“Brasil perdeu enorme oportunidade”, diz líder do Fed sobre inundação de dólares dos EUA

Segundo Richard Fisher, País não soube aproveitar injeção de dólares através dos programas de flexibilização monetária, enquanto o México soube investir do futuro da economia

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Nesta segunda-feira (19), o Instituto George W. Bush realizou um evento que reuniu dois líderes regionais do Federal Reserve, John Williams (São Francisco) e Richard Fisher (Dallas), além do antigo presidente da autoridade monetária, Ben Bernanke. Entre os diversos assuntos debatidos, esteve o atual cenário econômico e a saída dos EUA da crise foram o foco.

Na conversa conjunta com Fisher e Williams, o futuro dos estímulos e das taxas de juros ficaram em destaque e até o Brasil foi citado. Segundo Fisher, o País não soube aproveitar as oportunidades que o forte aumento de liquidez através dos programas de estímulo trouxe para a economia mundial, incluindo a brasileira. O Brasil foi um dos países que não soube aproveitar o momento e acabou bastante prejudicado em meio à forte volatilidade das bolsas no final do ano passado e o começo deste, quando ganharam forças as expectativas por redução de estímulos pelo Fed. 

“O Brasil perdeu uma enorme oportunidade”, afirmou o líder do Fed de Dallas, que ainda completou dizendo que o País não soube utilizar seu dinheiro de forma eficiente. Do lado contrário, Fisher citou o México, que aproveitou o momento para fazer investimentos e “apostar no futuro”.

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Sobre o atual momento de encerramento do QE3 e das projeções do momento da alta dos juros, Williams lembrou que o Fed precisará redobrar a forma como se comunica com o mercado, ressaltando a falta de volatilidade das ações desde que a retirada de estímulos teve início. Para ele, todo Banco Central sonha com tranquilidade em momentos de alta dos juros, mas que isso nunca acontece. Porém, ele destacou que o Fed está estudando todos os possíveis mecanismos que podem ajudar o mercado neste momento.

Bernanke e a recuperação dos EUA
Em um segundo painel, as atenções da conversa com Ben Bernanke foram focadas no momento da crise de 2008 e em como o Fed, liderado por ele, conseguiu ajudar o país a sair dela. Logo no início, Bernanke aproveitou para elogiar a postura de Bush na época, afirmando que ele “honrou” a independência do Fed, o que permitiu um melhor trabalho da autoridade monetária.

O ex-presidente do Fed disse que o seu Quantitative Easing funcionou e ajudou na recuperação do mercado de ações. Ele disse que notou isso no dia em que anunciou o QE1, em 2009, que, segundo ele, foi a mesma data em que o mercado atingiu seu fundo, seguido por um período de rali das ações.

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Por fim, ele afirmou que manter os juros baixos realmente ajudou as ações, enquanto ressaltou que acreditar que o Fed pode resolver todos os problemas da nação é algo tolo. Ele terminou dizendo que enquanto o Fed repetidamente superestimou o crescimento dos EUA desde a recessão, as taxas de desemprego também caíram bem mais rápido do que a autoridade monetária pensou que ocorreria.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.