Braskem (BRKM5) mira em grau de investimento e diz que alavancagem está sob controle

Alavancagem da companhia precisa estar sob controle também para que dividendos continuem sendo distribuídos

Mitchel Diniz

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Ainda que a Braskem (BRKM5) tenha registrado um crescimento anual de 56% no lucro líquido no primeiro trimestre, a queda do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) da companhia (de 27%, para US$ 920 milhões), impactado por um menor volume de vendas e câmbio, também chamou atenção no balanço. Esse recuo, porém, deve ter reflexo limitado sobre a alavancagem da empresa, de acordo com os executivos da Braskem.

Em teleconferência sobre os resultados do primeiro trimestre, Pedro Freitas, CFO da companhia, diz que a expectativa é que a alavancagem se mantenha abaixo de 2,5 vezes (x) ao longo de 2022. Nos três primeiros meses do ano, a alavancagem ficou em 1x, porém deve aumentar um pouco mais, com o recuo do Ebitda.

“O investment grade é prioridade para a Braskem”, afirmou Freitas, explicando que a empresa está buscando o “selo” de grau de investimento junto à agência de classificação de riscos Moody’s. “Entendemos que em um ciclo de baixa, é possível ter uma alavancagem um pouco maior, desde que haja um plano de desalavancagem”, complementa.

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A política de dividendos da Braskem também se pauta pela alavancagem da companhia, que não pode passar de 2,5x no ano em vigor e nos dois anos subsequentes. Caso contrário, os proventos não são distribuídos.

Leia mais: Braskem (BRKM5) anuncia dividendos complementares de R$ 1,350 bilhão

Freitas disse que o perfil de dívida da companhia é capaz de resistir à piora de cenário internacional. A companhia tem custos e despesas atreladas ao dólar e a preços da matéria-prima e estaria preparada para uma piora além do esperado no cenário econômico, de acordo o CFO. Isso porque a Braskem tem a política de manter exposição baixa a dívidas de curto prazo.

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Segundo o CFO, o prazo médio da dívida da Braskem é de 15 anos e a companhia desalavancou bastante após o pagamento de uma dívida bruta de US$ 2 bilhões. A empresa aposta em um plano de conservação de caixa e retenção de liquidez, que pode incluir a venda de ativos em um cenário “mais estressado”.

“Mas no cenário que a gente tem hoje, mesmo com uma piora, estamos em situação confortável”, afirmou o CFO.

A diversificação de matérias-primas, por sua vez, tem protegido a Braskem das oscilações do petróleo – do qual é extraído a nafta, matéria-prima de produtos petroquímicos. A empresa tem utilizado outros componentes mais competitivos em termos de preço, como o etano.

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“A a nossa estratégia de flexibilidade e diversificação nos coloca em patamar interessante – se o petróleo cai ou sobe, temos um portfólio que se adequa aos diferentes cenários de mercado”, afirmou Freitas.

De acordo com projeções recentes de consultorias externas, os spreads de polietileno (base nafta e base gás) e polipropileno-propeno nos EUA devem permanecer em patamares acima da média histórica recente (2016-2020) em 2022.

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O CFO também explicou que os estudos para a listagem da Braskem no segmento de maior governança corporativa da B3 avançaram. Porém, a empresa não participa das discussões entre os acionistas Novonor (ex-Odebrecht) e Petrobras (PETR3;PETR4), que precisam vender suas ações PN, para que a migração aconteça. “Acreditamos que eles estejam dialogando sobre o assunto”, afirmou o executivo, na teleconferência de resultados do primeiro trimestre.

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Mas, como não há uma oferta em andamento no momento, a Braskem não trabalha com uma timeline definida para a migração. “Os estudos avançaram e já temos um rascunho de um novo estatuto, mas falta conclusão por parte dos acionistas”, destaca o executivo.

Repercussão do balanço

Para o UBS, a Braskem apresentou desempenho e fluxo de caixa sólidos, com retornos aos acionistas. O Ebitda ficou um pouco abaixo das expectativas, mas ainda assim muito favorável, acima da média histórica. O 1T22 reflete um ponto de inflexão nos spreads que vem desde o 4T19.

“A maior parte da redução foi causada por um aumento nas matérias-primas, que tende a continuar pressionando as margens se os preços de venda não forem ajustados em magnitude semelhante”, afirma o UBS.

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A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 60.

O Morgan Stanley destacou que a petroquímica teve sua primeira contração de Ebitda em sete trimestres, mas ainda apresentou resultados saudáveis e um balanço sólido na visão.

A queda de Ebitda seguiu a contração cíclica dos spreads da indústria, mas os resultados continuam cerca de 35% acima dos níveis do meio do ciclo, e o mercado petroquímico não está muito sobreofertado, o que leva os analistas a acreditarem em um pouso mais suave de spreads, e não na típica contração acentuada observada em ciclos anteriores.

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Às 14h04 (horário de Brasília), os papéis BRKM5 caíam 1,25%, a R$ 40,31.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados