BRF salta 15% com reestruturação de R$ 5 bilhões de Parente; Vale e siderúrgicas caem com China

Confira os destaques da B3 na sessão desta sexta-feira (2)

Lara Rizério

BRF (BRFS3)

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As ações da BRF têm um dia de fortes ganhos após o anúncio da sexta-feira de sua reestruturação. Imersa há meses em grave crise nos negócios, a dona das marcas Sadia e Perdigão anunciou na sexta-feira à noite a decisão de vender R$ 5 bilhões em ativos, passando para frente fábricas na Europa, na Tailândia e na Argentina. A venda das unidades faz parte de um amplo plano de reestruturação, que inclui ainda a demissão de mais de 4 mil funcionários no Brasil e redução dos cargos de chefia.

O presidente global da companhia, Pedro Parente, afirmou que a BRF está, neste momento, redefinindo os objetivos de curto prazo. Com isso, irá desacelerar o plano de internacionalização, que era prioridade na gestão anterior, sob o comando da gestora Tarpon e do empresário Abilio Diniz. “Não estamos modificando o plano de internacionalização. Estamos revendo estratégias. É uma freada para arrumação”, disse na sexta, 29, em teleconferência aos jornalistas. 

Maior exportadora de frango do mundo, a companhia não pretende deixar de atender os consumidores europeus, argentinos e tailandeses. Mas o foco, a partir de agora, serão os mercados brasileiro, asiático e muçulmano – este último com a atuação da Banvit, empresa adquirida no ano passado na Turquia.

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A reestruturação, aprovada pelo conselho de administração, ocorre duas semanas após Parente assumir a presidência da companhia, cargo que passou a acumular com o comando do colegiado. O plano é uma tentativa de reação da empresa, que sofreu baques sucessivos nos últimos meses.

Alvo em março de nova fase da Operação Carne Fraca, na qual alguns de seus ex-executivos foram presos, a BRF teve vendas bloqueadas pela União Europeia e pela Rússia, perdendo acesso a alguns de seus maiores mercados. Mais recentemente, a China passou a sobretaxar a importação de frango do País, mais um revés ao grupo.

A greve dos caminhoneiros no Brasil também atingiu fortemente a empresa, afetando as vendas, produção de matérias-primas e aumento de custos. Com isso, os ajustes na estrutura fabril se tornaram necessários. Segundo a BRF, 5% dos 88 mil funcionários do Brasil serão demitidos ao final da reestruturação – uma parte já foi dispensada.

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O objetivo da BRF é levantar os R$ 5 bilhões já nos próximos seis meses, reduzindo, assim, o endividamento da companhia, de R$ 14 bilhões. A empresa já começou a conversar com bancos e deve fechar os mandatos nos próximos dias. No pacote que será oferecido ao mercado, há unidades produtoras e centros de distribuição no Reino Unido, na Holanda, na Argentina e na Tailândia.

As unidades foram escolhidas por serem menos rentáveis que as fábricas no Brasil e no mercado muçulmano. “Buscamos a melhora da produtividade e da rentabilidade no longo prazo”, afirmou o diretor financeiro, Lorival Luz.

A BRF também está vendendo ativos imobiliários e participações em empresas, como o frigorífico Minerva. Nos últimos dias, reduziu sua fatia de 11,3% para quase 6% na empresa. Internamente, o número de vice-presidências foi cortado de 14 para 10. A empresa, que perdeu dezenas de executivos nos últimos anos para a concorrência, ainda busca preencher vagas estratégicas. Ex-presidente da Petrobras, Parente acumulará o comando da BRF e do conselho de administração por até um ano. Depois, terá de escolher qual função exercerá. Ele diz ter disposição para seguir com a companhia de alimentos caso seja de interesse de seus acionistas. Como o foco de vendas no mercado interno será intensificado, a BRF pretende reforçar a estratégia de suas marcas mais famosas, a Perdigão e a Sadia, e seguir com a popularização da Kideli, lançada no ano passado para atuar nos segmentos de baixa renda, como atacarejos.

