Caixa Seguridade: cinco grandes bancos recomendam compra para ação e veem potencial de alta de até 79%

Analistas veem uma combinação positiva de crescimento, dividendo e valuation atrativo, enquanto citam eventual interferência política como risco

Lara Rizério

IPO da Caixa Seguridade (Foto: Cauê Diniz/Divulgação B3)

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SÃO PAULO – Desde a sua estreia na Bolsa, em 29 de abril, as ações da Caixa Seguridade (CXSE3) já subiram 15,20% (até o fechamento de quarta-feira) e analistas de mercado veem potencial para o papel subir ainda mais.

Cinco bancos – Morgan Stanley, Credit Suisse, Itaú BBA, Bank of America e BB Investimentos – iniciaram a cobertura para os ativos CXSE3 com recomendação equivalente à compra e preços-alvos que variam de R$ 15 a R$ 20, ou um potencial de alta entre 34% e 79%. As ações CXSE3 fecharam em alta de 5,75%, a R$ 11,78.

A Caixa Seguridade é a segunda maior seguradora do Brasil, controlada pela Caixa Econômica (que detém 82% de participação na empresa). Ela possui quase 15% de participação de mercado, contando com 24% do mercado de bancassurance (vendas de seguros pelas instituições financeiras). O mercado de bancassurance, por sua vez, conforme ressalta o Credit Suisse, responde por mais de 60% dos prêmios e sua participação tem se mantido nos últimos anos.

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O Credit Suisse, que possui preço-alvo de R$ 15 (ou potencial de alta de 34,6% frente o último fechamento) para as ações da companhia, aponta que a Caixa Econômica Federal tem de longe a maior rede de distribuição do Brasil, o que continua sendo uma vantagem competitiva fundamental para o modelo de negócios de bancassurance da Caixa Seguridade.

A companhia tem um histórico e crescimento e rentabilidade muito bom, avaliam os analistas, com um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) médio se mantendo em um nível bastante saudável de 30% com um crescimento médio anual composto (CAGR) dos lucros de 13% desde 2016.

Os analistas destacam três principais alavancas de crescimento para os próximos anos e que justificam a expectativa de crescimento anual do lucro em 33% para o período entre 2021-2023: i) melhor cenário dado os novos acordos com parceiros de seguro e distribuição (deve garantir lucro quase 70% maior que em 2020); ii) maior penetração de seguro com estratégia comercial renovada e iii) maior apetite de empréstimo da Caixa Econômica.

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“Acreditamos que a Caixa Seguridade está subvalorizada, considerando o crescimento significativo dos lucros à frente, decorrente da melhor economia nos novos acordos comerciais com seus parceiros de seguros, a crescente contribuição de sua corretora totalmente controlada (Caixa Corretora) e a crescente, mas ainda baixa, penetração de diversos produtos de seguros. Apesar do forte desempenho desde o IPO, avaliamos que o mercado ainda está atribuindo um desconto excessivo em relação ao risco de execução”, destacam.

O Itaú BBA, que possui preço-alvo de R$ 16 para os ativos CXSE3 (upside de 43,6%), destaca que a empresa construiu pilares para que seu processo de oferta pública inicial de ações avançasse, incluindo uma junta diretora com dois membros independentes, contratos de longo prazo com seguradoras privadas. O banco também ressalta a execução de sua nova estratégia comercial, com apoio da Wiz ([ativo=WIZ3]).

O Bank of America, que tem preço-alvo de R$ 17 (projeção de alta de 52,6% para as ações) avalia que, além das novas parcerias em seguros e da criação de uma corretora própria, a Caixa Seguridade também se beneficiar da maior penetração de produtos de seguros entre os clientes da Caixa.

A expectativa é de crescimento do lucro de 40% em 2021 e também 2022; na sequência, em 2023 e 2024, a alta projetada é de 20% ao ano. Para os analistas do BofA, o crescimento de médio prazo deve ser sustentado pela projeção de recuperação econômica e melhoria do emprego, bem como pela continuidade da alavancagem da carteira de crédito da Caixa e do crescimento da base de clientes.

O BofA ainda destaca que os ativos da Caixa Seguridade ainda podem ser uma boa opção em termos de dividendos, com o dividend yield (dividendo em relação ao preço da ação) podendo ir a 9,3%.

