“Brasil, pra frente, Geraldo presidente”, será?

O Brasil entra em um novo momento, a agenda do novo regime fiscal tende a ser aprovada no Congresso e a esquerda está sem liderança

Richard Back

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Este foi o grito dos presentes quando o prefeito eleito de São Paulo, João Dória, fez seu agradecimento ao governador do estado, Geraldo Alckmin (PSDB). Dória na verdade fez muito mais que agradecer, ele praticamente lançou Alckmin candidato a presidente em 2018, e citou até Mário Covas para justificar a sua defesa de prévias no PSDB. Alckmin cresce, assim como cresce a estrutura política que o governador está montando, que conta com inúmeras prefeituras eleitas em São Paulo e mais uma sólida aliança com o PSB. Ele hoje, a contragosto de Aécio Neves – que também caminha para eleger prefeituras importantes em Minas gerais – e José Serra, que ficou praticamente de fora do processo eleitoral, se cacifa definitivamente como peça importante no tabuleiro da próxima eleição presidencial.

As eleições deste domingo confirmaram a já esperada demolição da estrutura política do PT. O derretimento do partido, agora só o décimo colocado em número de prefeituras, marca o fim melancólico de uma era de protagonismo político petista, e trará sérios reflexos para as eleições proporcionais de 2018. São prefeitos que elegem deputados, logo, podemos esperar um PT muito menor para a legislatura 2019-2023. Se pode ser precipitado dizer que o PT acabou – se dizia equivocadamente o mesmo do Democratas não muito tempo atrás – pode-se por outro lado afirmar que a legenda viverá um inverno rigoroso, no qual não está preparada. Já não há produção intelectual, organização estratégica ou mesmo tática, e seu maior líder, Lula, anda acossado pela Operação Lava-Jato. Resta saber se o inverno petista terá as consequências que teve o inverno Russo com a “Grand Armée” de Napoleão Bonaparte.

Esta eleição também marca a queda da tese do “golpe” contra Dilma, e fortalece a agenda de ajustes no país. Tanto João Dória em São Paulo, quanto ACM Neto em Salvador, se elegeram com discursos mais liberais e podem ser lideranças no novo direcionamento da agenda política brasileira. Isso, obviamente, não faz com que automaticamente a agenda ande por si só no Congresso Nacional, mas é importante que os líderes eleitos para governar cidades importantes tenham esta visão.

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O PMDB encolheu politicamente, mas há que se olhar com calma o resultado, já que as mais de mil prefeituras do partido tendem a ajudar a eleger bancadas numerosas em 2018. Mesmo que o número de prefeituras tenha caído pouco, as projeções de líderes peemedebistas antes das eleições era de que o partido teria “quase 1500 prefeituras”, e que teria “mais que o dobro do segundo colocado”. Não foi o que aconteceu. A diminuição política do PMDB também se dá pela queda de uma importante estrutura do partido no Rio de Janeiro. Pedro Paulo sequer conseguiu ir para o segundo turno em uma cidade que realizou os Jogos Olímpicos, e tanto Crivella (PRB), quanto Freixo (PSOL) já rejeitam publicamente o apoio do PMDB no segundo turno.

O Brasil entra em um novo momento. A agenda do novo regime fiscal tende a ser aprovada no Congresso Nacional, a reforma da previdência será enviada nos próximos dias, a esquerda brasileira está sem liderança, partidos ideológicos como o “Novo” elegeram seus primeiros representantes, e São Paulo elege um prefeito que se coloca como uma espécie de Michael Bloomberg, e não um Trump brasileiro.

Se caminharemos para uma definitiva pacificação na agenda nacional só a Lava-Jato dirá, mas que os ares estão melhores, isso é inegável.

Richard Back

É coordenador de macro sales e análise política da XP Investimentos. Acompanha o cenário brasileiro há uma década e especializou-se também em política internacional.