Braskem desaba 11% com “risco Odebrecht”; Vale afunda 8% e CSN cai após rebaixamento

Confira os principais destaques de ações desta quarta-feira (23)

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa voltou a ter uma sessão bastante negativa e perdeu os 50 mil pontos nesta quarta-feira (23), chegando a cair quase 3% diante do complicado cenário político após a Odebrecht aceitar fazer delação premiada e com a notícia da devolução ao STF do julgamento de Lula. Das 61 ações do índice, apenas 10 fecharam em alta nesta sessão.

Entre as poucas altas, destaque para a MRV (MRVE3, R$ 12,14, +0,17%) e a Ambev (ABEV3, R$ 19,00, +1,39%), que tiveram ganhos. Por outro lado, a Petrobras e a Vale desabaram até 8% e pressionaram o Ibovespa para o negativo nesta terça. Outro destaque negativo ficou com a Braskem, que afundou diante dos temores com a investigação na Odebrecht.

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Petrobras (PETR3, R$ 9,92, -5,34%; PETR4, R$ 7,78, -4,07%)
O barril do Brent caiu 3% após os estoques da commodity mostrarem um aumento de 9,36 milhões ante 2,48 milhões esperados pela mediana das estimativas da pesquisa Bloomberg, pressionando as ações da companhia.

Destaque ainda para o noticiário da estatal: a companhia informou que negocia com CCEE para regularizar passivos. Destaque ainda para a notícia do Valor de que a BR Distribuidora só interessa a investidor se Petrobras vender controle.

Por fim, a estatal decidiu recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra duas leis criadas pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, em dezembro. As leis ampliam a carga tributária no setor de óleo e gás, com cobrança de ICMS e taxas de fiscalização. A estatal argumenta que as leis não têm sustentação jurídica. Outras seis petroleiras multinacionais conseguiram, na última segunda-feira, liminares na Justiça do Rio suspendendo as cobranças.

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As leis foram sancionadas no dia 29 de dezembro e entram em vigor ainda neste mês. As leis instituem a cobrança de uma taxa para fiscalização sobre cada barril produzido no Estado e a ampliação do ICMS desde a extração do óleo. As medidas integravam pacote para ampliar em R$ 4 bilhões a arrecadação do governo, em grave crise financeira. “A companhia entende que ambas as leis não são juridicamente sustentáveis e por este motivo questionará, junto ao Supremo Tribunal Federal, o reconhecimento da inconstitucionalidade dessas leis”, informou a estatal em nota publicada no seu balanço financeiro.

Ao todo, a estatal calcula no relatório que as ações judiciais em trâmite até 31 de dezembro do último ano podem acarretar em perdas de até R$ 162 bilhões, sendo 70% do volume em ações de natureza fiscal. Outros R$ 22 bilhões são de ordem trabalhista. A estatal investiga denúncias de que o passivo foi gerado de forma intencional por meio de brechas em acordos sindicais.

Vale (VALE3, R$ 14,12, -8,49%; VALE5, R$ 10,50, -7,08%)
As ações da Vale registraram forte queda nesta sessão, seguindo a baixa do minério de ferro. A commodity negociada em Qingdao tinha queda de 0,84%, a US$ 57,87 a tonelada. Segundo a Reuters, a mineradora está à procura de um parceiro para o seu projeto de mineração de potássio Rio Colorado, paralisado na Argentina, afirmou um importante representante do governo argentino.

A companhia suspendeu o projeto Rio Colorado em 2012, depois de ter investido 2,2 bilhões de dólares, após a ex-presidente Cristina Fernandez recusar-se a oferecer benefícios fiscais para atenuar os custos crescentes alimentados pela inflação e controles das taxas de câmbio.

Novos esforços da Vale para reiniciar o empreendimento vêm com o novo governo argentino de centro-direita, que tenta criar um ambiente mais favorável para as empresas de mineração.

“A empresa nos disse que, em princípio, não quer vender, e está à procura de um parceiro”, disse o secretário de Mineração, Daniel Meilan, à Reuters, em uma entrevista. Meilan afirmou que acha que muito provável que a Vale se torne um sócio minoritário em qualquer futura joint venture devido as suas finanças, que “não estão em um estado favorável”.

Braskem (BRKM5, R$ 24,45, -11,73%)
As ações da petroquímica afundaram nesta sessão diante dos temores do mercado em relação à investigação na Odebrecht. A Braskem é controlada pela empreiteira, que tem 38,2% do capital da empresa. Na avaliação de analistas, o medo é que o nome da companhia apareça em algum novo escândalo, colocando a empresa como mais um meio de pagamento de propina.