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 O plano anunciado encerra especulações sobre possível injeção de capital pelos sócios. A avaliação é que a empresa tem caixa robusto e uma chamada de capital não é necessária no curto prazo. Por outro lado, a venda de ativos e a redução do endividamento podem ajudar a levantar as ações, que sofreram muito. Em um ano, a BRF perdeu R$ 16,3 bilhões na Bolsa, mais da metade de seu valor de mercado.

Após meses de disputa no conselho de administração, que era comandado por Abilio Diniz e foi trocado a pedido dos fundos de pensão da Petrobras (Petros) e do Banco do Brasil (Previ), os ânimos, por ora, estão pacificados, mas há entendimento de que há muito trabalho a ser feito, segundo um conselheiro.

A BRF comunicou ainda ter aprovado, por unanimidade de votos, a contratação e desembolso, junto ao Banco Bradesco, de Nota de Crédito à Exportação (NCE) no montante de aproximadamente R$ 1,1 bilhão, equivalentes a US$ 280 milhões, com juros semestrais e vencimento em 05 de junho de 2023. “A BRF vem demonstrando intenso foco na administração de seu passivo, objetivando a extensão do prazo médio de seu endividamento e priorizando a manutenção da sua robusta posição de liquidez de curto prazo”, informou a empresa.

Os analistas da XP Investimentos iniciaram cobertura com recomendação de compra para a BRF, com um preço-alvo de R$ 25 por ação e potencial de valorização de 39%.

 

 

Petrobras (PETR3;PETR4)

Após seis dias de ganhos, a sessão é de perdas para a Petrobras, também seguindo o preço do petróleo, com queda de 0,95% para o brent e 0,24% para o WTI. De acordo com a coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, um dos mais poderosos monopólios do Brasil — o do refino do petróleo pela Petrobras — vai acabar por determinação do Cade. O órgão, diz a coluna, criou um grupo de trabalho para dar fim a esse resistente monopólio, que é inclusive um dos responsáveis pelos altos preços dos combustíveis no Brasil.

O grupo foi constituído logo após a greve dos caminhoneiros e, em setembro, encerrará seu trabalho determinando quantas refinarias a Petrobras terá que vender e em que prazo. Em entrevista à Folha, o presidente do Cade, Alexandre Barreto, diz apoiar periodicidade para reajuste dos combustíveis, não configurando uma intervenção indevida na política da estatal.

Já em comunicado, a Petrobras informou que adiantou o pagamento de uma dívida que tinha com o banco Citibank no valor de US$ 500 milhões, cujo vencimento ocorreria em 2022.

Segundo a nota da empresa, a operação está em linha com a estratégia de gerenciamento de passivos da companhia, que visa à melhora do perfil de amortização e do custo da dívida, levando em consideração a meta de desalavancagem prevista em seu Plano de Negócios e Gestão 2018-2022.

Vale (VALE3)

O mercado fica de olho na Vale em meio à queda de cerca de 2% dos preços do minério de ferro após os dados fracos da economia chinesa. Os últimos dados de atividade industrial mostram que a expansão do setor manufatureiro da China perdeu força no mês passado. O chamado índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) oficial da indústria chinesa caiu de 51,9 em maio para 51,5 em junho, enquanto medida similar da IHS Markit e da Caixin Media recuou de 51,1 para 51 no mesmo período. Enquanto isso, a  Austrália cortou a previsão para o preço médio do minério a US$ 59,40 em 2018. A holding da Vale, a Bradespar (BRAP4), registra perdas mais expressivas, de mais de 2%. 

No radar da Vale, a mineradora informou que está participando de prorrogação antecipada concessões ferroviárias. As concessões ferroviárias expiram em 2027 e a aprovação para prorrogação antecipada das concessões será submetida ao conselho após análise das contrapartidas requeridas pelo governo federal.

As siderúrgicas também registram queda na esteira da China, apesar de notícias para duas empresas do setor. De acordo com o Valor Econômico, a Usiminas (USIM5) anunciou que vai aumentar o preço de laminados em aproximadamente 10% em julho. Esse reajuste seria aplicado em junho. Contudo, com a greve dos caminhoneiros foi postergado.

