Braskem (BRKM5) fecha em alta de 2%, CSN (CSNA3) e Rede D’Or (RDOR3) desabam com recomendações de “bancões”

Braskem teve recomendação elevada pelo UBS BB, Rede D'Or e CSN foram cortadas pelo Goldman, enquanto Morgan cortou Cemig e Copasa

Lara Rizério Vitor Azevedo

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Diversas recomendações de ações movimentaram a B3 na sessão desta sexta-feira (14).

A Braskem (BRKM5) chegou a ser destaque de alta do Ibovespa, com ganhos que chegaram a 6,5% após ter a recomendação elevada para compra pelo UBS BB. Contudo, o ativo diminuiu os ganhos e fechou em alta de 2,16%, a R$ 20,80, ainda que entre as maiores altas da sessão.

Já duas recomendações do Goldman Sachs guiaram as maiores quedas da sessão. A CSN (CSNA3) fechou em baixa de 7,35% (R$ 14,49) após ter sido rebaixada para venda pelo banco, enquanto Rede D’Or (RDOR3) teve queda de 6,02% (R$ 22,18) depois de ter a recomendação cortada para neutra.

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Outras ações que registraram queda na Bolsa, ainda que amenizassem as baixas, foram as de Cemig (CMIG4), com queda de 0,24% (R$ 12,31), enquanto Copasa (CSMG3) teve baixa de 3,38% (R$ 16,28). Os ativos das empresas mineiras caíram, na sequência do rebaixamento de recomendação pelo Morgan Stanley para equivalente à neutra. Contudo, vale destacar que as ações da Sabesp (SBSP3) caíram 3,31% (R$ 49,63) na sessão, apesar do Morgan ter reiterado visão positiva para os ativos.

Confira as análises:

Braskem é elevada pelo UBS BB

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O UBS BB elevou a recomendação para as ações da Braskem de neutra para compra em relatório divulgado nesta sexta e manteve o preço-alvo das ações em R$ 26, ou potencial de valorização de 27% em relação ao fechamento da véspera.

“Após uma queda nos últimos meses, acreditamos que as ações da Braskem estão sendo negociadas com uma avaliação descontada, em um múltiplo de cerca de 5 vezes o EV/Ebitda (valor da empresa sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) em comparação com uma média histórica de 5,5 vezes, o que implica em um potencial de valorização atrativo”, dizem os analistas, chefiados por Luiz Carvalho.

O banco afirma que não espera que os spreads petroquímicos voltem aos patamares de 2021 – quando os balanços foram impulsionados pela retomada da demanda após o período mais pesado da pandemia da Covid 19 – mas prevê uma melhora.

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A oferta de polipropileno (PP), por exemplo, não deve aumentar muito. O banco menciona que há uma instalação de 250 mil toneladas da Formosa Plastics, com operação iniciando provavelmente em 2022 e com a maior parte da nova capacidade já entrou em operação nos últimos meses. No polietileno (PE), não se espera nova capacidade entre 2024 e o final da década.

“Embora reconheçamos os riscos da Petrobras PETR4 avaliar a aquisição da participação da Novonor sem tag along para minoritários, achamos improvável a confirmação de um acordo a curto prazo”, ponderam.

CSN: Goldman Sachs recomenda venda

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O Goldman Sachs rebaixou a recomendação para as ações da CSN de “neutra” para “venda” e cortou o preço-alvo do papel em 22%, para R$ 12,50.

O time de análise do Goldman espera que os resultados e o fluxo de caixa livre do grupo atinjam um pico no segundo trimestre e depois enfrentem desafios devido a uma combinação de três fatores: aumento de investimentos (capex), queda dos lucros e alavancagem elevada em meio a um ambiente de alta taxa de juros.

Contudo, as perspectivas podem se tornar mais otimistas caso os lucros da companhia de siderurgia e mineração se normalizem em níveis mais altos do que o previsto, com suporte da geração de fluxo de caixa livre e menor alavancagem.

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“Isso pode acontecer caso os preços do minério de ferro permaneçam mais fortes do que as expectativas da equipe de commodities do Goldman Sachs e/ou a demanda por aço acabe sendo maior do que o esperado”, apontam.

