BRF (BRFS3): resultado do 1º tri não agrada e não reflete o potencial da empresa, diz CEO; empresa prevê ano austero

Companhia, contudo, apontou em teleconferência que trimestre já é passado” e tendências para o mês de abril já são mais positivas

Felipe Alves

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O resultado do primeiro trimestre de 2022 (1T22) da BRF (BRFS3) não agradou o mercado e nem mesmo a administração da companhia. A empresa chegou a liderar as quedas do Ibovespa nesta quinta-feira (5), com perdas de mais de 13%, fechando em queda de 6,52%, cotada a R$ 12,77. Para analistas, a BRF teve um “trimestre para ser esquecido”.

Na avaliação do CEO da BRF, Lorival Luz, os resultados operacionais do 1T22 foram “bem aquém” do que a empresa gostaria e da capacidade da empresa de gerar resultados.

Os impactos nos custos e os ajustes feitos ao longo do trimestre foram “bastante relevantes”, segundo ele afirmou em teleconferência de resultados. A guerra da Ucrânia e da Rússia refletiu diretamente nos custos logísticos, de transportes, fretes, além do impacto nos grãos.

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“Quero reforçar minha total confiança na fortaleza da BRF e na capacidade do nosso time de reverter o resultado para os próximos trimestres”, destacou o CEO.

Mas, segundo ele, o 1T22 “já é passado” e, no mês de abril, a empresa já nota melhoras nas margens, vendas e vislumbra um 2022 mais positivo, ainda que dentro de um contexto desafiador.

Apesar disso, Lorival Luz afirma que a BRF terá que conviver com o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) do 1T22 por mais quatro trimestres. “Só vamos nos livrar dele no 1T23”, pontuou, ao considerar que os efeitos negativos do 1T22 só vão “desaparecer” quando se passarem 12 meses.

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“Teremos austeridade na gestão do caixa, na tomada de decisão para Capex e austeridade na geração de resultado”, destacou o CEO. O que a administração está de olho agora é que, normalizando o Ebitda, a BRF deve ir para uma alavancagem pró-forma abaixo de 2x. A empresa fechou o 1T22 em 2,83x.

Cenário para 2022 é positivo, mas desafiador

A expectativa da BRF agora é capturar ganhos neste ano especialmente no mercado internacional, onde a empresa vê muitas oportunidades. “Isso nos dá muita confiança na reversão dos resultados do 1T22”, afirmou o CEO.

A BRF vê o mercado internacional positivo em volume e em preço em proteínas. A gripe aviária no Hemisfério Norte impulsiona tendência positiva, segundo a empresa.

Os resultados do segmento Mercado Halal da BRF tiveram um ótimo resultado na avaliação de Lorival Luz.

O segmento teve avanço no market share com o avanço do portfólio de produtos com valor agregado que, segundo Lorival, tem se mostrado extremamente acertado.

“A escassez da oferta de frango e os impactos dos exportadores mundiais também trouxeram oportunidade adicionais e que soubemos captar muito bem”, destacou o CEO.

Posição de caixa e liquidez estão confortáveis, diz CFO

Apesar do aumento relevante de capital este ano na BRF pós-follow on, a redução da alavancagem no 1T22 para 2,83 vezes está atrelada à performance do trimestre da empresa, afirmou o CFO da BRF, Fabio Luis Mendes Mariano.

Segundo ele, a posição de caixa, de cerca de R$ 10 bilhões, é bastante confortável, e a liquidez imediata é de quase R$ 13 bilhões.

“Não há pressões de curto prazo em relação a refinanciamentos. Isso traz conforto para performar as atividades e planejamento de investimentos da companhia”, disse o CFO.

Com os resultados fracos do 1T22, o CEO da BRF, Lorival Luz, afirmou que a empresa precisará fazer adequações e simplificações na forma de trabalhar. “Faremos uma revisão ampla e profunda para adequação de plano, revisitando prioridades e avenidas de crescimento”, destacou.

Segundo ele, não haverá venda de ativos, fechamento de fábricas ou de centros de distribuição. “Em total alinhamento com o conselho, a empresa está realizando um plano amplo de simplificação da BRF para torná-la mais ágil, eficiente e dinâmica para aproveitar todas as oportunidades do mercado”, pontuou Lorival.

BRF não vê movimentos de M&A no momento

Lorival Luz afirmou na teleconferência que não estão previstos ou sendo discutidas agora oportunidades de M&A (fusões e aquisições). O momento, segundo ele, não é desembolso de caixa.

O CFO, Fabio Luis Mendes Mariano, também reforçou que com a mudança a gestão a companhia está mais criteriosa quanto às taxas de retorno para qualquer novo projeto. Os projetos que estavam em execução serão continuados e qualquer nova oportunidade será vista sob a perspectiva da austeridade.

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