Nesta manhã foi revelada um “superplanilha” da Odebrecht. Os documentos apreendidos pela Polícia Federal listam possíveis repasses da empresa para mais de 200 políticos de 18 partidos políticos. Durante a tarde, o juiz Sergio Moro levantou sigilo sobre o documento.

Bancos
Após registrarem as últimas sessões de alta, as ações de bancos tiveram expressivas quedas no pregão de hoje. Os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 31,32, -3,18%), Bradesco (BBDC4, R$ 26,75, -3,25%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 19,64, -3,73%) registram queda superior a 3%.

CSN (CSNA3, R$ 7,60, -6,63%)
A CSN caiu após ter sido rebaixada de B+ para B pela S&P, com perspectiva negativa. A elevada carga de juros da CSN e fundamentos da indústria persistentemente fracos devem esgotar a posição de caixa da companhia ao longo dos próximos 2 anos, diz a agência. A perspectiva negativa reflete expectativa da S&P de que mercado interno fraco pode limitar a capacidade da CSN de elevar os preços do aço. O aumento do gasto de caixa pode levar a estrutura de capital da empresa a se tornar insustentável. 

Usiminas (USIM5, R$ 1,76, -8,33%)
A ação da Usiminas recuou após a companhia ter sido rebaixada de CCC+ para SD (default seletivo) na Standard & Poor’s após acordo com bancos. A agência de rating considera acordo da companhia com os bancos para suspender pagamentos do principal por 120 dias uma negociação equivalente a default, disse a S&P. Em relatório, o BTG Pactual destacou que o aumento de preços anunciado pela Usiminas foi positivo, mas destaca que a outras coisas para ficar atento, como a injeção de capital, os desinvestimentos e o desenrolar do acordo com os bancos.

Randon (RAPT4, R$ 3,14, -2,18%)
As ações da Randon caíram forte após a divulgação dos números do quarto trimestre. A companhia reverteu o lucro líquido de R$ 39,558 milhões registrado no quarto trimestre de 2014 e registrou prejuízo de R$ 20,999 milhões no mesmo período de 2015. Na comparação do acumulado do ano, a empresa também reverteu o resultado positivo de R$ 201,956 milhões de 2014 e teve prejuízo de R$ 24,628 milhões em 2015.

O Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) consolidado atingiu R$ 21,430 milhões de outubro a dezembro de 2015, uma queda de 79,3% na comparação com igual intervalo de 2014. A margem Ebitda foi de 2,6% ante 11,3% no período anterior. Em 2015, o Ebitda totalizou R$ 161,879 milhões, recuo de 67% ante 2014. A margem Ebitda passou de 13% para 5,2%. A receita líquida consolidada teve queda de 10,6% no último trimestre de 2015 contra o ano anterior, para R$ 814,872 milhões. No total do ano passado, a receita totalizou R$ 3,099 bilhões, uma baixa de 18% contra 2014.

Brasil Pharma (BPHA3, R$ 5,45, -14,17%)
As ações da Brasil Pharma também caíram após divulgar resultado. A companhia registrou prejuízo líquido de R$ 418,2 milhões, alta de 117% no quarto trimestre de 2015 em comparação ao mesmo período de 2014. Em 2015, o prejuízo líquido somou R$ 654,5 milhões, 6,7% acima dos R$ 613,2 milhões de 2014. A receita de vendas em 2015 totalizou R$ 3,387 bilhões, recuo de 4,3% sobre os R$ 3,540 bilhões de 2014.

Exportadoras
Em um dia de forte queda para o Ibovespa, algumas ações conseguiram ficar entre leves perdas e ganhos seguindo os ganhos do dólar. Destaque para as empresas do setor de papel e celulose, caso de Suzano (SUZB5, R$ 14,05, +0,79%) e Fibria (FIBR3, R$ 34,15, -0,44%). O dólar comercial registrou alta de 2,11%, a R$ 3,6768 na venda.  

Par Corretora (PARC3, R$ 11,80, -1,67%)
A notícia da segunda-feira do Fisco que as corretoras de seguro não podem mais ser alocadas na alíquota de 4,65%, e terão de migrar para regime não cumulativo de 9,25% trouxe impacto para o setor seguem impactando no setor. A Par Corretora teve queda, enquanto o BTG Pactual revisou as suas estimativas para a companhia após a notícia, vendo uma queda de 9% na estimativa do lucro por ação. Contudo, o banco segue com recomendação de compra para a Par, possuindo preço-alvo de R$ 13,00 por ação. 

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.