Bolsas mundiais caem antes do payroll e com atenção a bancos; fala da presidente do BCE, IPCA de fevereiro e mais destaques

Novo arcabouço fiscal deve ser apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana

Felipe Moreira

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Os mercados mundiais amanhecem no campo negativo nesta sexta-feira (10), com investidores à espera do relatório de empregos (payroll) dos Estados Unidos. O consenso Refinitiv prevê que 205 mil vagas de emprego tenham sido criadas fora do setor agrícola em fevereiro, o que marcaria uma forte desaceleração no crescimento em relação a criação surpreendente de 517 mil vagas de trabalho em janeiro.

A taxa de desemprego deve se manter em relação a janeiro – quando atingiu uma mínima não vista desde 1969 – em 3,4%.

Os dados de empregos de hoje fornecerão pistas sobre como o Federal Reserve (Fed), banco central americano, pode avançar em sua política monetária.

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Os agentes do mercados estão precificando uma chance de aproximadamente 63% de o Fed aumentar os juros em meio ponto percentual em sua próxima reunião de política monetária em cerca de duas semanas, de acordo com a CME.

Na agenda brasileira, o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) de fevereiro é o grande destaque, com consenso Refinitiv apontando para uma alta de 0,78% na comparação com janeiro, levando a taxa anual a 5,54%.

Do lado corporativo, o Magazine Luiza (MGLU3) divulgou seus resultados e informou que vai investigar denúncia anônima de irregularidades com fornecedores. Além disso, destaque para a fabricante de aeronaves Embraer (EMBR3) que divulgará seus resultados trimestrais antes da abertura dos mercados.

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1.Bolsas Mundiais

Estados Unidos

Os índices futuros dos EUA operam com baixa nesta manhã de sexta-feira, ampliando as perdas da véspera, enquanto investidores aguardam os dados do payroll de fevereiro, que pode determinar ainda mais a direção dos aumentos das taxas de juros pelo BC dos Estados Unidos.

Wall Street teve uma sessão negativa na quinta-feira. O Nasdaq registou uma queda de 2,05% e Dow 1,66%, enquanto o S&P 500 registrou queda de 1,85%. Todos os três índices estão a caminho de encerrar a semana em queda de pelo menos 3%.

As ações do setor financeiro puxaram o mercado para baixo na véspera, arrastadas pela queda de 60% do SVB Financial depois que o banco anunciou um plano para levantar mais de US$ 2 bilhões em capital em uma tentativa de compensar perdas com as vendas de títulos.

Veja o desempenho dos mercados futuros:

Ásia

Os mercados asiáticos fecharam baixa, com investidores aguardando os próximos dados de empregos nos EUA, também em busca de pistas sobre como o Federal Reserve vai atuar na condução da política monetária.

O Banco do Japão, por sua vez, manteve sua política monetária inalterada, amplamente em linha com as expectativas.

O banco central manteve sua taxa de juros negativa em -0,1% e reiterou sua meta de manter o rendimento dos títulos do governo japonês de 10 anos em torno de 0%.

O parlamento do Japão ainda aprovou Kazuo Ueda como o próximo governador do Banco do Japão, informou a Kyodo – o atual governador Haruhiko Kuroda presidiu sua última reunião de política antes do término de seu mandato em 8 de abril.

Europa

Os mercados europeus operam em queda generalizada, liderados por uma liquidação no setor bancário, impactado pela derrocada do Silicon Valley Bank.

A queda nas ações do setor bancário ocorre depois que um aumento de capital no Silicon Valley Bank fez com que suas ações caíssem 60% e contribuiu para eliminar mais de US$ 80 bilhões em valor das ações do banco.

Além disso, investidores aguardam pelo discurso da presidente do BCE, Christine Lagarde, e dados de emprego nos Estados Unidos.

Commodities 

As cotações do petróleo operam com baixa nesta sexta-feira, caminhando para quarta queda consecutiva, uma vez que os comerciantes permaneceram cautelosos sobre os aumentos acentuados dos juros nos Estados Unidos.

O presidente do Fed, Jerome Powell, alertou sobre aumentos de juros mais altos e potencialmente mais rápidos , dizendo que o Fed estava errado ao pensar inicialmente que a inflação era “transitória” e ficou surpreso com a força do mercado de trabalho.

Os preços do minério de ferro na China tiveram leve alta na sessão de hoje.

Bitcoin

2. Agenda

A semana termina com a divulgação do payroll nos Estados Unidos. O consenso Refinitiv prevê que 205 mil vagas de emprego tenham sido criadas fora do setor agrícola em fevereiro.

Caso o número se confirme, será uma forte desaceleração em relação a janeiro, quando 517 mil postos de trabalho foram criados. Este número também tende a ser revisado.

A média das projeções do mercado também indica um aumento de 0,3% na média salarial de fevereiro, o que, por sua vez, é uma leve aceleração sobre janeiro – quando as remunerações subiram 0,2%.

Por fim, os economistas consultados pela Refinitiv preveem mais um mês de estabilidade para a taxa de desemprego, em 3,4%.

No Brasil, será divulgado pelo o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) de fevereiro. O consenso Refinitiv, média das projeções do mercado, aponta para uma alta de 0,78% na comparação com janeiro, levando a taxa anual a 5,54%.

