Brexit: o que acontece agora após a pior derrota do governo no Parlamento em 94 anos?

May tem três dias para apresentar um plano B, mas ainda existem outras opções, que vão desde um Brexit sem acordo até um novo referendo

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Como já era esperado, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, viu seu acordo para o Brexit ser rejeitado no Parlamento. O resultado, 432 votos contra e 202 a favor, foi a pior derrota do governo britânico desde 8 de outubro de 1924.

Diante da derrota de May, o líder da oposição, Jeremy Corbyn, apresentou um pedido para que seja debatido nesta quarta-feira (16) uma votação de desconfiança sobre o governo, que agora corre contra o tempo para tentar chegar a um acordo até o dia 29 de março, quando está marcada a saída oficial do Reino Unido da União Europeia.

Em seu discurso, a premiê afirmou que, se conseguir vencer a votação de desconfiança, irá convocar os líderes dos partidos para tentar encontrar a melhor solução e que vai voltar para negociar com a União Europeia novos termos para um acordo.

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Falando após a primeira-ministra, Corbyn afirmou que o governo tem falhado consistentemente em alcançar um acordo com os outros partidos. Ele disse ainda que o governo deveria aceitar que o Reino Unido permaneça na união aduaneira para sempre, que um Brexit sem acordo não é uma opção e que os direitos dos cidadãos da UE serão respeitados.

Com essa derrota, May tem agora três dias para apresentar um novo acordo que pode ser votado no Parlamento na próxima segunda-feira (21). Mas ainda existem outras opções, que vão desde um Brexit sem acordo (chamado de Brexit duro) até um novo referendo para a população decidir se quer manter o plano de sair da União Europeia ou não.

Confira os principais futuros cenários:

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1) Brexit sem acordo

Este é o cenário negativo extremo. Se isso acontecer, de um momento para outro, deixam de existir controles de fronteiras, procedimentos migratórios e regras comerciais e não haverá uma ideia de como a situação ficará. Se este cenário se concretizar, poderá haver um grande caos na região.

2) Renegociação do acordo
Uma opção agora é tentar renegociar as propostas. A questão é que isso demanda tempo e, por enquanto, teria de ser feito antes de 29 de março. É por isso que neste cenário teria de haver uma alteração do Artigo 50, que deu o “start” do processo do Brexit e marcou para março a saída.

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Com isso, o prazo seria adiado e o Reino Unido ganharia tempo para tentar encontrar um novo acordo que conseguisse apoio do Parlamento e dos 27 Estados-membros europeus.

3) Novas eleições gerais
Theresa May pode convocar novas eleições gerais em uma estratégia para tentar fortalecer o seu mandato e ganhar no futuro o apoio necessário para aprovar este acordo.

O primeiro problema é que a convocação precisa do apoio de dois terços do atual Parlamento. Além disso, esse cenário não evitaria a necessidade de renegociação do Brexit, já que não altera o prazo de 29 de março para a saída do Reino Unido da UE.

Vale lembrar que em 2017, após negar diversas vezes que pudesse haver uma eleição antecipada, May convocou uma votação na tentativa de ganhar mais apoio para o Brexit. Mas sua estratégia não deu nada certo e ela viu seu partido perder a maioria das cadeiras, o que complicou ainda mais a situação da premiê.

4) Voto de desconfiança
Como já foi anunciado, o Parlamento irá definir se ainda tem confiança no atual governo. Se May perder esta votação ela deixa o cargo de primeira-ministra, levando os parlamentares a terem que escolher um novo líder e conseguir vencer um voto de confiança em até 14 dias.

Se isso não acontecer, serão convocadas novas eleições gerais em até 25 dias úteis, reformulando o Parlamento. De qualquer forma, este cenário também obriga o governo a conseguir uma renegociação para tentar adiar o Brexit e evitar que ocorra a saída sem acordo.

5) Novo referendo do Brexit
Por fim, o governo pode tentar convocar um novo referendo para que a população defina novamente se quer seguir com o divórcio ou não. Pesquisa recente feita pela YouGov mostrou que se ocorresse uma nova votação hoje 54% escolheria permanecer na União Europeia.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.