Bolsas mundiais caem com atenção a comentários de Yellen e com queda das ações do Deutsche Bank; IPCA-15 e mais destaques

Investidores ainda aguardam pela fala de James Bullard, presidente do Fed de St. Louis, de manhã; na véspera, Ibovespa atingiu a mínima desde julho de 2022

Felipe Moreira

(Getty Images)

Publicidade

Os mercados amanhecem no campo negativo nesta sexta-feira (24), com a cautela global sobre o setor bancário ditando o ritmo dos negócios. Os investidores digerem os últimos movimentos de importantes Bancos Centrais nesta semana e comentários recentes da secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen.

Ela disse na última quinta-feira (23) que as medidas de emergência adotadas para apoiar os clientes do Silicon Valley Bank e do Signature Bank poderiam ser implantadas novamente em meio a preocupações com os bancos americanos. Isso contradiz a fala de quarta-feira, quando Janet Yellen disse aos senadores que o Tesouro não estava considerando nenhum plano para garantir todos os depósitos bancários dos EUA sem a aprovação do Congresso.

Na Alemanha, as ações do Deutsche Bank caem mais de 10% após um aumento nos swaps de inadimplência de crédito, elevando a aversão ao risco do mercado. Os swaps de inadimplência de crédito são uma forma de seguro para os detentores de títulos de uma empresa contra sua inadimplência.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Por aqui, na primeira sessão pós-Copom, o Ibovespa fechou com baixa de 2,29%, aos 97.926 pontos, menor nível desde 18 de julho de 2022, um dia após o Banco Central esfriar expectativas de alívio monetário em breve, em pregão também minado por novas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao BC e pela escalada no conflito entre os titulares da Câmara dos Deputados e do Senado.

Chama a atenção a queda de braço entre Arthur Lira (presidente da Câmara) e Rodrigo Pacheco (presidente do Senado) pelas Medidas Provisórias, o que poderá acabar prejudicando a agenda econômica do governo.

Em indicadores, sai a prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), referente a março. O consenso Refinitiv projeta alta mensal de 0,65% e alta anual de 5,30%.

Continua depois da publicidade

1.Bolsas Mundiais

Estados Unidos

Os índices futuros dos EUA operam em baixa, à medida que investidores avaliam os problemas do setor bancário e a decisão sobre o juros do Fed.

Os investidores também estarão atentos aos dados econômicos sobre bens duráveis, manufatura e serviços que serão divulgados na manhã desta sexta-feira. O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard , deve falar perto da abertura dos mercados.

Veja o desempenho dos mercados futuros:

Ásia

Os mercados asiáticos fecharam com baixa, com repercussão das declarações da secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen , que disse que as ações federais de emergência para apoiar os bancos regionais falidos poderiam ser usadas novamente, se necessário.

Na agenda econômica, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de manufatura do Japão subiu de 47,7 para 48,6 em fevereiro, seu primeiro aumento desde março de 2022.

Mas a estimativa para o setor de serviços do Japão ficou em 54,2 em março, ligeiramente acima dos 54,0 em fevereiro, e a leitura mais forte desde outubro de 2013.

O inflação do Japão, por sua vez, ficou em 3,3% no mês em comparação com o ano anterior, também abaixo da inflação de janeiro de 4,3%.

Europa

Os mercados europeus operam com baixa nesta manhã de sexta-feira, com agentes do mercado pesando os acontecimentos de uma semana de aumentos de juros de vários bancos centrais e das últimas notícias do setor bancário.

O Banco da Inglaterra elevou sua taxa básica em 25 bases para 4,25% na quinta-feira, um movimento que foi precificado pelos mercados depois que a inflação do Reino Unido registrou uma alta acima do esperado.

O banco central suíço elevou sua própria taxa de juros de referência em 50 pontos bases. Ambas as decisões vêm na sombra do aumento do Fed em 25 pontos-base.

As ações do Deutsche Bank operavam com baixa de mais de 10%, estendendo uma queda de 3,2% na quinta-feira, depois que seus swaps de inadimplência, uma forma de seguro para detentores de títulos, subiram.

Commodities

Os preços do petróleo operam com baixa, ampliando as perdas do dia anterior, devido a preocupações com o potencial excesso de oferta, depois que a secretária de Energia dos EUA, Jennifer Granholm, disse que o reabastecimento da Reserva Estratégica de Petróleo do país pode levar vários anos.

As cotações do minério de ferro na China tiveram ligeira alta na sessão de hoje.

Bitcoin

2. Agenda

A semana termina com a divulgação da prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) referente a março. O consenso Refinitiv projeta alta mensal de 0,65% e alta anual de 5,30%.

O Itaú, por sua vez, prevê alta mensal de 0,67%. De acordo com o banco, a leitura deve ser pressionada por preços regulados, como os da gasolina (refletindo o retorno parcial do PIS/Cofins) e eletricidade (com a volta do ICMS).

“Levando em conta o núcleo da inflação, serviços, especialmente alimentação fora de casa, podem continuar acelerando na margem”, diz a análise de Mesquita.

