Bradesco (BBDC4): JP corta recomendação após rali e exposição a segmentos mais arriscados; ação fecha em queda

Preço-alvo é de R$ 22 para final de 2023, o que representa potencial de valorização de 4,9% frente a cotação de fechamento da véspera

Felipe Moreira

(Divulgação)

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O JPMorgan cortou a recomendação para as ações preferenciais do Bradesco (BBDC4) de compra para neutra, devido ao recente rali de alta das ações do banco após resultados das eleições do primeiro turno. No entanto, manteve o preço-alvo de R$ 22,00 para o final de 2023, o que representa potencial de valorização de 4,9% frente a cotação de fechamento de quinta-feira (6) de R$ 20,97.

Com o corte de recomendação, as ações chegaram a cair 4,43% nesta sexta-feira (7) e fecharam em baixa de 2,38%, a R$ 20,47.

Agora o time de research do banco americano enxerga melhor recompensa de risco no mexicano Banorte, no brasileiro Itaú (ITUB4) ou até mesmo na peruana Credicorp. “No Brasil, continuamos a ver um melhor momento de ganhos para o Itaú, à medida que vemos o Bradesco mais exposto às classes de renda mais baixas, que carregam risco de qualidade dos ativos.”

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“Relatórios de empréstimos publicados recentemente pelo Banco Central indicam um trimestre mais desafiador para o Bradesco em relação a qualidade de ativos”, comenta o banco.

Em termos de crescimento da receita, o Bradesco também está atrás, sendo que teve alta de 4% na base anual contra 20% para o Itaú no 2T22, “o que provavelmente tornará mais difícil absorver o agravamento dos riscos de crédito ao consumidor”, destacam analistas.

Além disso, segundo o banco, o terceiro trimestre “deverá ser excepcionalmente desafiador com : (i) deflação do IPCA, que prejudica parte os investimentos do Bradesco no banco e na seguradora; (ii) menos ajuda com reversões de provisão; e (iii) resultados de tesouraria demorando a se recuperar”.

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Maior exposição a PMEs pode prejudicar resultados do Bradesco

Segundo relatório, a qualidade dos ativos continua sendo um vento contrário para o banco. Analistas do JP Morgan esperam que a inadimplência do Bradesco continue a se deteriorar mais rapidamente do que seus pares.

Apesar de ter sido um primeiro semestre desafiador para inadimplência – o que pode indicar alguma estabilização – números do Bradesco de julho mostraram alta de 0,4 ponto percentual na base mensal contra estabilidade do Itaú e leve alta de 0,1 ponto do Banco do Brasil. O JPMorgan acredita que uma “maior exposição a pequenas e médias empresas (PMEs) e menor renda no varejo explique este desempenho”.  Além disso, o índice de cobertura diminuiu para 218%, ante 261% em 2021.

“Tendemos a ver pequenas e médias empresas como mais sensíveis aos ciclos de qualidade dos ativos e tem sido assim”, ressaltam analistas. Cerca de 25% dos empréstimos do Bradesco são empréstimos para PMEs, acima dos 17% observados no Itaú.

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JPMorgan está mais pessimista que o consenso de mercado

As estimativas do JP Morgan para o Bradesco estão 9% abaixo do consenso do Bloomberg no próximo ano. A projeção de lucro é de R$ 28,6 bilhões, com retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) de 17,2%, explicado por perspectivas mais conservadoras de receita de mercado e qualidade dos ativos.

Enquanto isso, o consenso de mercado prevê lucro de R$ 31,3 bilhões e ROE de cerca de 18,5%. O time de análise do banco americano vê o Bradesco sendo negociado a 7,3 vezes o múltiplo de preço sobre lucro esperado para 2023 da ação, ante 8,2 vezes do Itaú (prêmio de 13%, em linha com a média histórica).

Dadas as tendências recentes relatadas pelo Banco Central, o JPMorgan enxerga mais potencial positivo para o lucro do Itaú do que do Bradesco.