BofA revisa estimativas para siderúrgicas e mantém CSN como top pick

Equipe avalia o mercado brasileiro e os possíveis rumos para 2011; China e valorização dos metais fundamentam a análise

Rafael de Souza

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SÃO PAULO – Na expectativa por mais um ciclo de alta das commodities, Felipe Hirai e Thiago Lofiego, analistas do Bank of America Merrill Lynch, revisaram suas estimativas para o setor siderúrgico latino americano, com enfoque maior nas três grandes do Brasil: CSN, Gerdau e Usiminas.

As novas projeções partiram do cenário macro para o preço dos metais. De acordo com os analistas, a tendência de longo prazo para os próximos anos é de valorização, fundamentada pela demanda crescente dos países emergentes, destacando o apetite chinês, além da desvalorização do dólar e taxas de juros baixas.

Considerando todos estes fatores, Hirai e Lofiego elevaram os targets para o preço do ferro spot, cobre e níquel tanto para o quarto trimestre deste ano, como para 2011, 2012 e 2013:

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Aumento percentual do target
Commodity 4T10 2011 2012 2013
Ferro spot 36% 8% 8% 11%
Cobre 19% 41% 70% 65%
Níquel 8% 23% 14% 16%

Condensando a análise macroeconômica, os analistas do Bank of America Merrill Lynch avaliam as perspectivas para o mercado brasileiro, ainda visto com cautela por eles, mas não menos promissor.

Mercado brasileiro
Aliado ao impacto positivo da valorização das commodities, outros vetores devem ser considerados quando falamos do Brasil. Principal mercado consumidor brasileiro, a demanda crescente chinesa é um diferencial positivo para as siderúrgicas nacionais.

Entretanto, outros dois pontos específicos obstruem tal potencial. Segundo os analistas, o fluxo de notícias dando conta de iniciativas do governo em implementar mais barreiras protecionistas, resultado da valorização expressiva do real frente ao dólar. Assim, a ação traz certa pressão, mas, de todos os problemas, a perspectiva de menores margens operacionais para os próximos trimestres é o verdadeiro catalisador.

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Recomendação para os papéis:

Empresa Código Recomendação Preço-alvo antigo Preço-alvo novo Upside*
Usiminas ON USIM3 Neutro R$ 29,50 R$ 27,00 3,84%
Usiminas PNA USIM5 Neutro R$ 29,50 R$ 27,00 19,7%
Gerdau GGBR4 Underperform

R$ 23,00

R$ 24,00 6,2%
CSN CSNA3 Compra R$ 42,00 R$ 41,00 40%

*Potencial de valorização em 12 meses, com base na cotação de fechamento do dia 11 de novembro

Os empecilhos com relação às importações, fruto de medidas para proteger o setor, ganham um poder maior em função da situação da cadeia industrial. Segundo a equipe, a oferta excessiva de aço globalmente, junto às importações, reduz drasticamente o prêmio cobrado pelas siderúrgicas. Por conta disto, as margens operacionais das companhias tendem a recuar.

Apesar do cenário cauteloso no médio e longo prazos, o curto prazo, ou seja, os números do primeiro trimestre de 2011, prometem ser alavancados pela alta dos preços projetada e a demanda da indústria nacional, em período de realocar os estoques por conta do início do ano. Entre estes prós e contras, Hirai e Lofiego avaliam as perspectivas para CSN, Usiminas e Gerdau.

CSN
Por conta de sua exposição maior ao mercado de ferro e aço em relação aos seus pares nacionais, como sua política agressiva em reduzir custos, os analistas classificam os papéis como top pick do setor.

Avaliando os múltiplos, as ações da CSN estão descontadas frente os ativos da Usiminas, o que implica um upside maior para o investidor. Contudo, este cenário positivo pode ser mitigado caso os preços não subam como o esperado e a demanda projetada para a China fique abaixo do esperado.

Usiminas
Aproveitando o momento favorável para o mercado siderúrgico no curto prazo, a Usiminas tem a seu favor a logística implantada nos negócios, principal vantagem competitiva frente seus pares e que deve ser o diferencial nos resultado do primeiro trimestre do ano que vem.

Entretanto, os analistas destacam o aumento expressivo da estrutura de custos da siderúrgica. No terceiro trimestre deste ano, o nível alcançou o recorde verificado em 2004, preocupando Hirai e Lofiego. Contudo, afirmam, ainda é difícil precificar tal movimento.

Por este motivo, a recomendação para os papéis manteve-se como neutra, e o preço-alvo foi reduzido de R$ 29,50 para R$ 27,00.

Gerdau
E entre as grandes siderúrgicas nacionais listadas em bolsa, os analistas do banco mantêm a Gerdau com a “última favorita” frente aos players do setor. O fraco resultado no terceiro trimestre e o fraco guidance para 4T10/2011 são os principais catalisadores do papel, que, por conta disto, tiveram seus múltiplos reduzidos.

A exposição ao mercado norte-americano é outro empecilho que limita a Gerdau, uma vez que os EUA ainda estão em ritmo de recuperação. Deste modo, a recomendação para os papéis da companhia manteve-se em underperform.