Bradesco (BBDC4): Itaú BBA “não concorda” com rali da ação e reitera recomendação equivalente à venda

Banco provavelmente terá que lidar com safras ruins de crédito por mais tempo do que seus concorrentes, que já estão mais avançados para inadimplência

Felipe Moreira

(Crédito: Shutterstock)

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O Itaú BBA reiterou sua visão pessimista com as ações do Banco Bradesco (BBDC4) e manteve avaliação underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda), com preço-alvo de R$ 15, após os papéis da instituição financeira subirem cerca de 14% últimos 30 dias.

Com a valorização, a ação está novamente negociando acima de 1 vez Preço/ Valor Patrimonial e com um Preço/Lucro premium para seus principais pares.

Diante disso, o BBA não recomenda que os investidores o sigam ainda mais no rali, pois espera que a recuperação dos negócios do Bradesco fique abaixo de seus pares entre 2023 e 2024.

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“O Bradesco provavelmente terá que lidar com safras ruins de crédito por mais tempo do que seus concorrentes, que já estão mais avançados em domar índices de inadimplência (NPLs)”, destaca o relatório. “O banco também tem menos espaço, em termos de provisões e capital, para arriscar acelerar muito cedo.”

O BBA presume que o Bradesco terá melhores métricas de qualidade de crédito para acelerar a originação apenas no quarto trimestre de 2023 (4T23). A carteira deve crescer apenas 5% em 2023 e 8% em 2024. Os benefícios para NII (carteira de crédito x NIMs) virão apenas no segundo semestre do próximo ano, dada a duração da carteira de 18 meses. O NII cresce apenas 5% em 2023, para acelerar para 10% em 2024. Os esforços de corte de custos provavelmente irão acelerar.

“Enquanto isso, as despesas com provisões permanecerão altas ao longo de 2023 e não cairão muito em 2024, devido ao baixo ponto de partida da cobertura”, explicam analistas. A Margem Financeira Bruta de Mercado dificilmente retornará ao patamar histórico de R$ 8-10 bilhões ao ano, dada a recém-introduzida política de gestão de riscos.

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Por outro lado, segundo analistas, a taxa Selic mais baixa pode ajudar na recuperação da margem de lucro de mercado, mas não tanto quanto antes. “O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) final de 16% até 2025 provavelmente decepcionará aqueles que esperam o ROE pré-pandêmico de 18% a 20%”, diz o banco.

Nesse contexto, o BBA vê muito poucas chances de o Bradesco apresentar uma recuperação rápida e limpa de resultados no curto prazo. Para sair de sua atual carteira de empréstimos fraca e das tendências de margem financeira gerencial (NIM), ele precisa acelerar as concessões, especialmente em linhas de maior rendimento.

“No entanto, não pode acelerar a menos que a capacidade de pagamento da dívida de clientes do varejo e pequenas e médias empresas (PME) tenha realmente mudado e os problemas em sua carteira existente (incluindo renegociações elevadas) sejam corrigidos”, destaca BBA.

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Segundo o relatório, o Bradesco vem tentando crescer via clientes de alta renda, mas não pode mudar seu posicionamento da noite para o dia. A cobertura para assumir riscos é relativamente baixa e a posição de capital também está abaixo de seus pares, enquanto os altos pagamentos do IOC (imposto sobre operações de crédito) necessários (para economizar em impostos) são um fator contrário ao índice de Basileia a ser considerado.