BRICs são passado? Jim O’Neill, criador do termo em 2001, aposta agora nos MINTs

O'Neill ressalta que continua apostando no grupo de países criado em 2001, mas que grupo formado por México, Indonésia, Nigéria e Turquia tem perspectivas econômicas "interessantes"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Jim O’Neill se aposentou em agosto de 2013 um pouco decepcionado com os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), sigla que cunhou em 2001 como referência para descrever o grupo de nações que ia comandar o desenvolvimento econômico nos próximos anos.

Naquela data, O’Neill afirmou que, se fosse para revisar o termo, ele deixaria apenas o “C” de China. “Mas aí, eu acho que deixaria de ser um acrônimo”, afirmou, mas destacou que o Brasil poderia surpreender.

Com isso, outras siglas surgiram, como os Komets (Coreia do Sul, México e Turquia), destacados no final de 2012 pelo Bank of America Merrill Lynch. Mas, agora, o próprio O’Neill ressalta uma nova sigla em um artigo da Bloomberg: são os MINTs, grupo formado por México, Indonésia, Nigéria e Turquia. Porém, ele destaca que a intenção não é substituir um grupo por outro, mas sim chamar a atenção para estes países, dando destaque aos indicadores demográficos favoráveis nos últimos 20 anos e as perspectivas econômicas interessantes.

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Indonésia
O economista, que era do Goldman Sachs, chamou a atenção para este novo termo após viagem à Indonésia, relatando que muitos locais o questionaram porque eles “foram deixados de fora da primeira classificação”. “O potencial econômico da Indonésia não era mais atraente que o da Rússia?”

O’Neill afirma que achava improvável que a Indonésia conseguisse fazer mudanças suficientes para se beneficiar do potencial de uma população jovem de uma forma rápida. Porém, ele destacou que conheceu vários indonésios que mostraram sua preocupação saudável com a economia do país. Dentre as perguntas feitas, esteve: será que o país tem potencial de crescer 7% ao ano ou tem que se contentar com “apenas” 5%?

Enquanto isso, o ministro da economia da Rússia, Alexei Ulyukayev, sugeriu que e economia de lá deverá crescer apenas 2,5% ao ano nos próximos 20 anos. “Isso me fez pensar o ‘R dos BRICs mais uma vez”, ressaltou. E destaca que a piora demográfica deve agravar ainda mais a situação, destacando ainda a dependência de óleo e gás e a corrupção no país. Contudo, O’Neill também pondera que o pessimismo pode ser exagerado, com as autoridades tentando obter apoio para fazer “uma verdadeira reforma”.

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Já a China segue tendo um papel especial no grupo, pelo seu tamanho, mas também pelo alcance econômico e sua ambição global. “Porém, a abordagem de desenvolvimento tem que ser ajustada”, avalia. E as notícias sugerem que a China está se voltando mais para o consumo, o que é necessário na visão do economista para reduzir a dependência do país das exportações de baixo valor e dos investimentos direcionados pelo Estado.

A transição será difícil, mas O’Neill vê um histórico de pensamento claro sobre estratégia econômica dos governantes chineses e avalia que o país deve crescer 7,5% este ano, sendo assim o único dos BRICs a superar a previsão do economista desde o início da década. “A economia mundial vai continuar se transformando, e os outros BRIC e os MINT terão um padrão ainda mais desafiador contra o qual medir o seu desempenho”, finalizou.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.