Brasileiro ainda acredita que produto importado tem melhor qualidade

Professora aponta diferenças no comportamento de consumo no Brasil e nos EUA, onde maioria dá preferência a produtos nacionais

Evelin Ribeiro

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SÃO PAULO – Na hora da compra, 61% da população norte-americana afirma dar preferência por produtos cuja embalagem enfatize a informação de que eles são fabricados nos Estados Unidos. A pesquisa, feita pela Harris Interactive, aponta que apenas 35% dos consumidores do país não ligam se o produto é ou não de fabricação nacional.

De acordo com os pesquisadores, a publicidade já vem observando esse comportamento e tem utilizado cada vez mais a etiqueta “Made in America” em seus produtos, em especial a indústria automobilística. E no Brasil, será que esse comportamento é o mesmo?

Para a coordenadora dos cursos de pós-graduação do Provar/Fia, Elaine Mandotti, entre os brasileiros ainda existe certa mítica a respeito dos produtos importados, reconhecidos culturalmente como de maior qualidade que os nacionais.

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“À medida que é sabido que os franceses estão bastante avançados em relação a cosméticos anti-idade, por exemplo, e isso é disseminado ao restante do mundo, o brasileiro vai continuar dando preferência para esse produto. Nas classes mais abastadas isso fica ainda mais forte, pois há outros influenciadores, como os próprios dermatologistas que orientam a consumir esses produtos”, declarou a professora.

Primeiro, o preço
Por outro lado, segundo Elaine, o quesito preço ainda é muito mais forte como agente influenciador do que os demais fatores no Brasil. “É claro que somos mais suscetíveis a preço, por isso existe forte tendência ao consumo de produtos nacionais. Ainda mais porque os produtos importados mais baratos, como os chineses, carregam muito estigma pejorativo de pior qualidade”, completou.

A especialista em varejo afirma que a preferência dos norte-americanos por produtos “Made in America” não se dá apenas por patriotismo, mas também porque eles sabem que a indústria nacional tem capacidade de entregar produtos de boa qualidade.

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“No Brasil ainda não acontece com tanta clareza, mas já vemos empresas destacando que tal percentual de seu produto é baseado em insumos nacionais. Portanto, acho que nos próximos anos o brasileiro tende a mudar seu comportamento, se conscientizando em relação ao que realmente procura. Quando conseguirmos a tecnologia suficiente para entregar tantos benefícios ao consumidor quanto os produtos importados, será natural que haja preferência pelos produtos brasileiros”, finalizou.