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SÃO PAULO – A economia brasileira não tem desafios apenas para 2013 e 2014, mas sim para os próximos trinta anos. É o que avalia o economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Ratings, Alex Agostini, em relatório com a revisão para as projeções macroeconômicas para o biênio.
Agostini ressalta ainda que a necessidade de retornar o mais rápido possível ao equilíbrio das contas fiscais, visto a necessidade de realizar investimentos em áreas estratégicas como, por exemplo, infraestrutura logística, de forma a amparar o crescimento sustentado de longo prazo. A realização de reformas estruturais, como tributária, trabalhista, previdenciária e política segue também como um dos fatores determinantes para o crescimento.
A agência revisou as suas estimativas para as principais variáveis macroeconômicas, que foi reduzida de 3,7% em 2013 para 3,4% enquanto, para 2014, a projeção está preservada em 4,3%. Entretanto, avalia Agostini, é muito provável que o nível de crescimento em 2015 seja igual ou inferior ao observado em 2013, em virtude da ausência das reformas estruturais.
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Segundo ele, esta queda da atividade recairá sobre a necessidade do governo de reduzir o nível de inflação, bem como recuperar o equilíbrio fiscal com maior austeridade, em meio aos efeitos defasados das recentes desonerações e, principalmente, pela ausência do ajuste pelo lado do endividamento – ou déficit nominal.
“Somente com a situação fiscal consolidando seu nível de equilíbrio é que será possível o País proporcionar com eficiência os três grandes projetos da agenda econômica”, ressalta Agostini. São eles: colocar em prática a exploração de petróleo na camada pré-sal e condicionar a infraestrutura para a Copa das Confederações e Copa do Mundo, com destaque para a mobilidade urbana. Por fim, está a melhora da imagem do País quanto à segurança jurídica e da infraestrutura.
Estímulos governamentais devem garantir crescimento
Apesar do cenário desafiador com relação à questão de infraestrutura, Agostini destaca que, com os estímulos governamentais, fomento do crédito, demanda doméstica aquecida e taxa de juros em patamares historicamente baixos, a produção industrial deverá retomar o crescimento em 2013, “mesmo que ainda em nível aquém do necessário para o Brasil atingir o tão desejado ‘crescimento sustentável’”, avalia.
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Para a taxa de inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para 5,2% em 2013 e de 5,5% para 2014. Anteriormente, a Austin Ratings projetava alta de 5,7% para o índice neste ano antes do anúncio da desoneração fiscal da cesta básica. Para 2014, o cenário tende a ser mais preocupante, e mesmo considerando a alta da taxa de juros básica,recai sobre o potencial de reajustes dos preços dos serviços em virtude da ocorrência da Copa do mundo de futebol.
Isso levando em consideração que o governo deverá preservar sua linha mestra da política econômica que estimula o nível de emprego e renda, além do aumento da demanda por parte dos turistas. O economista-chefe da agência ressaltou ainda que o contexto macroeconômico descrito pode levar a um efeito positivo para a nota de crédito do Brasil, atualmente em BBB em moeda estrangeira e BBB+ em moeda local.