O BB Investimentos, que possui preço-alvo de R$ 18,70 para os ativos (ou potencial de alta de 67,9%) destaca, além do potencial de dividendos e potencial de crescimento, a característica defensiva de seu modelo de negócios.

Para os analistas Henrique Tomaz e Rafael Freda, há um bom potencial de crescimento por conta da baixa penetração relativa de produtos de seguros, previdência, capitalização e consórcio, quando comparado com a fatia relevante da carteira de crédito da Caixa. Neste sentido, o programa de incentivo às vendas, chamado “Programa Time de Vendas”, alinha os interesses dos colaboradores da Caixa com os dos acionistas da Caixa Seguridade para expansão da participação de mercado, apontam.

“Além disso, com novos acordos operacionais com parceiros privados, a Caixa Seguridade passará a perceber maiores lucros para um mesmo volume de prêmios emitidos a partir deste ano, o que por si só contribui para o aumento do seu lucro líquido, ainda que as vendas se estabilizem, o que tende a ser refletido no volume de dividendos distribuídos pela companhia”, destacam. A expectativa é de um pagamento de dividendos médio (dividend payout) de 85% do lucro líquido apurado no ano.

O Morgan Stanley, que possui o preço-alvo mais alto para os ativos, de R$ 20, com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado), aponta que a ação da empresa é atrativa para apostar no setor de seguros e financiamento no Brasil. O preço-alvo corresponde a um valor 79,5% maior frente o fechamento de quarta-feira.

Ela está bem posicionada para capturar o forte crescimento do setor e se beneficia, avaliam os analistas, que afirmam  que iniciativas de vendas e a restruturação recente devem levar a crescimento mais rápido e a lucratividade.

“Acreditamos que a Caixa Seguridade pode acelerar o crescimento elevando as vendas cruzadas para clientes da Caixa Econômica Federal. De fato, apenas 8% dos clientes da Caixa possuem um produto de seguro, em comparação com 30% a 40% nos bancos do setor privado. Essa baixa penetração de clientes resultou no crescimento da Caixa Seguridade muito mais rápido do que a indústria nos últimos três anos [pela base de comparação mais baixa]”, avalia o Morgan.

Além disso, os analistas esperam que a recente reestruturação da empresa conduza a um crescimento mais rápido dos lucros nos próximos dois a três anos por meio de três vias principais: i) estabelecendo melhor relação para parcerias existentes, ii) permitindo que a empresa entre em novos segmentos de produtos, e iii) melhorando o modelo de taxas de corretagem e aumentando a exposição da empresa à corretagem de seguros, uma linha de negócios mais ampla e defensiva”, Os analistas projetam um crescimento do lucro por ação da companhia de 27% em 2021, de 58% em 2022 e de 24% em 2023.

Entre os riscos que estão no radar, as casas de análise destacam um principal: o que decorre do fato da empresa ser estatal.

Assim, avalia o BBA, os maiores riscos são associados à governança corporativa, e a perspectiva de uma eventual intervenção política sobre a companhia.

Os analistas do Credit Suisse apontam também que alterações no governo geralmente levam a mudanças na liderança da Caixa Econômica Federal e, provavelmente, na Caixa Seguridade. “Uma mudança na gestão e na estratégia pode levar o banco a apostar na venda de produtos bancários, em detrimento dos produtos de seguros. A redução do apetite de crédito nos segmentos imobiliário e folha de pagamento pela CEF pode afetar o crescimento dos produtos hipotecários e prestamistas”, apontam, destacam outros riscos para o cenário da empresa.

O BofA também destaca o risco de interferência, mas ressalta que o desconto da seguradora frente os pares parece excessivo, de 14% sobre os concorrentes. Para os analistas, contratos com empresas operacionais são protegidos por acionistas minoritários devidamente empoderados e alterações na gestão ao nível da holding não devem impactar a execução nem a estratégia.

Confira as projeções dos analistas para as ações da Caixa Seguridade:

Instituição Preço-alvo Potencial de valorização*
Credit Suisse R$ 15 +34,65%
Itaú BBA R$ 16 +43,63%
Bank of America R$ 17 +52,60%
BB Investimentos R$ 18,70 +67,86%
Morgan Stanley R$ 20 +79,53%
*em relação ao fechamento de quarta-feira (9)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.