Caixa cobra R$ 515 mi do Santander por OSX; Vale, Petrobras e mais 6 são destaque

Contrato entre ALL e Klabin deve colaborar para que a operadora de ferrovias amplie sua atuação no segmento industrial até 2016; contrato de exclusividade da Oi para vender Portugal Telecom e investimentos da Vale são destaques

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário da primeira semana do último mês de 2014 é bastante movimentado no campo corporativo. Em destaque nesta segunda-feira (1), a operadora Oi (OIBR4) celebrou um contrato de exclusividade com o grupo europeu de telecomunicações Altice por um período de até 90 dias para negociação dos termos finais da venda dos ativos da Portugal Telecom SGPS (PT Portugal), conforme fato relevante divulgado hoje. 

A companhia brasileira informou que a proposta da Altice considera um valor de empresa de 7,4 bilhões de euros (9,2 bilhões de dólares), excluindo caixa e dívida, e inclui um pagamento diferido de 500 milhões de euros relacionado à geração futura de receita da PT Portugal.

Os dois lados vão levar três semanas para finalizar a aquisição e completar a diligência contábil.

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A Altice bateu uma oferta rival dos fundos de private equity Apax e Bain, e agora irá adicionar outro país ao seu portfólio de empresas de serviços móveis e a cabo na França, Israel e República Dominicana, entre outros.

Controlada pelo bilionário empresário franco-israelense Patrick Drahi, a Altice completou sua aquisição de maior porte na última quinta-feira através da compra pela sua subsidiária francesa Numericable, de serviços a cabo, da operadora de telefonia móvel SFR.

O acordo com a Oi marca o desenrolar efetivo da malfadada fusão com a Portugal Telecom, que foi fundamentalmente afetada após o lado português perder centenas de milhões de euros no escândalo bancário da família Espírito Santo no país.

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A Altice já possui duas empresas a cabo de pequeno porte em Portugal. A compra da PT Portugal, antigo monopólio estatal, irá posicioná-la em um posto privilegiado para competir com Vodafone e Optimus. A companhia vai usar caixa e novas dívidas para financiar a oferta.

A venda dos ativos portugueses da Oi também poderá fazer avançar a debatida consolidação móvel no Brasil, onde a Oi é a maior provedora de telefonia fixa e terceira maior em telefonia móvel.

A Oi tem trabalhado em um plano para se juntar a rivais para comprar e, em seguida, repartir a TIM Participações, segunda maior operadora móvel do país.

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Mas a Oi precisa vender alguns ativos para reduzir o peso da sua dívida, atualmente em cerca de 46 bilhões de reais, e ganhar musculatura financeira para participar da oferta pela TIM, que é controlada pela Telecom Italia.

Uma fonte com conhecimento direto da situação disse à Reuters no mês passado que Oi, Telefónica e América Móvil – as duas últimas donas da Vivo e da Claro, respectivamente, no Brasil – vão fazer uma oferta de 32 bilhões de reais pela TIM, para depois dividir o negócio entre si.

A oferta poderá ser apresentada dias após o acordo envolvendo a Portugal Telecom ser confirmado, disseram analistas e profissionais do mercado financeiro.

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Segundo a Oi, não fazem parte da proposta da Altice os investimentos da PT Portugal na Africatel e Timor Telecom, o endividamento da PT Portugal e os investimentos na Rio Forte Investments.

OSX
Segundo o jornal Valor Econômico, a Caixa Econômica Federal cobra R$ 515 milhões do Santander Brasil (SANB11) por fiança da OSX Brasil (OSXB3).

O Santander contesta a cobrança e obteve liminar para não fazer o pagamento, alegando que a Caixa não cumpriu as suas obrigações no empréstimo. A Caixa recorreu e o caso deve ser julgado pelo Tribunal Regional Federal de São Paulo neste mês, em que acontece a assembleia de credores da OSX.

