Braskem: Petrobras pressiona por novo acordo de acionistas com avanço da IG4

Novonor (ex-Odebrecht) tenta se desfazer de suas ações na empresa desde 2018.

Agência O Globo

Braskem (Foto: Divulgação)
Braskem (Foto: Divulgação)

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Após anos de negociações com diversas empresas, a Braskem dá novos passos para mudar de mãos. Em comunicado, a empresa informou que a gestora IG4 assinou um acordo “definitivo e vinculante” para comprar a fatia da Novonor (ex-Odebrecht) na sexta maior petroquímica do mundo. Mas nos bastidores, de acordo com fontes, a Petrobras vem pressionando para impor um novo acordo de acionistas para poder participar da gestão da companhia.

A Novonor detém hoje 50,1% do capital votante da Braskem, enquanto a Petrobras possui 47%. O restante das ações está com acionistas minoritários. A Novonor tenta, desde 2018, encontrar um comprador para a empresa após entrar em processo de recuperação judicial, em razão dos efeitos causados pela Operação Lava Jato.

Assim, a IG4, que assessora a gestora Vórtx Capital, celebrou um acordo “definitivo e vinculante” com os bancos Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e BNDES, que detêm ações da Braskem dadas como garantia no processo de recuperação judicial da Novonor.

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Segundo comunicado da Braskem, o acordo de exclusividade entre Novonor, bancos e IG4 tem prazo de 60 dias, com relação a uma potencial transação envolvendo as ações da Braskem detidas pelos bancos credores.

De acordo com fontes, a IG4 terá agora um prazo de dois meses para concluir a negociação com a Novonor. Caso a negociação seja bem-sucedida, a IG4, por meio de um fundo de investimento, terá 50,1% do capital votante da Braskem e 34,3% do capital total da companhia, ao se tornar titular de ações ordinárias (ON, com direito a voto) e preferenciais (PN, sem direito a voto), respectivamente.

No comunicado, a Braskem afirma ainda que a Novonor manterá ações preferenciais que somam 4% do capital da companhia. Nos próximos meses, as empresas vão definir a estrutura da transação e submeter a operação ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão responsável pela regulação da concorrência no Brasil. Segundo fontes, a oferta da IG4 é de cerca de R$ 20 bilhões.

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Em comunicado, a Petrobras afirmou que acompanhará os desdobramentos e analisará os termos e condições da negociação. A estatal disse ainda que vem avaliando a celebração de um novo acordo de acionistas com as partes envolvidas, considerando as tratativas em curso entre Novonor e IG4.

Segundo fontes, a Petrobras não pretende assumir o controle da Braskem, mas quer aproveitar a troca de controle, com a saída da Novonor, para participar da gestão da empresa. Atualmente, a estatal não participa do dia a dia da companhia nem tem poder para indicar diretores.

Analistas do UBS BB destacaram, em relatório, que “qualquer definição é melhor do que nenhuma definição”, ao se referirem ao período de exclusividade de 60 dias.

Desde 2018, a Novonor vem tentando se desfazer de sua participação na Braskem. Já houve negociações com a LyondellBasell, J&F (holding da família Batista, controladora da JBS), Apollo Global Management, Adnoc (estatal de petróleo dos Emirados Árabes Unidos), Petrochemical Industries Company (PIC), subsidiária da Kuwait Petroleum Corporation (KPC), Unipar — principal rival brasileira da Braskem — e o empresário Nelson Tanure.