Braskem diz que há interessada em fatia da petroquímica após desistência da Adnoc

Empresa afirmou ainda que o complexo petroquímico no Rio Grande do Sul não tem data de retorno de operação

Augusto Diniz

(Divulgação/Braskem)

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Após desistência da Adnoc dos Emirados Árabes em adquirir a participação da Novonor na Braskem (BRKM5), a petroquímica afirma que outra empresa está de olho no negócio.

Pelo que já foi noticiado, a interessada seria a Petrochemical Industries Company (PIC), do Kuwait, mas a companhia não confirmou o nome na apresentação dos resultados do 1T24 à imprensa, nesta quinta (9). A Braskem se deteve a dizer apenas que há due diligence (procedimento de avaliação) em andamento. Esse procedimento ocorre quando existe uma negociação em andamento, de modo que a empresa interessada em fazer negócio com outra levanta diversas informações.

“A gente tem notícia do encerramento do processo de potenciais compradores. A gente tem pelo menos um outro interessado seguindo o processo de due diligence. O negócio continua sendo avaliado”, disse Pedro Freitas, CFO da Braskem.

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Assunto em sigilo

“Infelizmente todo esse tema é coberto com acordos de sigilo. É um processo conduzido pela Novonor, nosso acionista controlador”, complementou.

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Mas o executivo confirmou que recebeu pedido para condução de due diligence dentro da companhia. “Não sei quanto tempo dura. A empresa que está fazendo essa avaliação é que tem que ter seu nível de conforto. Não tem um prazo estabelecido para isso”, afirmou.

O executivo disse ainda que a due diligence da Petrobras (PETR4) terminou ano passado, “mas que tem ainda alguns complementos que eles pedem de tempos em tempos, para eventual exercício do tag along ou direito de preferência”.

Situação no Sul do país

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Sobre a interrupção das atividades de suas unidades no Polo Petroquímico de Triunfo, no Rio Grande do Sul, devido a tragédia climática, a Braskem informou que não possui estimativa do impacto nem quando poderá retomar as operações.

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“É um trabalho complexo. Como a Braskem tem plantas em vários estados do Brasil, a gente consegue compensar parcialmente a perda de produção”, afirmou Pedro Freitas.

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“Isso não é possível para todo volume. Tem alguns produtos que a gente só faz no Sul (do país). Mas a grande maioria deles a gente consegue fazer essa otimização”, complementou.

Redução de operação

Segundo o executivo, parte da redução da taxa de operação de 75%, registrada no 1T24, para 50%, no momento, se deve as interrupções no Rio Grande do Sul.

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“A gente está buscando oportunidades de integração e de otimização adicionais”, disse. No polo de Triunfo, a Braskem produz principalmente polietileno verde, que só é produzido nesse site e boa parte é exportado.

“Temos volume de estoque fora do Brasil que fica nos mercados. Esse estoque tem 2 a 3 meses. Temos estoque no Rio Grande do Sul, mas não conseguimos tirar agora pois não tem acesso logístico”, explicou.

Freitas não considera um cenário extremo de falta do produto no mercado. “Não tem perspectiva de retomada. Os nossos ativos não foram afetados diretamente, mas para gente produzir tem que ter logística, pessoas, que precisam acessar nossas instalações”, esclareceu, acrescentando que tem a questão do fornecimento contínuo de energia elétrica e de abastecimento de água, duramente atingidos com as fortes chuvas no estado.

 “A gente só vai saber como tudo isso está na hora que água baixar. Ninguém tem certeza de quanto tempo isso pode durar. A gente tem a preparação assim que a água baixar, fazer toda essa verificação para voltar a operar de forma segura”, disse.

Mercado global

Com relação à recuperação do mercado global dos produtos que a Braskem fornece, Pedro Freitas disse que houve melhora dos spreads no primeiro trimestre em relação ao ano passado.

“Ainda está num patamar muito baixo comparando historicamente. A gente não tem expectativa de uma recuperação esse ano. A gente acha que esse ano continua com spreads bastante deprimidos. A gente tem uma ligeira perspectiva de recuperação ao longo do ano, mas ainda num patamar abaixo da média histórica”, explicou.

“Para o ano que vem a gente vê uma perspectiva um pouco melhor. Tudo isso tem a ver com a dinâmica de oferta e demanda”, complementou.

De acordo com o executivo, o balanço de oferta e demanda no polipropileno é ainda “desafiante”. Já no polietileno, ele vê mais demanda crescendo do que a capacidade existente.

“Polietileno já começa a mostrar algum grau de recuperação. Polipropileno essa recuperação vai vir ano que vem”, disse.