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Enquanto consumidores ao redor do mundo se apressam para aproveitar os descontos da Black Friday em produtos variados, investidores no mercado financeiro também têm observado boas oportunidades na bolsa de valores. Com a proximidade do fim do ano, a temporada de promoções estende-se além do varejo tradicional, atingindo ações de empresas cujos preços recuaram recentemente, mas apresentam potencial de recuperação.
Nos últimos meses, diversos fatores, como a alta do dólar, oscilação nos preços de commodities e incertezas políticas globais, contribuíram para a queda no valor de algumas ações, deixando-as mais atrativas para investidores. Entre os destaques no radar, empresas do setor de saneamento, petróleo, consumo cíclico e financeiro, segundo especialistas, têm mostrado grande atratividade.
Companhias como Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4) têm apresentado resultados fortes, superando expectativas neste ano, enquanto seus papéis seguem negociados com descontos expressivos em relação aos fundamentos, observa o operador de renda variável da Manchester, Brayan Campos.
Outro destaque é a Petrobras (PETR4), e empresas de saneamento, que atrai investidores pela estabilidade e previsibilidade de receita. Já no consumo cíclico, Campos diz que empresas enfrentam desafios maiores, mas podem representar boas oportunidades para quem busca ativos descontados e com potencial de valorização.
Identificar boas oportunidades no mercado de ações exige uma análise detalhada dos fundamentos financeiros e operacionais das empresas. Avaliar indicadores como geração de caixa, saúde financeira e crescimento sustentável é imprescindível para investidores que buscam construir uma carteira de longo prazo. Além disso, a comparação entre o preço atual dos ativos e seus dados operacionais pode revelar se uma ação está descontada e, portanto, atrativa para compra.
Para Campos, o momento de volatilidade pode ser transformado em vantagem por quem adota uma visão estratégica. “O investidor de longo prazo deve observar sempre a saúde financeira da companhia, sua capacidade de geração de caixa e o crescimento sustentável. Essas são as bases para mitigar riscos em um cenário de oscilações. A volatilidade do mercado, na verdade, traz as melhores oportunidades para quem sabe onde procurar”, explica.
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Ele reforça que a análise fundamentalista é indispensável para identificar ações com potencial de valorização: “Comparar o preço atual dos ativos com seus fundamentos operacionais é uma maneira eficiente de determinar se o ativo está descontado e, portanto, se vale a pena o investimento”, completa. Essa abordagem permite que investidores aproveitem cenários de incerteza para adquirir ativos de qualidade, apostando no potencial de recuperação e valorização no médio e longo prazo.
Como identificar ações atrativas
Bruna Sene, analista de renda variável da Rico, reforça que para identificar ações descontadas na Black Friday os investidores devem observar os resultados financeiros das companhias e compará-los com períodos anteriores e com concorrentes do mesmo setor. Indicadores como crescimento de receita e lucros, margens operacionais, endividamento e alavancagem são fundamentais para essa avaliação.
Além disso, é necessário contextualizar a queda no preço das ações em relação ao cenário geral. Entender se a pressão sobre os preços é causada por fatores econômicos amplos, que afetam todo o mercado (top down), ou se está ligada a problemas específicos da empresa, ajuda a evitar equívocos na análise.
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Oportunidades e precauções na Black Friday da Bolsa
A possibilidade de adquirir ações de empresas sólidas a preços descontados surge como uma oportunidade valiosa para investidores atentos. Porém, os analistas alertam para a necessidade de separar eventuais armadilhas de verdadeiras oportunidades de compra. Distinguir entre quedas temporárias e problemas estruturais ajuda a preservar o desempenho da carteira no longo prazo. Uma análise cuidadosa é o que garante identificar boas oportunidades no mercado atual.
De acordo com o especialista em educação financeira Eduardo Amarante Amarante, é essencial que os investidores considerem diversas métricas ao avaliar se uma ação está de fato subvalorizada. Entre as principais estão o P/L (preço sobre lucro), o P/VPA (preço sobre valor patrimonial) e o fluxo de caixa descontado. Essas ferramentas servem para identificar o “preço justo” de uma ação, ajudando a determinar se ela está negociada abaixo de seu valor real.
Além disso, Amarante enfatiza a importância de comparar essas métricas não só com o histórico da própria empresa, mas também com outras do mesmo setor. “Essa comparação ajuda a entender o posicionamento da empresa no mercado e determinar se a queda no preço é justificada por questões específicas ou se, na verdade, representa uma boa oportunidade de compra”, explica.
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Em relação aos riscos envolvidos na compra de ações que aparentam estar com preços atrativos, o especialista alerta que esse movimento pode ser arriscado. “Uma queda no preço pode ser reflexo de problemas mais sérios, seja na própria empresa ou no setor em que ela atua. Por isso, é essencial realizar uma análise cuidadosa antes de tomar qualquer decisão de investimento”, ressalta Amarante.
Mas há outro alerta: este ano, o mercado financeiro enfrenta desafios com movimentos nos fundos de investimento que afetam o desempenho das ações. Até agosto, os fundos de crédito privado no Brasil registraram entradas potentes de R$ 304 bilhões, enquanto os fundos multimercado enfrentaram saídas de R$ 145 bilhões. Esse fluxo de capital cria pressão sobre os gestores de fundos de ações, que, em alguns casos, são forçados a vender ativos a preços baixos para atender a resgates, afetando momentaneamente os preços das ações.
É por isso que Bruna Sene, analista de renda variável da Rico, trabalha com a tese de que esse cenário nem sempre reflete problemas nos fundamentos das empresas. “Os investidores não vendem suas ações apenas por causa de dificuldades nas companhias. Fatores como o cenário econômico, objetivos individuais e a busca por oportunidades mais atrativas influenciam essas decisões. Há empresas com bons fundamentos que estão sendo negociadas abaixo de seus múltiplos históricos, apresentando ótimas oportunidades para quem busca valor”, diz.
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Em períodos de instabilidade econômica, fatores externos podem influenciar o mercado de forma generalizada. Para mitigar esses riscos, o investidor deve buscar diversificar sua carteira e se concentrar em ações que, além de serem bem avaliadas, se alinhem ao seu perfil de risco e objetivos financeiros.
Quanto ao impacto do cenário macroeconômico, especialmente a alta de juros e a inflação, os especialistas dizem que essas condições afetam diretamente o comportamento dos investidores, a alta dos juros torna o crédito mais caro e menos acessível, afetando negativamente a saúde financeira das empresas.