“Vemos uma probabilidade alta dos aumentos de preço serem implementados com sucesso, à medida que o preço doméstico se encontra a um desconto de 10-15% em relação ao importado, o que se compara com um nível justo de prêmio de 5-15%. Temos recomendação de compra na Usiminas, preço alvo de R$ 12,50 por ação”, ressalta a equipe de análise da XP Investimentos.

Já a CSN (CSNA3) informou que concluiu nesta sexta-feira a venda da totalidade da participação societária na Companhia Siderúrgica Nacional, LLC, empresa localizada nos Estados Unidos, para a Steel Dynamics, Inc., por US$ 400 milhões, o equivalente a cerca de R$ 1,5 bilhão.

Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa ressalta que o valor final da operação ainda estará sujeito a um ajuste pós-fechamento de acordo com o capital de giro nesta data, a ocorrer em até 100 dias. “Espera-se que o resultado da transação, considerando-se a somatória do valor recebido no fechamento e o ajuste de capital de giro, seja uma redução total do endividamento líquido da CSN de aproximadamente R$ 1,8 bilhão, considerando-se a taxa de câmbio atual”, afirma a empresa. Segundo a siderúrgica, a operação faz parte do plano de desinvestimento e desalavancagem da CSN. A empresa ressalta que manterá suas atividades comerciais de importação e distribuição no importante mercado norte-americano por meio de outra subsidiária constituída para este fim.

Em meio ao dia de perdas para as siderúrgicas, as ações da Gerdau (GGBR4) também têm queda de cerca de 1%.

Copasa (CSMG3)

A agência reguladora Arsae autorizou reajuste tarifário médio de 4,31% nos serviços de água e esgoto prestados pela Copasa, disse a companhia em comunicado. 

Sabesp (SBSP3)

A Sabesp informou o cancelamento da emissão de R$ 750 milhões em debêntures, citando para tanto a atual volatilidade do mercado. 

Biosev (BSEV3)

A Biosev informou na sexta que Juan José Blanchard foi nomeado o novo CEO da companhia, após a renúncia de Rui Chammas, então presidente, em reunião do conselho de administração. Segundo comunicado da empresa do setor sucroenergético, Blanchard, de nacionalidade argentina, traz mais de 20 anos de experiência operacional na Ásia, Europa e América Latina no setor de commodities agrícolas do Grupo Louis Dreyfus, especialmente como chefe global dos negócios de fertilizantes e insumos da Louis Dreyfus Company e COO Global do negócio de oleaginosas, entre outros.

“Juan José Blanchard é um profissional experiente com uma longa carreira no grupo e amplo conhecimento de nossos negócios. Ele entregou resultados relevantes e positivos em mercados complexos e em diferentes ciclos econômicos, e estamos confiantes de que sua experiência será fundamental em sua nova função”, informou o presidente do conselho de administração da Biosev, Patrick Treuer. “Nossos planos continuarão a focar a disciplina financeira, eficiência operacional e aumento de produtividade, e aproveito a oportunidade para agradecer ao sr. Chammas, em nome do Conselho da Biosev, pelo seu comprometimento e contribuições para a empresa durante seu mandato como CEO.”

Lojas Americanas (LAME4)

A Lojas Americanas teve a recomendação elevada a ’overweight’ pelo Brasil Plural, com o preço-alvo sendo elevado de R$ 17 para R$ 20. 

Dommo Energia (DMMO3)

O poço localizado no Campo de Tubarão Martelo, teve produção interrompida por tempo indeterminado, devido a falha em bomba centrífuga submersa, informa Dommo em comunicado. Demais poços do Campo de Tubarão Martelo permanecem operando
normalmente. O poço 7-TBMT-2HP começou a operar em julho de 2014 e, recentemente, produzia cerca de 700 barris de óleo diariamente. 

Copel (CPLE6)

A Copel revisou o cronograma da usina Colíder. O empreendimento está em fase final de instalação e comissionamento e adicionará 300MW à carteira da Copel GeT, segundo fato relevante divulgado pela companhia. A Copel anunciou também que as obras para a construção da linha de transmissão Araraquara II — Taubaté foram 100% concluídas; empresa aguarda autorização da ONS. O empreendimento representa aumento de 334 Km de linhas de transmissão e irá adicionar uma receita anual permitida de R$ 29,8 milhões para a Copel GeT.

(Com Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.