De acordo com a Reuters, a queda da ação ainda tem outro fator de pano de fundo. Na quinta-feira, o governo do Estado de Minas Gerais divulgou comunicado em que diz estar intensificando as ações de fiscalização para monitorar o Córrego Fazenda Velha, afluente do Rio das Velhas, após suas águas apresentarem uma mudança na coloração nos últimos dias.

Segundo o órgão, a CSN foi autuada por causar poluição ambiental e foi determinado que a empresa parasse imediatamente com o lançamento de resíduos. A companhia tem operações próximas ao local, como a Mina do Fernandinho, operada pela subsidiária Minérios Nacional. O local foi vistoriado nas últimas semanas pelas autoridades estaduais.  Os órgãos de fiscalização constataram “teores elevados de manganês, ferro e cobre nas águas, que ocasionaram a turbidez avermelhada, provocados por ação da Companhia Siderúrgica Nacional”, de acordo com o governo do Estado.

Em nota enviada à Reuters, a CSN nega que houve despejo de sedimentos ou rejeitos no córrego Fazenda Velha. De acordo com a CSN, devido à retirada de sedimentos da própria estrutura e às fortes chuvas, houve uma “pontual elevação da cor aparente e da turbidez da água” a qual foi comunicada de imediato ao órgão ambiental competente.

Rede D’Or é rebaixada pelo Goldman

O Goldman Sachs rebaixou a recomendação das ações da Rede D’Or de compra para neutra e reduziu o preço-alvo de de R$ 41 para R$ 31, ainda um potencial de alta de 31% em relação ao fechamento da véspera.

“Embora consideremos que a Rede D’Or tenha um histórico operacional único, habilidades de alocação de capital e uma equipe de gestão bem conceituada, prevemos um momento desafiador de ganhos de curto prazo para a empresa”, avaliam os analistas.

As principais preocupações do banco para a tese de investimento em 2023 são 1) perspectivas limitadas de geração de fluxo de caixa (expectativa de uma taxa de conversão do Ebitda pós-capex para fluxo de caixa operacional de 5% em 2023), o que provavelmente atrasará o processo de desalavancagem; 2) dinâmica de rentabilidade desafiadora da Rede D’Or “independente”, com poder de precificação limitado (devido ao alto índice de sinistralidade médica, ou MLR) e pressão inflacionária sobre os custos; e 3) as perspectivas suaves para o MLR da SulAmérica, adquirida recentemente, neste ano, apesar do ritmo acelerado de seus reajustes de preços nos últimos meses.

“Em nossa visão, a maior parte do potencial de valorização de nossas estimativas pode vir das sinergias da aquisição da Sul América. Embora não incorporado em nosso caso base para RDOR3, estimamos que as sinergias do negócio podem chegar a R$ 5,5 bilhões (ou 10% do valor de mercado)”, avalia.

Olhando para o atual múltiplo de preço sobre lucro esperado para 2024, de 18 vezes, os analistas preferem outros nomes dentro de sua cobertura no setor de saúde.

“Embora reconheçamos que a melhor execução da categoria e as atraentes perspectivas de consolidação da Rede D’Or lhe dão um prêmio de avaliação merecido em relação ao resto do setor, acreditamos que nomes como Hypera (HYPE3) e Oncoclínicas (ONCO3) ainda apresentam uma melhor relação de risco-recompensa aos preços atuais”, avaliam.

Morgan Stanley revisa ações de estatais estaduais

O Morgan Stanley revisou o cenário para as empresas estatais estaduais e rebaixou a recomendação das mineiras Cemig (CMIG4) e Copasa (CSMG3) de overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para equalweight (exposição em linha com o mercado, equivalente à neutra), destacando a alta recente e os possíveis obstáculos no caminho da privatização.

Já a Sabesp (SBSP3) é a estatal preferida do banco, uma vez que os analistas destacam que o valuation atual ignora o lado positivo da privatização/recuperação em potencial, bem como o menor risco com um período esperado de estabilidade regulatória/política.

O preço-alvo de CMIG4 foi de R$ 10 para R$ 11,50 e o da SBSP3 foi de R$ 57 para R$ 59, enquanto CSMG3 teve o preço-alvo mantido em R$ 19.

