupados por 5,6 mil trabalhadores. Hoje, são apenas 2,9 mil funcionários. Sem dinheiro, a Valec cancelou compras de trilhos e tem priorizado serviços de manutenção, para não perder serviços já executados.