BNDES mais enxuto? Essa pode ser uma grande oportunidade para quem quer investir na bolsa

R$ 100 bilhões é o montante da carteira de ações do BNDES que o banco de fomento pode estar prestes a se desfazer - e isso pode ser uma boa oportunidade

Lara Rizério

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SÃO PAULO – “Vamos privatizar a BNDESPar. Não há razão para o governo ter uma carteira de ações que estão na bolsa. O governo tem outras prioridades. Se um dia não tivermos mais dívidas, poderemos montar uma empresa de participações, mas essa realidade não existe.”

Em evento no Credit Suisse realizado no fim de janeiro, o secretário de desestatizações do governo Bolsonaro, Sallim Mattar, deu indicações importantes de como será o BNDES nos próximos anos.

E as cifras são bastante significativas: o valor de mercado do portfólio de ativos do BNDES é de cerca de R$ 102 bilhões, de acordo com dados do próprio banco de fomento divulgados em seu portal (referentes ao final do terceiro trimestre de 2018)

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Para os estrategistas do banco, a venda dos ativos pelo BNDES pode gerar uma grande oportunidade para os investidores, uma vez que boa parte dessas participações podem ser vendidas pelo banco de fomento através de operações em bloco (ou block trade, quando um grande acionista faz uma operação na B3 para a venda das ações), que devem ter um desconto importante na comparação com os preços de mercado. 

Para apontar quais são as melhores oportunidades, a equipe do Morgan fez uma diferenciação entre dois grupos de ações – papéis com potencial de mudança no controle e aquelas sem potencial de mudança no controle.

Sem essa diferenciação, o portfólio do BNDES teve valorização de 17% em moeda local nos últimos 5 meses enquanto o MSCI Brazil subiu 19%. Ao separar entre dois grupos, aquelas ações com perspectiva de mudança de controle subiram mais de 100% desde outubro, enquanto o grupo de companhias sem essa perspectiva tiveram modesto avanço de 11% no mesmo período. 

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O grupo de ações com uma mudança de controle em potencial é formado pela federal Eletrobras (ELET3;ELET6), além das mineiras Cemig (CMIG4) e Copasa (CSMG3). As ações ordinárias e preferenciais subiram mais de 50% na moeda local nestes últimos 5 meses e lideram a performance do portfólio do banco de fomento. 

Dentre as três ações, o Morgan Stanley tem preferência pelas estatais mineiras, com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) para as duas companhias.

No caso da Cemig, os analistas esperam que a ação da companhia atinja os R$ 20 em um cenário de privatização. Eles apontam que a operação seria importante para a melhora das contas públicas, mas iria requerer uma mudança na lei estadual ou um referendo. Já no caso da Copasa, ela poderia atingir R$ 85 em caso de mudança de controle. Além disso, o mercado tem que ficar atento à possibilidade de que a Medida Provisória 868 – publicada por Michel Temer e que altera o marco legal do saneamento básico – vire lei. Essa medida pode facilitar a privatização de empresas públicas do setor. 

Por fim, os analistas possuem recomendação underweight (exposição abaixo da média do mercado) para as ações PN da Eletrobras. Eles apontam que um cenário extremo de alta refletiria uma potencial privatização, na qual a ação poderia alcançar os R$ 51. Contudo, ainda faltam detalhes de como será a operação. 

Por outro lado, são cerca de 20 as empresas que não apresentam perspectiva de mudança de controle e, entre os destaques, estão os papéis da Linx (LINX3), Copel (CPLE6), tanto ordinárias quanto preferenciais, JBS (JBSS3), Light (LIGT3) e Ouro Fino (OFSA3), que subiram mais de 50% nos últimos 5 meses e lideram a performance do grupo. 

Dentre elas, ao calcular por uma perspectiva da relação entre preço sobre lucro e preço sobre o valor contábil do grupo, há quatro empresas que o Morgan avalia como mais atrativas em termos de valuation: Embraer (EMBR3), AES Tietê (TIET11), Marfrig (MRFG3), Klabin (KLBN11) e JBS (JBSS3), sendo negociadas a um desconto em relação à média histórica dos últimos cinco anos. 

Por outro lado, MRV Engenharia (MRVE3), Linx e Petrobras (PETR4) parecem ser as menos atrativas, uma vez que essas 3 empresas atualmente negociam com prêmios em relação às suas médias históricas de 5 anos.

No entanto, os estrategistas do Morgan reforçam que os investidores devem comprar essas ações durante as operações de block trade. A expectativa é de que haja uma grande entrada de ações no mercado, gerando um overhang (ou excesso de liquidez). Porém, passado esse movimento, algumas ações que estão na carteira do BNDES podem representar uma boa oportunidade.

Confira a carteira de ações do BNDES, de acordo com posição de 30 de setembro de 2018 (última carteira disponibilizada em 30 de setembro de 2018):

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.