Cada vez mais comuns, robôs passam a ser usados para impulsionar fundos

Muitos investidores tem medo desse tipo de operação e, por isso, os fundos que utilizam essa estratégia não dizem que o estão fazendo

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Uma indústria nascente no Brasil, o High Frequency Trade é cada vez mais utilizado para impulsionar o desempenho de investidores. Ao programar computadores com estratégias de compra e venda, investidores sabem que seus robôs repetirão essas operações até pararem. Se a estratégia for boa e lucrativa, ganharão dinheiro. Se for perdedora ou as condições do mercado mudarem, o prejuízo é inevitável. 

Um dos adeptos do HFT no Brasil é Raphael Juan, gestor da BBT Asset. O principal fundo da instituição, o BBT FIM, rendeu 21% em 2012, com 40% desses ganhos vindo pelas operações com robôs. O bom resultado anima. “Ainda este ano, iremos ampliar em 300 vezes o volume negociado pelos robôs”, afirma Juan. Neste ano, o desempenho é negativo em 2,23%, mas o Ibovespa tem queda de 11,74%. 

Ele salienta que muitos investidores tem medo desse tipo de operação e, por isso, os fundos que utilizam essa estratégia não dizem que o estão fazendo. “O motivo de não declararem pode ser para evitar gerar insegurança nos cotistas, pois estes tendem a ser conservadores em seus investimentos”,  avisa Juan. 

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Ele destaca que há diversos fundos que utilizam robôs: especulativos, de arbitragem, operações estruturadas – e que os investidores estrangeiros e institucionais tentam entender qual tipo de robô existe no fundo. “Se o fundo for capaz de explicar a metodologia e o investidor for de acordo com a estratégia que está sendo usada, não haverá problemas para o investimento e o uso desta tecnologia poderá, inclusive, atrair novos investidores”, avisa.

Cada vez mais comuns no Brasil
Boa parte dos fundos usam sistemas BlackBox, ou seja, não informam as suas estratégias aos investidores, dificultando o aporte por parte dos grandes investidores institucionais e estrangeiros. O fundo de Juan é um dos que não divulgam as informações, mas usa apenas cerca de 15% do patrimônio do fundo no giro financeiro diário. 

Ele alerta, porém, que é possível que o robô gere operações com prejuízo. “Um algoritmo concorrente pode chegar antes e fechar o negócio, deixando o book de ofertas desfavorável. O robô, portanto, pode chegar em segundo lugar e fechar uma das pontas e não conseguir desfazer a outra, deixando a operação direcional. O programador do algoritmo pode tratar essas situações e mitigar o risco”, diz, alertando para que um mercado com muitos robôs vire uma briga por melhor tecnologia, latência e inteligência. 

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Para ele, vai ser cada vez mais crescente o uso desta tecnologia nos próximos anos – principalmente se a volatilidade dos últimos anos se manter. “Os mercados voláteis são ambientes favoráveis para a intervenção da máquina contra a capacidade de operação manual do ser humano. É a diferença entre atirar com um arco-flecha e atirar com uma metralhadora”, termina o gestor.