A previsão do Itaú está acima do consenso. O banco acredita em variação de 0,87% do IPCA em fevereiro, com a taxa anual indo a 5,6% (de 5,8% em janeiro).

Brasil

9h: IPCA de fevereiro; consenso Refinitiv aponta para alta de 0,8% na base mensal e de 5,54% na base anual

9h: Presidente Lula se reúne com Fernando Haddad, ministro da Fazenda

19h: Haddad concede entrevista ao vivo na CNN

EUA

10h30: Relatório de emprego payroll; consenso Refinitiv prevê a criação de 205 mil vagas

16h: Balanço orçamentário federal

Zona do Euro

12h: Discurso de Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE)

3.Noticiário econômico

Arcabouço fiscal deve ser apresentado a Lula na semana que vem

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou na última quinta-feira (9) que o novo arcabouço fiscal deve ser apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana.

De acordo com o líder, há tempo hábil para que o arcabouço seja incluído no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO). A LDO tem de ser enviada pelo Executivo ao Congresso até o dia 15 de abril e aprovada pelo Legislativo até o dia 30 de junho. “Aquele calendário vai ser cumprido. Ainda agora no mês de março se apresenta o novo arcabouço fiscal”, disse.

Mais cedo, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que o novo mecanismo fiscal, que substituirá o teto de gastos, agradará a todos, inclusive ao mercado financeiro. Ela afirmou que o arcabouço estará alinhado à responsabilidade fiscal.

4. Noticiário político

TCU proíbe Bolsonaro de usar e vender joias trazidas da Arábia Saudita

O ex-presidente Jair Bolsonaro não poderá usar nem vender as joias recebidas do governo da Arábia Saudita. A determinação foi feita pelo ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU), que acatou um pedido do subprocurador-geral do órgão, Lucas Furtado.

Em decisão publicada na noite da última quinta-feira (9), Nardes determinou que o ex-presidente deve preservar “intacto, na qualidade de fiel depositário, até ulterior deliberação desta corte de contas, abstendo-se de usar, dispor ou alienar qualquer peça oriunda do acervo de joias objeto do processo em exame”.

A emissora CNN afirmou nesta semana que Bolsonaro admitiu ter incorporado ao seu acervo pessoal uma caixa contendo um relógio de pulso, um par de abotoaduras, uma caneta, um anel e uma espécie de rosário. O ex-presidente ainda não falou publicamente sobre o caso. Além dessa caixa, existem outros itens também recebidos a título de presente do governo árabe. Trata-se de um colar, um anel, um relógio e um par de brincos de diamantes. Esses seguem em posse da Receita Federal.

5. Radar Corporativo

Magazine Luiza (MGLU3)

O Magazine Luiza (MGLU3) informou, por meio de fato relevante, que recebeu uma denúncia anônima de supostas práticas comerciais em desacordo com o Código de Conduta e Ética da companhia. Segundo o relato não identificado, as práticas envolveriam operações de bonificação relativas a compras de fornecedores e distribuidores.

O Conselho de Administração do Magazine Luiza, em reunião extraordinária, determinou, portanto, ao “Comitê de Auditoria, Riscos e Compliance” a apuração da denúncia.

A varejista registrou prejuízo líquido de R$ 35,9 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), ante em parte o lucro líquido de R$ 93,0 milhões em igual período de 2021. O consenso da Refinitiv esperava um prejuízo de R$ 78,4 milhões. Em termos ajustados, o prejuízo foi de R$ 15,2 milhões, queda de 80,8% na comparação anual.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da varejista no quarto trimestre de 2022 ficou em R$ 642,3 milhões, revertendo o Ebitda negativo de R$ 7,9 milhões do 4T21. O Ebitda ajustado subiu 176,7%, indo de R$ 243,5 milhões no 4T21 para R$ 673,7 milhões no 4T22.

A receita líquida no quarto trimestre de 2022, por sua vez, foi de R$ 11,1 bilhões, em alta de 18,8% na comparação anual. O consenso era de R$ 10,6 bilhões.

Via (VIIA3)

A Via (VIIA3), dona das marcas Casas Bahia e Ponto, registrou um prejuízo líquido de R$ 163 milhões no quarto trimestre de 2022, número menor do que a projeção do consenso Refinitiv, que esperava um prejuízo de R$ 212,5 milhões. No mesmo período do ano anterior (4T21), a companhia teve um lucro de R$ 29 milhões.

Quanto à receita líquida, a varejista registrou um faturamento de R$ 8,84 bilhões, ante R$ 8,5 bilhões do consenso. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 542 milhões, quando a media projetada pelo mercado era de R$ 593 milhões.

A companhia anunciou que Helisson Lemos, VP de Inovação Digital, renunciou ao cargo. “Enxergamos o anúncio como negativo, uma vez que Helisson era um executivo chave para o desenvolvimento do marketplace da Via, o que pode ofuscar os resultados”, aponta a XP.

Vale (VALE3)

A Vale (VALE3) informou, em conjunto com seus sócios Posco Holding Inc. e Dongkuk Steel Mill Co., Ltd, que concluiu a venda de suas respectivas participações na Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) para a ArcelorMittal. O valor da transação foi de US$ 2,2 bilhões, que será utilizado para pagar antecipadamente o saldo devedor da dívida líquida de US$ 2,3 bilhões.

(Com Estadão, Reuters e Agência Brasil)