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Klabin e ALL
Um contrato assinado entre a América Latina Logística (ALLL3) e a fabricante de papel Klabin (KLBN11) neste ano deve colaborar para que a operadora de ferrovias amplie sua atuação no segmento industrial até 2016. O acordo prevê o transporte da celulose para exportação a ser produzida pela nova fábrica de Ortigueira (Paraná), atualmente em construção e que deve entrar em operação no primeiro semestre de 2016. A celulose que será transportada vai colaborar para um crescimento de 15% nos volumes de carga do segmento industrial transportados naquele ano pelo corredor de exportação do Paraná, considerado pela ALL o corredor mais produtivo na bitola métrica.

“Para ALL é muito interessante fazer esse transporte, porque permite linearidade de expedição, significa a garantia de volume constante e regular, não depende de sazonalidade, como sofre às vezes com a safra agrícola – que tem interferência de questões climáticas e eventuais quebras de mercado -, para ferrovia é ideal”, disse o responsável da ALL pela área de projetos logísticas e novos negócios, Pedro Zanon Voss.

A companhia tem buscado crescer sua atuação no segmento industrial, em especial em produtos “intermodais”, que historicamente não eram transportados via ferrovia no Brasil, como é o caso da celulose. De janeiro a setembro, a ALL registrou um crescimento de 40,6% no volume de madeira, papel e celulose transportada, para 1,427 bilhão de toneladas transportadas por quilômetro útil (TKU), estimulada pela novata Eldorado Celulose, cliente da operadora ferroviária. No setor, além dela, a ALL também já atende a Fibria e a Klabin (bobinas de papel). Apesar do crescimento desses produtos, no consolidado, a expansão do segmento industrial é mais modesto, de 5,4%, para 8,099 bilhões de TKU, influenciada pela queda de produtos “puramente ferroviários”, como combustível.

No caso do novo contrato com a Klabin, o acordo estabelece que a ALL transportará 900 mil toneladas de celulose por ano que serão produzidas na nova fábrica e destinadas à exportação, por meio do Porto de Paranaguá (PR). A nova unidade, atualmente conhecida como Projeto Puma, num investimento de R$ 5,8 bilhões, deverá produzir 1,5 milhão de toneladas de celulose, das quais 600 mil ficarão no mercado interno e não serão transportadas pela ALL.

O contrato entre as duas empresas tem prazo de 13 anos, até o final da concessão da ALL, em 2027. Além do transporte do insumo por sua malha, a ALL também é responsável pelo desenho de toda a solução logística, que envolve a construção de ramal ferroviário na fábrica e porto, a solução de carregamento e descarregamento e o material rodante, com locomotivas desenvolvidas especialmente para o projeto. As empresas não revelam o valor do contrato ou os investimentos envolvidos.

A Klabin investirá na construção de um ramal de 25 quilômetros dedicado à movimentação de celulose, ligando a fábrica até a ferrovia em Mojinho (PR). Além disso, também está adquirindo sete locomotivas e 306 vagões, com capacidade de carregamento de 64 toneladas cada. Conforme destacou o executivo da ALL, a locomotiva, desenvolvida em parceria entre ALL e GE, elimina a necessidade de conexão com troca de máquinas.

“Essas locomotivas são os destaques do projeto. Com essas máquinas, temos capacidade de descer a serra até o porto, sem a necessidade de troca”, disse. Já os vagões, contratados da Randon, são de modelo FTE, fechado, telescópico, desenvolvidos especialmente para o transporte de celulose e adaptados às necessidades da Klabin.

Embora o investimento seja da fabricante de celulose, que também será responsável pela carga e descarga do insumo, a ALL ficará a cargo da manutenção dos ativos e a operação das vias.

