A decisão da China que derrubou o Bitcoin hoje e por que isso não é uma má notícia

Governo chinês anunciou a proibição de ICOs e acabou afetando praticamente todas as criptomoedas existentes

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Todo rali em algum momento passa por alguma correção, mas o que ninguém esperava é que a queda do Bitcoin ocorreria por conta de uma notícia vinda de um dos maiores mercados de moedas digitais do mundo. O governo chinês anunciou nesta segunda-feira (4) a proibição da realização dos chamados ICOs (Oferta Inicial de Moedas, na sigla em inglês), afirmando que a prática constituía captação ilegal de recursos.

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O Banco Popular da China informou que concluiu as investigações a respeito dos ICOs, e disse que punirá com rigidez as ofertas no futuro e que penalizará as violações legais ocorridas nas ofertas já concluídas. O banco central afirmou que aqueles que já captaram recursos devem oferecer reembolsos, mas não especificou como o dinheiro seria devolvido aos investidores.

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Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o bitcoin era negociado com queda de 6,12%, a US$ 4245 – se distanciando das mínimas do dia. Em reais, a moeda recuava 3,60%, para R$ 17.499. Outras moedas, como o ethereum, recuava 12,30%, no mesmo horário, a US$ 300,90, enquanto o Litecoin caía 14,28%, cotado a US$ 65,89.

ICOs são, muitas vezes, comparados com IPOs de ações, mas também têm características de um crowdfunding, e são feitos com moedas virtuais baseadas no sistema de blockchain do ethereum. Diferente de um IPO tradicional, os investidores de um ICO recebe tokens virtuais — como minimoedas criptografadas — únicas da empresa emissora ou de sua rede.

Amplamente vistos como uma forma de evitar os fundos de capitais de risco e os bancos de investimentos, eles têm chamado cada vez mais a atenção dos bancos centrais, que enxergam nessa tendência incipiente uma ameaça ao seu reinado, segundo mostra a Bloomberg.

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Havia 43 plataformas de ICO na China em 18 de julho, segundo relatório do Comitê Nacional de Especialistas em Tecnologia de Segurança Financeira da Internet. 65 projetos de ICO haviam sido concluídos, informou o comitê, e levantaram 2,6 bilhões de yuans (US$ 398 milhões). Nos últimos 12 meses, houve um forte crescimento nos ICOs, com captação total de US$ 1,6 bilhão.

Apesar desta proibição de ICOs não estar relacionada diretamente com o Bitcoin, a notícia acaba afetando toda a comunidade de criptomoedas. É inevitável que uma notícia negativa acabe trazendo uma maior pressão para todas as outras moedas.

“Uma maré crescente levanta todos os barcos, mas o contrário também é verdade – com a notícia geralmente ruim reverberando em todo o ecossistema”, disse Charles Hayter, executivo-chefe e fundador do site de comparação de moeda digital CryptoCompare, para a CNBC. Porém, o especialista destacou que os efeitos de longo prazo desta regulação tendem a ser positivos, já que ajudará a separar o “joio do trigo”.

Durante o fim de semana, a moeda já tinha começado uma realização após atingir sua nova máxima histórica de US$ 5.000. Fran Strajnar, co-fundador e CEO da empresa de pesquisa e dados Brave New Coin, disse à CNBC que esta queda é provavelmente apenas uma realização de lucro pelos investidores.

“É provável que haja alguma tomada de lucro desde que atingiu os US$ 5.000, mas a quantidade de capital fresco que continua a entrar sugere que este não é o início de uma inversão de tendência”, afirmou o especialista.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.