Bolsas da Europa fecham em queda, prevendo cautela na política monetária

Além da inflação americana mais forte que a projetada para janeiro, mercados reagiram a dados de emprego e salários no Reino Unido menos aquecidos que o esperado

Estadão Conteúdo

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As bolsas da Europa fecharam em queda nesta terça-feira (13), após dados do Reino Unido e dos Estados Unidos intensificarem as apostas de cautela com a política monetária ao afastar expectativas de cortes de juros mais rápidas dos seus respectivos bancos centrais.

Em Paris, o CAC40 fechou em queda de 0,84%, a 7.625,31 pontos; em Milão, o FTSE MIB caiu 1,03%, a 31.134,17; em Lisboa, o PSI 20 recuou 0,97%, a 6.134,12; em Madri, o IBEX35 cedeu 0,59%, a 9.925,40. Todas as cotações são preliminares.

O mercado acionário europeu adotou um clima “cauteloso” já no início da manhã, enquanto investidores digeriam dados locais. Porém, a aversão a risco se intensificou na esteira de números mais fortes do que o esperado da inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que afastou de maio para junho a precificação para o primeiro corte de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

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Susannah Streeter, diretora de Dinheiro e Mercados da Hargreaves Lansdown, observou que o sólido relatório de empregos e salários no Reino Unido também sugere que o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) manterá taxas elevadas por mais tempo do que o esperado.

De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês) britânico, a taxa de desemprego caiu para 3,8% no trimestre encerrado em dezembro e o crescimento salarial avançou 6,2% no período, ambos contrariando expectativas de 4,0% e 6,0%, respectivamente.

“Havia esperança de um corte na taxa de juros em maio, mas agora essa expectativa deve ser adiada”, escreveu Streeter, em nota.

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Em Londres, o FTSE 100 fechou em queda de 0,81%, a 7.512,28 pontos, pressionado por papéis do setor industrial e de tecnologia. Na contramão, a ação da Astrazeneca subiu 1,05%, se recuperando de perdas recentes.

Para o diretor de Investimentos da AJ Bell, Russ Mould, os mercados devem manter esse padrão cauteloso, ao passo em que esperam pela próxima “onda” de dados sobre inflação, indústria e produto interno bruto (PIB), na busca de sinais sobre política monetária dos BCs.

Na divulgação desta terça, o índice ZEW da Alemanha apontou avanço nas expectativas em fevereiro, a 19,9. A Oxford Economics analisa que o quadro alemão é semelhante ao da zona do euro, que parece próximo ao “fundo do poço” e sinaliza possível aceleração no crescimento neste ano.

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A consultoria projeta que pode acontecer um pivô na política monetária do Banco Central Europeu (BCE), dando início aos cortes de juros no primeiro semestre de 2024. Em Frankfurt, o índice DAX recuou 0,92%, a 16.880,83 pontos.

Ainda no radar, a ação da ASML caiu 3,04% em Amsterdã, depois de chegar a tombar mais de 7%.

Segundo a Bloomberg, traders atribuem a queda repentina a um “dedo gordo” – erros feitos por operadores humanos ou algoritmos. Uma porta-voz da Euronext SA rejeitou a acusação e disse que nenhum alerta foi acionado na bolsa pan-europeia no período da manhã.