Vale
A Vale (VALE3;VALE5) deverá anunciar um programa de investimentos de US$ 10,5 bilhões (excluindo pesquisa e desenvolvimento) para 2015, o que representará uma queda de US$ 3,3 bilhões em relação ao montante anunciado para 2014, segundo a média das estimativas de 11 instituições financeiras consultadas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, (BB-BI, BTG Pactual, Citi, Credit Suisse, Goldman Sachs, Itaú BBA, J.P.Morgan, Safra, Santander e duas casas que pediram para não serem identificadas). Se confirmado, esse será o quarto ano consecutivo de redução do orçamento de investimentos, após o pico de US$ 18 bilhões em 2011.

A queda brusca do preço do minério de ferro neste ano, que caiu praticamente pela metade, tem aumentado a pressão para maior rigidez no controle de custos e também a dúvida de como a mineradora irá equacionar uma forma de manter dividendos atrativos aos investidores.

Nos primeiros nove meses deste ano, os investimentos da Vale somaram US$ 8,2 bilhões, queda de 20,8% em relação a igual período do ano anterior. Embora a companhia afirme que os investimentos deverão acelerar na parte final do ano, a percepção do mercado é que a execução do orçamento não alcance aquele anunciado no fim do ano passado para este ano. A previsão média dos analistas é que os investimentos no ano fiquem em US$ 12 bilhões, US$ 1,8 bilhão a menos do que o previsto inicialmente.

WEG
A fabricante de equipamentos eletroeletrônicos WEG (WEGE3) anunciou nesta segunda-feira a compra da fabricante alemã de motores elétricos Antriebstechnik Katt Hessen (Katt), com sede em Homberg, na sua segunda aquisição realizada na Alemanha em 2014, segundo comunicado.

A Katt possui dois parques fabris, em Homberg e Dresden, e cerca de 190 funcionários, informou a WEG, acrescentando que a companhia teve receita de 14,4 milhões de euros em 2013.

O valor da transação não foi informado pela WEG, que afirmou que o negócio permitirá à empresa expandir o esforço de pesquisa e desenvolvimento de máquinas elétricas especiais de alta rotação.

Petrobras
O presidente licenciado da Transpetro, Sergio Machado, vai deixar definitivamente nesta semana o comando da subsidiária de logística e transportes da Petrobras (PETR3;PETR4). Machado foi envolvido pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em um esquema de corrupção na estatal petrolífera investigado pela Operação Lava Jato. A presidência da Transpetro, no entanto, deve continuar sob influência do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Vale ressaltar que a Petrobras informou, no último domingo, que está aprimorando a governança e os controles, afirmando que importantes medidas foram adotadas pela companhia, culminando com a aprovação do cargo de diretor de governança, risco e conformidade. 

Dentre as medidas já adotadas pela Petrobras no aprofundamento das investigações destacam-se: 

a) Foram constituídas e concluídas Comissões Internas de Apuração para averiguar indícios ou ocorrências de não conformidades relativas a normas, procedimentos ou regulamentos corporativos;

b) Foram celebrados contratos com dois escritórios de advocacia independentes especializados em investigação, um brasileiro e outro norte-americano, tendo por objetivo apurar a natureza, a extensão e os impactos das ações que, porventura, tenham sido cometidas contra a Companhia

Concomitante às investigações e ao aprimoramento de sua governança, a Petrobras seguirá com as medidas jurídicas visando ao ressarcimento dos supostos recursos desviados e eventuais sobrepreços, bem como dos danos à imagem da Companhia”, informou a Petrobras em comunicado.

Ouro Fino
O Bradesco BBI iniciou cobertura para a Ouro Fino (OFSA3) com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) e preço-alvo de R$ 36,00 por ação. 

Gol
A companhia aérea Gol (GOLL4) divulgou nesta segunda-feira a revisão para cima do intervalo da projeção financeira de margem operacional para o ano de 2014, passando a prever um intervalo de 4 a 6 por cento, ante 3 a 6 por cento anteriormente.

A empresa, que manteve inalteradas as demais projeções para o ano reveladas em março, também divulgou a projeção de capacidade doméstica estável para 2015, acrescentando que manterá a estratégia de racionalização da oferta doméstica e expansão das rotas internacionais.

(Com Agência Estado e Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.