BNP Paribas vê dólar a R$ 4,50 no 2º trimestre de 2022 com commodities e juros mais altos

A última vez que a cotação oscilou em torno de R$ 4,50 foi no começo de março de 2020, às vésperas do início da crise da pandemia de Covid-19

Reuters

(Getty Images)

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SÃO PAULO, 29 Jun (Reuters) – O dólar cairá para 4,50 reais ao fim do segundo trimestre de 2022, depois de fechar 2021 em 4,75 reais, de acordo com Gustavo Arruda, chefe de pesquisa para a América Latina do BNP Paribas, que cita o ajuste na política monetária brasileira como um dos fatores de suporte ao real.

A última vez que a cotação oscilou em torno de 4,50 reais foi no começo de março de 2020, às vésperas do mercado global sofrer um sacolejo com o início da crise da pandemia de Covid-19.

“Com a política monetária voltando a se ajustar, a ter um pouco mais de equilíbrio, a gente acha que o câmbio tem chances, tem espaço para se valorizar”, afirmou Arruda, citando ainda o benefício derivado também dos preços valorizados das commodities.

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Ele ressalvou, no entanto, que o caminho não deve ser linear. A expectativa dele é que o dólar feche 2022 em 4,60 reais.

“Isso não quer dizer que isso (a queda do dólar) não vem sem volatilidade. A gente sabe que é ano de eleição no Brasil (2022). Então esse cenário está sujeito a muita volatilidade devido ao ambiente político.”

Ainda assim, o cenário do BNP indica valorização cambial ante os patamares atuais. O dólar à vista BRBY era cotado em torno de 4,93 reais nesta terça-feira.

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O juro básico no Brasil subiu da mínima histórica de 2% que vigorou até março para 4,25%, e analistas de mercado veem a taxa chegando a pelo menos 6% ao fim do ano. Juros mais altos aumentam a atratividade do real por elevarem o retorno de ativos que operam diferencial de taxas.

Arruda calcula uma meta Selic de 7,5% já no início do ano que vem, com altas ininterruptas da taxa até lá –o que deixaria o Brasil com juros nominais bem acima dos de vários pares emergentes.

O BC tem subido os juros desde março ao ritmo de 0,75 ponto percentual. Mas, apesar da sinalização mais dura emitida recentemente pela autarquia e dos números mais elevados de inflação, Arruda não vê intensificação da velocidade no ajuste monetário.

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“Como o ciclo está próximo do fim, não faria muito sentido aumentar mais uma de 100 pontos-base agora, a não ser que ele (BC) procurasse fazer mais uma ou duas ou três de 100 (pontos-base)”, disse.

“Mas não faria muito sentido, porque se for para fazer uma de 100 pontos-base para depois desacelerar para 75 pontos-base é melhor manter o passo de 75 pontos-base daqui para a frente, na nossa opinião.”

Sobre inflação, o BNP calcula que a taxa fechará este ano em 6,5% para depois desacelerar a 4,5% no acumulado de 2022. Ambos os números estão acima das respectivas metas: ​3,75% e 3,50%.

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“Tem muito risco envolvido aqui: para onde vai o câmbio, para onde vai a bandeira tarifária… Se a bandeira tarifária fechar este ano na 2 e mudar para amarela no ano que vem, então tem desaceleração considerável de inflação.”

Os preços no curto prazo serão bastante impactados pela energia elétrica em meio à crise hídrica, afirmou o economista, que por ora vê desdobramentos maiores das preocupações com energia apenas no lado da inflação.

“Tem mais impacto na inflação do que para a atividade. Só começa a gerar dúvidas (sobre a atividade) se for muito pior do que o cenário desenhado por especialistas.”

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O BNP projeta que a economia brasileira crescerá 5,5% em 2021 (após retração de 4,1% em 2020) e expandirá 3,0% em 2022.

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