Bradesco (BBDC4) tem recomendação elevada à compra pelo JPMorgan, que vê bom ponto de entrada; ação sobe 2%

Analistas destacam que só viram o Bradesco negociando próximo ao P/VPA (preço sobre o valor patrimonial por ação) em três ocasiões

Felipe Moreira

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Apesar de enxergar tendência negativas de curto prazo para o Bradesco (BBDC4), o JPMorgan optou por elevar a recomendação das ações do banco para overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo passando de R$ 22 para R$ 21, implicando em um potencial de valorização de 38,1% em relação ao preço de fechamento de quarta-feira (17) de R$ 15,21. Com a elevação de recomendação, os ativos BBDC4 subiram 2,17%, a R$ 15,54, em uma sessão de queda para o Ibovespa.

Com as ações em queda de 18% desde que a instituição financeira publicou seus resultados do 3T22 até a sessão da véspera e negociando a 1,0 vez o valor contábil (abaixo do nível histórico de 1,7 vez desde 2014), analistas enxergaram um bom ponto de entrada no Bradesco, especificamente para investidores dispostos a suportar este ciclo desafiador.

“Num passado recente só vimos o Bradesco negociando próximo ao preço sobre o valor patrimonial por ação (P/VPA) em três ocasiões: (i) durante a recessão brasileira em 2015-2016; (ii) Covid-19; e (iii) resultados pós 3T22”.

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Analistas do banco ainda destacam que a qualidade do ativo continua sendo o principal ponto de foco para os investidores. Além disso, continuam a ver uma forte dinâmica da receita e a redução da inflação juntamente com a melhoria do trabalho contrabalanceado os níveis excessivamente elevados do serviço da dívida.

Faturamento reduzido

O JPMorgan reduziu a projeção para o faturamento previsto para Bradesco em 5% em 2023 para R$ 27 bilhões. Isso implica em um retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) de 16%, 4% abaixo do consenso Bloomberg.

A recomendação do banco americano já está abaixo do consenso há um tempo, visto que rebaixou o Bradesco em outubro devido a preocupações com a deflação e qualidade de ativos.

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Analistas apontam para um quarto trimestre muito desafiador (ROE de aproximadamente 13%) devido a maiores provisões para perdas com empréstimos, mas acreditam que isso está mapeado e precificado pelos investidores.

Para 2022, JP Morgan vê provisões crescendo 69% na base anual, que é superior aos níveis observados em 2016 e superior ao Itaú Unibanco (51% este ano), mas o indicador deve se normalizar no próximo ano.

Na margem financeira líquida (NII, sigla em inglês), analistas enxergam tendências melhores em 2023 com receita de mercado passando de negativo para positivo no segundo semestre.

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Para as outras empresas do setor, a recomendação é overweight (exposição acima da média do mercado) para o Itaú, que teve seu preço-alvo elevado de R$ 30 para R$ 33, enquanto a recomendação para o Banco do Brasil (BBAS3) é neutra, com o preço-alvo sendo elevado de R$ 47 para R$ 50. A recomendação para o Santander (SANB11) também é neutra, com o preço-alvo caindo de R$ 36 para R$ 35.

“O Banco do Brasil continua sendo um call a ver com política neste momento de discussão sobre o papel dos bancos estatais, enquanto o Santander Brasil é o menos preferido em nossa opinião, embora também reconheçamos que o banco desacelerou à frente de seus pares e pode retomar o crescimento em breve”, avalia.