Bradesco (BBDC4): recuperação foi interrompida? Por que ação caiu 4,4% após o 3T24

Banco manteve cenário de recuperação da lucratividade, mas dados de margens financeiras e alta das despesas não agradaram, mostrando trajetória "não linear"

Equipe InfoMoney

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A recuperação continua para o Bradesco (BBDC4)? Na visão da XP, o banco, que apresentou seus resultados do terceiro trimestre de 2024 (3T24) na manhã desta quinta-feira (31), reportou resultados mistos, em sua maioria em linha com o consenso e que mostram continuidade do movimento de recuperação, mas não de forma linear. Com isso, na abertura do pregão, as ações BBDC4 já tinham queda de mais de 4%, que se manteve durante boa parte do dia. O papel PN do banco fechou em baixa de 4,39%, a R$ 14,37.

O lucro líquido de R$ 5,2 bilhões ficou 2% abaixo das estimativas da casa, mas em linha com o consenso. Previsões de analistas compiladas pela Lseg apontavam uma expectativa média de lucro de R$ 5,14 bilhões para o Bradesco entre julho e o final de setembro. Na comparação com o segundo trimestre, a linha final do resultado do banco mostrou aumento de 10,8%.

O Bradesco manteve sua trajetória de recuperação da lucratividade, alcançando um ROE (Retorno sobre o patrimônio líquido) de 12,4%, ante 11,4% no trimestre anterior e 11,3% um ano antes.

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A carteira de crédito voltou a acelerar, crescendo 3,5% na base trimestral e entrando na faixa inferior indicada para o crescimento anual. No entanto, o NII (margem financeira) de clientes teve uma recuperação mais modesta, crescendo apenas 2% na base trimestral (-1% ano a ano), indicando uma reprecificação ainda lenta em linhas com spreads mais altos.

Já os seguros e as taxas continuam a ter um bom desempenho, contribuindo para a linha superior. O destaque de mais um trimestre foi a queda significativa no custo do risco, que caiu 2% ante o 2T24 (-13% versus a estimativa da XP).

Enquanto isso, os indicadores de qualidade de crédito continuam melhorando, com os índices de inadimplência (NPLs) acima de 90 dias diminuindo para recuando para 4,2%, de 5,6% um ano antes e 4,3% no segundo trimestre.

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“Embora confirmando a tendência de recuperação, a curva de crescimento esperada parece um pouco mais lenta, e o ambiente macro pode atrasar essa recuperação no crescimento do crédito”, avaliam os analistas da XP, que apontavam para a possibilidade de um “pregão misto” pós-balanço e que ficariam atentos à teleconferência.

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A jornalistas, o presidente-executivo do Bradesco, Marcelo Noronha, afirmou que o banco está com o risco de crédito bastante controlado e que espera que a inadimplência continue recuando, embora em ritmo menor.

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“A carteira de crédito cresce com equilíbrio em todos os segmentos… e com índice na inadimplência que melhora em todos os segmentos de clientes”, apontou. “Nós arrumamos a inadimplência, ela vai cair, em um ritmo menor, mas vai cair, essa é a expectativa”, afirmou, reforçando sobre a qualidade das novas safras.

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Já na visão da Genial Investimentos, a sua primeira leitura dos resultados do 3T24 do Bradesco foi positiva, com o desempenho reforçando as transformações que a gestão tem implementado para elevar a rentabilidade do banco.

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Em relação ao plano de transformação, o banco segue diminuindo agências, totalizando 2.355 (-6,1% trimestre a trimestre e –14,4% ano a ano).

A Genial também ressalta o desempenho modesto do NII, que cresceu 2,7% ante o 2T24 e 0,9% ante o 3T23, alinhado à estratégia de crescimento em linhas de crédito de menor risco e spread. Nesse cenário, as despesas com provisões para crédito (PDD) foram bem controladas, com uma queda de -2,2% trimestralmente e -22,4% anualmente, enquanto a inadimplência segue em tendência de queda, refletindo um melhor controle de qualidade.

No lado menos favorável, as despesas administrativas registraram um crescimento elevado, de 4,0% na base trimestral e 12,1% na anual, impulsionado pelo maior volume de contratações e pela incorporação da Cielo. Mesmo desconsiderando a incorporação, as despesas ainda apresentariam crescimento significativo. O lucro antes do imposto, de R$ 6,7 bilhões, superou as expectativas em 8,3%, com crescimento de 15% no trimestre e 29% no ano.

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Já para o JPMorgan, do lado positivo, as taxas de serviço foram melhores do que o esperado e o banco entregou provisionamento melhor do que o esperado para sua nova formação de inadimplência, ou “NPL formation” (a variação do saldo de créditos em atraso). Enquanto isso, também ressaltou o NII total como negativo, sendo a explicação da empresa para uma maior pressão com um “mix” mais seguro (ou seja, produto e cliente).

“No geral, resultados em linha com argumentos para otimistas (bullish) e pessimistas (bearish). Temos tendência a ter uma primeira visão ligeiramente positiva, pois o EBT [lucro antes de impostos] superou nossas estimativas, apesar de outras despesas muito maiores (por exemplo, marketing de cartão e também reivindicações e contingências legais, que podem estar vinculadas à otimização do canal) e o ROE continua a se expandir (importante, pois o custo de risco também está subindo no Brasil)”, avaliam os analistas do JPMorgan. Contudo, não descartaram uma pressão maior para as ações por conta do recente posicionamento mais pesado do mercado a decepção com o NII.

Saiba mais: como analisar balanços de bancos? Confira assistindo ao vídeo abaixo