O tema da privatização não pode ser ignorado, na avaliação da equipe de análise, uma vez que as empresas de energia e saneamento estatais, particularmente aquelas expostas à privatização, tiveram um dos melhores desempenhos de ações ao longo dos últimos doze meses.

Quatro das cinco empresas com melhor desempenho no setor são estatais. A Cemig lidera o grupo (+33% ONs  e +19% PNs), seguida pela Copasa (+28%) e Copel (+17%), todas superando significativamente o índice de Utilities (-9%) e o Ibovespa (- 9%). As ações da Sabesp ficam atrás do grupo e praticamente estáveis no período, embora superando os índices.

“Acreditamos que a Sabesp pode ser a próxima estatal a passar por uma reavaliação significativa das ações”, avalia o banco, que cita quatro fatores para uma visão construtiva.

Em primeiro lugar, está a opcionalidade de privatização. Os analistas veem um alto comprometimento do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para realizar a privatização da companhia em 2024, sendo que a International Finance Corporation (IFC), vinculada ao Banco Mundial, foi contratada para conduzir o processo de modelagem.

O segundo ponto são as melhorias operacionais, com iniciativas para melhorar a eficiência, como redução de headcount, o que não é capturado no cenário-base do banco.

Em terceiro lugar, está a estabilidade regulatória. A revisão tarifária extraordinária da semana passada foi positiva para a empresa, apesar da pendência da implementação da nova estrutura tarifária. A próxima revisão tarifária deve ocorrer em 2025 e as eleições estaduais em 2026, criando um período de visibilidade regulatória e política. “Saudamos também a manutenção do papel da Agência Nacional de Águas (ANA) na definição das diretrizes regulatórias nacionais, conforme definido pelo recente Decreto 11.467/2023”, apontam os analistas.

Por fim, está o perfil de risco-recompensa atrativo. A SBSP3 atualmente é negociada a um múltiplo de 0,69 vez o EV/RAB (EV = enterprise value, ou valor de mercado + dívida líquida”; RAB = base de ativos regulatórios) esperado para 2023, em linha com sua média histórica, oferecendo 15% de alta em relação ao preço-alvo atual do banco e de 91% de alta no cenário de privatização.

Já Cemig e Copasa tiveram a recomendação cortada após uma significativa alta das ações. O risco-retorno está menos atrativo, avaliam os analistas, especialmente considerando as diversas incertezas sobre o processo de aprovação de privatizações no Estado de Minas Gerais (MG).

Os principais riscos, na visão dos analistas, são os seguintes: i) Aprovação pelo legislativo estadual: privatizações em MG requerem 60% de aprovação dos deputados, e o banco acredita que o governador tem apoio potencial de 43% (base) até 66% (considerando deputados independentes), sendo que há questionamentos se uma “super maioria” é possível para temas mais delicados como privatizações; ii) Perfil de risco-recompensa menos atraente: esses dois nomes tiveram os dois melhores desempenhos de ações do setor nos últimos doze meses e o Morgan acredita que o caminho da privatização agora é mais questionável como um fator de reclassificação, principalmente porque Minas conta com uma jurisdição mais rígida comparado a São Paulo e Paraná.

Já no Paraná, o banco segue com recomendação equalweight tanto para Copel quanto para Sanepar. Embora a Copel tenha o processo de privatização mais avançado (já aprovado pela legislatura do estado), o excesso de ações com a potencial oferta que permitirá a privatização (potencialmente chegando a R$ 4,0 bilhões) pode impedir uma reavaliação das ações antes do negócio.

“Esse risco parece mais relevante para a Copel em comparação com outros casos, pois o potencial negócio parece mais próximo (ainda em 2023) e porque os preços da energia, que estão em um momento de baixa, se tornarão um catalisador de valor ainda mais relevante após a privatização e renovação da geração de concessões”, avalia.

Em relação à Sanepar (SAPR11), apesar do valuation barato, os analistas veem desvantagens relativas em relação à sua cobertura de estatais, como menor liquidez das ações, maiores riscos regulatórios e nenhuma opção de privatização.

O banco elevou o preço-alvo para Copel de R$ 8,50 para R$ 9; já a unit da Sanepar seguiu com preço-alvo de R$ 25.

(com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.