Brasil

9h: IPCA-15 de março; consenso Refinitiv prevê alta mensal de 0,65% e anual de 5,30%

9h30: Solenidade de assinatura do Termo de Acordo entre o Poder Executivo Federal e as Entidades Representativas dos Servidores Públicos Federais

10h30: Presidente Lula discute tramitação de MPs em reunião com líderes e ministros

11h30: Roberto Campos Neto, presidente do BC, tem reunião com Deputado Federal Danilo Forte (União/CE), Igor Macedo de Lucena, Presidente do Conselho Regional de Economia do Estado do Ceará (CRE/CE) e Vicente Ferrer Augusto Gonçalves, Conselheiro Federal do Conselho Federal de Economia, em São Paulo (fechado à imprensa)

EUA

9h30: Bens duráveis de fevereiro

10h45: PMI de março

3.Noticiário econômico

Lula volta a criticar Selic alta e sugere pressão de Senado a Campos Neto

Em evento no Rio de Janeiro na última quinta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que a história julgará a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, de manter a Selic a 13,75% ao ano. Lula disse que a medida “não tem explicação nenhuma no mundo” e que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, “tem que cumprir a lei”.

Também sugeriu que o Senado é quem tem de “cuidar” do chefe da autoridade monetária. “Não tem explicação nenhuma no mundo a taxa de juros estar a 13,75% ao ano. Quem tem que cuidar do Campos Neto é o Senado que o indicou. Ele (Roberto Campos Neto) não foi eleito pelo povo. Não foi indicado pelo presidente. Foi indicado pelo Senado”, disse Lula.

4. Noticiário político

Lula discute tramitação de MPs em reunião com líderes e ministros

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se reunir nesta sexta-feira, às 10h30, com líderes do governo e ministros. Entre os temas abordados, está a tramitação das MPs no Congresso, que virou alvo de impasse entre o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Também participarão do encontro o vice-presidente Geraldo Alckmin, os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), Flávio Dino (Justiça), o advocacia-geral da União (AGU), Jorge Messias, o controlador-geral da União (CGU), Vinícius de Carvalho, além dos líderes do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

Bolsonaro deve retornar ao Brasil na próxima quinta-feira (30)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse ontem (23) que deve chegar ao Brasil na próxima quinta-feira (30), pela manhã. Se de fato ele embarcar no dia 29, como está previsto, coincidirá com a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China.

Bolsonaro embarcou para a Flórida em 30 de dezembro do ano passado, dois dias antes do fim do seu mandato.

Em vídeo publicado em suas redes sociais, Jair Bolsonaro afirmou que pretende retomar o trabalho no PL (Partido Liberal).

5. Radar Corporativo

Depois do fechamento dos mercados, Cemig (CMIG4), Mundial (MDNL3) e PDG Realty (PDGR3) divulgam resultados após o fechamento do mercado.

Cogna (COGN3)

O grupo de educação Cogna (COGN3) registrou um lucro líquido ajustado de R$ 76,154 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), revertendo o prejuízo de R$ 65,57 milhões apresentado em igual período de 2021. No acumulado de 2022, o resultado ficou negativo em R$ 52,62 milhões, 48,1% menor frente a igual período do ano anterior.

No trimestre, a receita líquida atingiu R$ 1,696 bilhão, alta de 13,2% versus o 4T21. No acumulado do ano, o dado alcançou R$ 5,0922 bilhões com crescimento de 6,6% versus 2021.

Locaweb (LWSA3)

A companhia de serviços de tecnologia Locaweb (LWSA3) registrou lucro líquido de R$ 18,9 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), revertendo prejuízo líquido de R$ 7,2 milhões no mesmo intervalo de 2021.  Já em termos ajustados, o lucro passou para R$ 60,9 milhões, alta de 123,9%. O lucro sem ajustes inclui despesas com plano de opções de ações e efeitos de aquisições.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 48,7 milhões no 4T22, um crescimento de 54,1% em relação ao 4T21.

Sabesp (SBSP3)

A Sabesp teve lucro líquido de R$ 642,2 milhões no quarto trimestre de 2022, em alta de 13,2% sobre o lucro líquido de R$ 567,5 milhões do quarto trimestre de 2021.

Aliansce Sonae (ALSO3)

A Aliansce Sonae (ALSO3), companhia com participação em 23 shoppings centers, registrou um prejuízo líquido de R$ 16,9 milhões no quarto trimestre de 2022, revertendo o lucro líquido de R$ 115,7 milhões, que teve no mesmo período de 2021.

O pior desempenho veio a despeito da alta de 5,4% da receita líquida, que saiu de R$ 277,6 milhões para R$ 292,6 milhões.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda na sigla em inglês) ajustado, contudo, caiu 9,3% na mesma comparação ano a ano, para R$ 205,9 milhões, sinalizando mais custos operacionais. A margem Ebitda recuou de 81,8% para 70,4%.

(Com Estadão, Reuters e Agência Brasil)