Brasil pode superar EUA na produção de soja ainda nessa safra, diz presidente da DATAGRO

Capacidade de expansão da área agriculturável é apontada como vantagem brasileira

Fernando Ladeira

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O Brasil se transformou de um país importador de commodities nos anos 1970 para um dos maiores celeiros mundiais nos dias de hoje. E, na safra 2016/2017, pode superar os EUA na produção de soja, uma das principais culturas do agronegócio. “Tende a superar e disparar na frente nos próximos anos”, afirma Plinio Nastari, presidente da DATAGRO.

No encerramento da safra 2015/2016, o Brasil contabilizou uma produção de 95,4 milhões de toneladas de soja, e a previsão desse ano é de crescimento de 15%, dependendo das condições agronômicas e de clima. Para o presidente da DATAGRO, o cenário possibilita que nessa safra o Brasil supere marginalmente a produção norte-americana, permanecendo próximo da marca de 110 milhões de toneladas e rivalizando nas exportações.

Esse ritmo de crescimento é maior no Brasil, explica Nastari, porque nos EUA há uma limitação na expansão da área agrícola, tornando o crescimento mais dependente de avanços de produtividade. “A área de expansão agrícola dos EUA é a oeste de Nebraska e Kansas, regiões predominantemente secas, onde há a dependência da irrigação”, diz, durante o evento XP DATAGRO AgriFinance Brazil.

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A água para esses locais provém de um aquífero chamado Ogallala, cujo nível está decrescendo a cada ano devido a competições com outros usos da água e a um período mais seco nos EUA.

Por outro lado, no Brasil ainda há significativa área disponível para utilização agrícola. Para o presidente da DATAGRO, o País é “um livro aberto” nesse sentido, tendo em vista que dos cerca de 850 milhões de hectares de terra disponíveis, 340 milhões são agricultáveis e apenas 76 milhões são utilizados, considerando todas as culturas.

Aliado a isso, também há a possibilidade de aumento de produtividade. Nastari lembrou que o Brasil conseguiu desenvolver o agronegócio nas últimas décadas devido a processos de inovação, com início nos anos 1970, quando cerca de 2.000 pesquisadores foram enviados para cursos de pós-graduação nos EUA. Essa estratégia permitiu o desenvolvimento de técnicas para a agricultura de cerrado – até então, predominava a agricultura de hemisfério norte, sem tecnologia suficiente para produção de grãos no ambiente brasileiro.